Florbela e o primeiro marido, Alberto Moutinho. Foram casados entre 1913 e 1921
António Guimarães, o segundo marido, com quem Florbela esteve casada entre 1921 e 1925
O terceiro marido, Mário Lage. O casamento durou de 1925 até 1930, ano em que Florbela se suicida.
Apeles Espanca, o irmão mais novo de Florbela, a quem é dedicado o ''Livro de Mágoas'' (1919). Apeles morre em 1927. Florbela escreve, em sua memória, o livro de contos ''As Máscaras do Destino'', editado postumamente em 1931.
usamos nalgumas coisas uma violência simples isso é romper os símbolos que envidraçam o resto mas parte quem amamos quando os dias se movem e se escolheu os limites para a pele aderir no fundo de nós mesmos omitem-se tais coisas e criam-se ficções, defesas, crueldades dos jogos da aparêcia (à vista nos perdemos) e movem-se nos dias seus múltiplos contrários e contudo se movem se quem amamos fere e o faz de razão fria ou esquecidamente e a alegria se torna um torpe imaginário quem muito amamos mata: vai-nos desinventando
Se houve banda que, a meu ver, mudou o rock irreversivelmente, essa banda foram os Nine Inch Nails (Talvez não devesse falar no plural, uma vez que se trata de uma one-man-band.). O lançamento, em 1989, de 'Pretty Hate Machine' é um acontecimento muito mais importante do que muitas vezes nos lembramos. Antes de Marilyn Manson, que traria também algo de muito novo ao género, Trent Reznor conseguiu, sozinho, assimilar toda a história do rock e subvertê-la de uma forma que o deixou, por assim dizer, orgulhosamente só num lugar cujo impacto está ainda por apurar. As experiências de bandas que, goste-se ou não, fizeram a história deste género e dos mais próximos (Penso nos Joy Division, nos Guns'n'Roses, nos Slayer, nos The Doors, nos Faith No More, etc.) parecem ter sido condensadas por Reznor que, por um lado, as continua e, por outro, se recusa a continuá-las. A adição da electrónica e do ritmo quase dançável , vindos de tendências aparentemente opostas ao rock, às canções brutas, agressivas e pesadas como que colocava em cena dois actores incapazes de contracenar. Se isto parecia um dramedy improvável, Reznor conseguiu produzir um álbum que, mais do que ficar na história da música, a mudou e, depois de 'Pretty Hate Machine' tem conseguido outros momentos de impressionante arrebatamento, como 'The Fragile' (1999), 'With Teeth' (2005) ou 'The Slip' (2008).
Muitas experiências que, entenda-se, são verdadeiramente originais, não teriam tido, possivelmente, espaço para essa originalidade, se os caminhos não tivessem sido já abertos por Reznor (E por alguns outros depois dele.).
Ocorre isto para falar dos Tame Impala, especificamente do álbum 'Lonerism', lançado no final de 2012. O álbum anterior, 'Innerspeaker' (2010) mostrava-nos a tendência algo psicadélica da música da banda australiana e o uso da electrónica remontava discretamente aos NIN, sem no entanto a glosar.
Em 'Lonerism', a inclinação para a electrónica desconcertante a soar no meio das guitarras não desaparece. Pelo contrário, intensifica-se e acontece de uma forma muito mais equilibrada e inteligente.
Be Above It, que abre o novo álbum, tem algo de ensurdecedor e de confuso, que perpassará para as outras canções. No seu todo, 'Lonerism' leva à letra a palavra psicadélico, tem momentos obsessivos e excessivos, vemos isso em Apocalypse Dreams e em Elephant principalmente, e outros que, sendo mais relaxados, continuam a ter, estranhamente, algo de descosido, de interrompido, como acontece com a canção final, Sun's Coming Up. A estranheza que causa, a início, um álbum dos Tame Impala (Mais ou menos o mesmo acontecia com o anterior.) prende-se com o facto da música dar a impressão de ser construída não com instrumentos nem com voz, mas com uma espécie de patchwork de energias contraditórias que, apesar do seu desequilíbrio intrínseco, combinadas formam canções muito perfeitas.
A própria fragilidade da voz de Kevin Parker, espécie de eco longínquo em que as palavras se vão perdendo e metamorfoseando, parece apontar para a constante desconstrução das canções. Mind Mischief ou Why Won't They Talk To Me? são exemplos dessa desconstrução, uma vez que a própria voz parece vir quase de uma canção diferente
Ao longo de 'Lonerism', as faixas dão a impressão de aparecer e desaparecer umas nas outras. O resultado é que o álbum, longe de parecer a partir de certo ponto mais do mesmo, nos soa como um todo, efectivamente.
Instrumentalmente, esta música vive da bizarra comunicação entre as guitarras estridentes e dos sintetizadores frenéticos, com a bateria e a voz a firmarem ou a fragilizarem essa comunicação. Feels Like We Only Go Backwords será talvez a canção onde esse jogo de atracção/repulsão fica mais à vista.
Todo o álbum parece ser feito não necessariamente de contradições, mas de antagonismos. A própria atmosfera do álbum é melancólica (As próprias letras, escritas pelo vocalista, para isso nos orientam.), mas descontraída. Why Won't They Talk to Me, Keep on Lying ou She Just Won't Believe Me, por exemplo, tratam de assuntos um tanto tristes, mas são tocados com uma sonoridade vaga e relaxada, com longos solos instrumentais que derivam da letra para outras zonas mais delirantes, por assim dizer.
Se em certos momentos nos parece ouvir na música dos Tame Impala alguns ecos longínquos _penso nos Doors, em David Bowie, nos Pink Floyd, nos Faith no More e até, em Elephant (Uma das melhores canções do álbum.) nos Goldfrapp_ a verdade é que, acima de tudo, esta música tem qualquer coisa de inqualificável e de novo.
Em 1989, 'Pretty Hate Machine' foi realmente um acontecimento e, se abriu o caminho aos Nine Inch Nails, abriu também uma série de outros para outros projectos. Os NIN não serão a referência que mais imediatamente nos ocorre, mas o trabalho de articulação entre a electrónica e o rock puro e duro, que os Tame Impala herdam directamente, foi desenvolvido em pleno por Trent Reznor (Uma vez que o glam rock não foi verdadeiramente capaz de levar essa junção ao extremo.).
Mas se 'Lonerism' mostra alguma coisa, é que os Tame Impala podem ter herdado o groundbreaking dos Nine Inch Nails, mas souberam fazer a sua própria música. E fazê-la bem, claro.
A manhã está triste que os poetas românticos de Lisboa morreram todos com certeza Santos Mártires e Heróis Que mau tempo estará a fazer no Porto? Manhã triste, pela certa. Oxalá que os poetas românticos do Porto sejam compreensivos a pontos de deixarem uma nesgazinha de cemitério florido que é para os poetas românticos de Lisboa não terem de recorrer à vala comum.
A eternidade começa na decomposição pessoal. Quando era pequena as galinhas que passavam sem cabeça pareciam dirigir-se a qualquer lado. Iam apressadas na ignorância de que as galinhas mortas estão fora do tempo porque a eternidade só decompõe a alma. Sacrificam-nas pelo pescoço e o sangue espalhado guarda-se numa bacia. Não se serve em cálice, que as galinhas não são crucificadas. Mas graças a ti todos os dias ressuscitam no aviário. Tal como tu, Senhor, elas também não ocupam espaço.
Do single 'Brainstorm' (2007) Letra de Alex Turner e Dizzee Rascal (...) Temptation greets you like your naughty mate, One that made you steal and set things on fire, But one you haven't seen of late. (...)
Antes os mortos hirtos, de pé, por dentro dos ciprestes a beijarem a caveira da lua, do que estes, do que estes a nosso lado na rua. São mortos sem cemitério, mortos da Morte Arrefecida _a quem tiraram todo o mistério para lhe chamarem vida.
Quando em 2011 Tori Amos lançou o seu décimo álbum de originais, 'Night of Hunters' era dificilmente aquilo que se esperaria após 'Abnormally Attracted to Sin' (2009). 'Night of Hunters' consistia numa recriação de várias peças de compositores eruditos, contava uma história com recurso a várias metáforas que existem dentro da música erudita e realçava a cultura de Amos não só enquanto cantora, mas também enquanto compositora e, essencialmente, enquanto artista.
Pouco depois do lançamento desse álbum, Myra Ellen anunciou que, no seguinte, iria gravar canções dos seus trabalhos anteriores em versões sinfónicas. Não pareceu, de todo, pouco natural esta ideia, depois de 'Night of Hunters'.
No final de 2012, chega-nos então 'Gold Dust', que vai buscar o título a uma das mais belas canções de Amos, do álbum 'Scarlet's Walk' (2002), uma canção que, já na sua versão original, era gravada apenas com piano e orquestra.
O álbum é gravado quase inteiramente da mesma forma, contando com a Metropole Orchestra conduzida por Jules Buckley e com os arranjos de John Phillip Shenale e o alinhamento conta com canções de todos os trabalhos de Amos, incluindo o álbum de natal 'Midwinter Graces' (2009), mas não 'The Beekeeper' (2005).
O alinhamento será, para aqueles que conhecem bem o percurso de Amos, talvez aquilo que nos deixa mais reticentes em relação a 'Gold Dust'. Se a música de Tori sempre teve assumidamente uma herança da música erudita, particularmente a barroca, a verdade é que nalgumas canções isso era mais notório do que noutras. O que acontece é que a maioria destas canções são precisamente aquelas onde a presença erudita e a vertente sinfónica eram mais claras, como é o caso de Jackie's Stenght, Cloud on My Tongue, Gold Dust, Winter, Marianne, Girl Disappearing ou de Flavour que, aliás, foi escolhida para apresentar o álbum. São mais raras as canções em que essa presença era menos nítida, como Precious Things, Flying Dutchman ou Programmable Soda. Por um lado, podemos achar talvez demasiado imediatista a escolha que Amos faz, dentro do seu trabalho. Gravar canções como Professional Widow, Raspberry Swirl, Teenage Hustling, You Can Bring Your Dog ou Give teria sido muito mais ousado e, provavelmente, teria causado em nós uma efeito muito mais exacerbado.
No entanto, logo que começamos a ouvir o álbum, percebemos que talvez não seja exactamente assim. As canções, apesar de já conhecidas, tem uma aspereza e uma atmosfera pesada que não teríamos, possivelmente, ouvido tão imediatamente nas versões originais. O facto é que estas versões sinfónicas realçam as emoções mais negras das canções, elas tornam-se grandiosas e angustiadas. Dessa perspectiva, entende-se melhor a selecção que Amos fez do seu trabalho: se imaginarmos as canções que usei como exemplo acima, ou outras dentro do mesmo género, refeitas desta forma, elas perdem o sentido original para ganharem outro sentido que não faz, por assim dizer, muito sentido.
Exemplo máximo disto será talvez a versão de Gold Dust, em que o esquema instrumental quase não é alterado, mas que soa, aqui, como um lamento fortíssimo que nos deixa derrotados. Imagine-se o efeito que uma roupagem destas teria, por exemplo, em You Can Bring Your Dog, e percebe-se como, efectivamente, o que motivou a escolha de Amos foi a inteligência mais do que o desejo de surpreender.
Tal como acontecia com 'Night of Hunters', este álbum funciona mais como um todo do que como um conjunto de peças individuais. Já desde 'American Doll Posse' (2007) que Tori começou a fazer uso das capacidades teatrais que teve sempre, e nos últimos dois álbum, isso é tanto mais importante. A verdade é que nunca canções como Cloud on my Tongue, Precious Things ou Winter tiveram tanta corpulência quanto têm nestas novas versões. Se estes momentos mais melancólicos são ocasionalmente interrompidos, a verdade é que canções como Flying Dutchman, Programmable Soda ou Snow Cherries From France, parecendo momentos mais cómicos, funcionam mais como forma de balanço e não se pode dizer que 'Gold Dust' tenha propriamente um lado mais animado. Nada contra, entenda-se. Este é um álbum triste e depressivo, e o que interessa verdadeiramente é se o é com qualidade. Parece ser o caso. 'Gold Dust' é, em quase todos os seus momentos, arrebatador e resplandecente. Por exemplo Star of Wonder, que à partida não seria mais do que uma canção de natal, acaba resultando perfeitamente, ao ponto em que nos esquecemos que é uma canção de natal e passa a ser mais um capítulo da história que aqui é contada.
A voz de Amos continua perfeita, muito à vontade nas canções mais pesadas precisamente e as suas capacidades como pianista estão, agora, mais claras, até pelas características da música que está a fazer. Aliás, ao ouvir 'Gold Dust', parece ocorrer-nos que é até estranho que Tori Amos nunca tenha gravado antes um álbum deste género, uma vez que parece tão à vontade e tão favorecida pelo estilo deste trabalho.
O envolvimento da pianista com uma série de projectos mais ligados ao teatro e a espectáculos de música erudita parecem, de certa forma, tê-la afastado um pouco da composição de novos originais dentro do estilo que, por agora, termina em 'Abnormally Attracted to Sin'. Por outro lado, a sua música, ao intelectualizar-se, parece estar agora a explorar as próprias raízes (É um exercício interessante ouvir este álbum em face do primeirinho 'Little Earthquakes'.) e não se pode dizer que os resultados não estejam à altura. Pelo contrário, 'Gold Dust' causa o efeito que causam sempre os álbum de Amos, que é a vontade de ouvir repetidamente.
Do álbum 'Thirteenth Step' (2003) Letra de Billy Howerdel e Maynard James Keenan (...) Mistook their nods for an approval Just ignore the smoke and smile
Call it aftermath, she's turning blue Such a lovely color for you (...)
Do álbum 'O Mistério' (2012) Letra de Teresa Salgueiro (...) Ocupa o teu espaço Um lugar nesta dança E com paciência Imprime a urgência Promove a mudança
Todos somos igualmente sós Pouco a pouco vais saber quem és (...)