segunda-feira, 22 de abril de 2013

Canção para o dia igual






















maria pobre de corpo
não tem mãos

ainda agora nasceu
não tem mãos

maria pobre de corpo
não tem cabelos

viajam no vento as tranças
com selos de nostalgia

maria pobre de corpo
entorna os braços pelo dia

longo ritmo de sede
e vida maria

Luiza Neto Jorge
A Noite Vertebrada
1960, ed. autora, col. A Palavra
desenho de Daniela Gomes

sábado, 20 de abril de 2013

Quasi vas auri solidum...


Un maître dit: Si tout intermédiaire entre moi et le mur était supprimé, je serais près du mur, mais je ne serais pas dans le mur. Il n'en est pas ainsi pour les choses spirituelles car l'un est toujours dans l'autre: ce qui reçoit est [identique] à ce qui est reçu, car il ne reçoit rien que lui-même. C'est subtil. À qui le comprend, on a suffisamment prêché. Cependant, un mot sur l'image dans l'âme.
Beaucoup de maîtres prétendent que l'image est issue de la volonté et de la conaissance. Il n'en est pas ainsi. Je dis bien plutôt que cette image est une expression d'elle-même sans volonté et sans connaissance. Je vais vous en donner une comparaison. On place un miroir devant moi; que je le veuille ou ne le veuille pas, sans ma volonté et ma connaissance, je me reflète dans le miroir. Cette image ne provient pas du miroir, elle ne provient pas non plus d'elle-même, l'image provient bien plutôt de ce dont elle tient son être et sa nature. Quand le miroir qui était devant moi est enlevé, je ne me reflète pas plus dans le miroir, car je suis cette image elle-même.
Encore une autre comparaison. Quand une branche jaillit d'un arbre, elle porte le nom et l'être de l'arbre, ce qui sort est [identique] à ce qui demeure à l'intérieur et ce qui reste à l'intérieur est [identique] à ce qui sort. Ainsi la branche est une expression d'elle-même.
Je dis absolument de même pour l'image de l'âme. Ce qui sort est [identique] à ce qui reste à l'intérieur et ce qui reste à l'intérieur est [identique] à ce qui sort. Cette image est le Fils du Père et je suis moi-même cette image et cette image est [la sagesse]. Que Dieu en soit loué maintenat et toujours. Amen. Que celui qui ne comprend pas ne s'en soucie pas.

Eckhart von Hoccheim
trad. Jeanne Ancelet- Hustache
Sermons (vol.1)
2003, ed. Points (Sagesses)
fotografia de Ralph Eugene Meatyard

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Lamb: Hearts and Flowers


Letra de Lou Rhodes e Andy Barlow
Do álbum 'Between Darkness and Wonder' (2003)

(...)
Sometimes I'm so alone
Even in your arms
Like each of us keeps a little wall
Inside our hearts
(...)

terça-feira, 16 de abril de 2013

Dois poemas de Eduarda Chiote


NA MORTE ESTÁ DOENDO INCRIVELMENTE

Vontade de ter perdido a vontade,
acabei por me enfiar por um corredor à minha procura,
a enfermaria usava nesse dia chinelos azuis e bata da mesma cor,
emocionei-me com os meus passos
no céu
e desejei que as seringas me recusassem as veias: a porta do quarto 
                                                       [entreaberta sorriu-me
como se ela mesma tomada de espanto
me garantisse nada é tão terrível como imaginas,
evadiste-te.
E já nem os teus
órgãos _em tempestade. O vidro do soro balançava no vazio
como quando as minhas palavras gota
a gota.
Quero agora esquecer que há poemas com muitas receitas,
contas por pagar,
unhas que se esgotam
nos dedos; páginas separadas do livro _são as contingências,
as contingências.
Nada pode ser assim tão ruim: tive alta, mas aqui,
na morte,
está doendo incrivelmente.
«A vida corrói mesmo»,
é uma iniquidade, uma iniquidade: tornei-me tão
insuficiente
que se ninguém
aparecer
não tem importância nenhuma.
Só te peço que guardes de mim uma pequena recordação, pois nela
permaneceremos: a tua escrita e a minha
autobiografia


O POTENCIAR DO REAL

Fica em silêncio. Escuta. Ouve o que te digo.
Não duro sempre. Não duro
sempre. Hoje, vi um morto. Constatei
caber dentro dele: o cancro (observei-o do caixão)
foi o seu melhor amigo: o único que sofreu
a mesma dor.

Órgãos Epistolares
2011, ed. Afrontamento
fotografia de Peter Hujar

Naufrágio


No fundo do mar,
perdidos,
estão os sonhos,
dia a dia, inutilmente, dobados.
Carne de medusa,
lacerada pelos corais,
oculta entre as algas,
quem poderá sabê-los?
ou encontrá-los?

Luísa Dacosta
A Maresia e o Sargaço dos Dias
2002, ed. Asa
pintura de Luis Caballero

quinta-feira, 11 de abril de 2013

'Modo Mudando' de Vasco Graça Moura, 50 anos depois

A par de um percurso literário bastante intensivo, em particular na poesia, Vasco Graça Moura tem sido conhecido também, ou nalguns casos principalmente, pela sua participação na política portuguesa e pelo seu trabalho ligado a várias instituições como a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, a Gulbenkian e, mais recentemente, o CCB, entre outras.
Da sua bibliografia, poder-se-iam destacar vários títulos, mas a atenção, por norma, recai sobre livros como ‘A Furiosa Paixão Pelo Tangível’ (1987), ‘Uma Carta no Inverno’ (1997), ‘Poemas Com Pessoas’ (1997) ou ‘Laocoonte, Rimas Várias, Andamentos Graves’ (2005), livros mais recentes para um autor que publica os seus primeiros livros a partir do princípio da década de 60.
Uma leitura de livros mais recentes de Vasco Graça Moura revela-nos alguns fios condutores na poesia do autor: uma reinvenção das estruturas clássicas, a utilização simultânea de léxicos eruditos e quotidianos, o diálogo constante com as artes plásticas e a música, o rigor rítmico, a preocupação política e um jogo obsessivo com o real, que passa pela sua transformação, pela sua reinvenção e pelo processo denso e complexo que liga o real ao poético.


Em 2013 assinalam-se os 50 anos de produção literária de Vasco Graça Moura, assinalados tanto pela edição em dois volumes da sua ‘Poesia Reunida’ como pelo livro de ensaios ‘Discursos Vários Poéticos’. Será uma boa ocasião, talvez, para revisitar o primeiro livro do autor, ‘Modo Mudando’, cuja primeira edição, do autor, de 1963, é recordada num dos melhores poemas de ‘O Concerto Campestre’ (1993).
‘Modo Mudando’ é um conjunto de 40 poemas (38 dos quais estão presentes no primeiro volume da ‘Poesia Reunida’.) que abrem com uma citação de T.S. Elliot:

So here I am (…)
(…)
Trying to learn to use words (…)

ideia que é talvez tutelar neste primeiro livro. Tutelar porque, dela, se podem extrair dois conceitos básicos, ambos muito presentes nestes poemas: por um lado as palavras, enquanto elementos específicos de valor próprio, e, por outro, as experimentações com esses elementos e com os seus valores.
Os poemas, ora longos e torrenciais, ora breves e contidos, contêm imagens fortes e contundentes que se conseguem, essencialmente, pelo isolamento de certas palavras, que ficam como que suspensas num verso, ganhando significação própria e, com ela, um poder transformador sobre a imagem de que falam.

imprevista   magnética
elástica
             como novelos
surgiste com novo ser
do sábio jogo dos membros

lemos em a contorcionista. Outro exemplo deste isolamento transformador pode encontrar-se em tu, entre poemas:

refluem como alíseos    ou gaivotas
esvoaçam como folhas    ou cabelos

lisos   ovais   a seixos
se assemelham

Neste aspecto, a poesia de Graça Moura nos pareceria, em 1963, perfeitamente alinhada com as experiências do ‘Poesia 61’, bem como com as experiências que, na década de 50, surgiram com o Surrealismo e a Poesia Concreta. No soneto nova meditação sobre a palavra, encontramos esta ideia que pode confirmar essa herança

assim a palavra se prestasse
ao jade    ao jogo    ao jugo de uma toda
arte poética e nunca ripostasse
em golpes repentinos de judoka

assim nunca o poema se traísse
na trama aleatória de uma aposta
perdida    no seu hábil mecanismo
traria o juro ao artesão que o monta

                trata-se, de facto, de uma herança e não de uma filiação. Isto porque a poesia de Graça Moura, nesta altura ainda em fase inicial, parece aceitar uma certa estranheza e a justaposição de imagens e linguagens aparentemente opostas, mas sabe evitar os excessos em que muitas vezes caíram as experiências da poesia Surrealista e, talvez mais ainda, da Concreta. Ao longo de ‘Modo Mudando’ sente-se vários ecos mais eruditos, não só através da reincidência na forma do soneto, como também numa série de pequenos detalhes em que há uma espécie de piscar de olhos a um certo classicismo (Exemplo disso são poemas como para a poesia da água guardada, still life and da vinci ou mordaz mordendo.). Este conhecimento profundo da história da poesia, que haveria de proporcionar livros tão impressionantes como ‘Quatro Sextinas’ (1973), as ‘Sequências Regulares’ (1978) ou os ‘Sonetos Familiares’ (1995) só para citar os exemplos mais evidentes, é precisamente aquilo que impede Vasco Graça Moura de, nestes poemas, se deixar levar pelo erro do non-sense abstracto que votou ao fracasso as experiências de vários autores nas correntes já citadas.


                Anos depois deste livro, em um cão para pompeia do livro ‘A Furiosa Paixão Pelo Tangível’, diz o autor, com refrescante ironia:

«você é um cerebral», disse-me cloé, flava e enervada.
«sim», disse-lhe eu com prudência, «mas há tantos,
e o amor e a morte sempre foram pensáveis».

e é interessante constatar como, no primeiro livro, estes princípios são já notórios. Já nestes primeiros poemas, Graça Moura, ainda que por vezes apaixonado, se revela também extremamente cerebral e, diga-se, também bastante irónico por vezes. Não falta a ‘Modo Mudando’ uma carga emotiva (Leia-se um poema como substância.), mas a todo o momento ressalta dos poemas uma carga intelectualizada, muitas vezes conseguida através da aspereza das próprias palavras que tornam a leitura quase agreste, e também uma carga algo sarcástica, uma espécie de desvio em relação àquela emotividade, quando esta parece prestes a aproximar-se do sentimentalismo (O caso do poema to a murdered girl é um dos mais claros.).
Para finalizar esta nota, penso que seria interessante pensar no poema inaugural de Graça Moura, chamado precisamente poema,

silenciosamente aproximo-me do poema
circundo-o duma palavra     faço nela
uma incisão deliberada

e exponho a ferida ao ar sem protegê-la
para que infecte e frutifique

de resina   ainda com gosto a papel húmido
o poema cresce    ramifica-se
comovidamente do cerne para a casca
inteiro    liso    adstringente   sinuoso

mas
todo o poema é perfeitamente impuro

funciona como uma espécie de arte poética cujos princípios são ainda os da poesia do autor, mesmo da mais actual que, afinal, tão distante parece estar deste primeiro livro. No entanto, nestes poucos versos, está presente a ligação do real com a escrita poética, a infecção que esta sofre e que vai ampliá-la, e essa impureza que faz parte do poema e cujos sentidos parecem variar de texto para texto mas que, no geral, parece ser um símbolo de como o poema se encontra entre duas realidades: uma a do real propriamente dito e outra a do real poético. Impuro, o poema pode ser, então, o lugar entre os dois, que nos permite oscilar de um para o outro. Não nos esqueçamos que, ao infectar, a ferida que vem do poema frutifica, enriquece-nos.

sábado, 6 de abril de 2013

Dalida: Il Pleut Sur Bruxelles



Do álbum ''Olympia 81'' (1981)
Letra de Jeff Barnel

(...)
Et puis y a les Flamandes
Qui n'oublient rien du tout
De Vesoul à Oostende
On s'habitue, c'est tout
Seules Titine et Madeleine
Croient qu'il est encore là
Elles vont souvent l'attendre au tram 33

Mais lui il s'en fout bien
Mais lui il dort tranquille
Il n'a besoin de rien
Il a trouvé son île
Une île de soleil et de vagues de ciel
Et il pleut sur Bruxelles

(...)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

[ponho palavras onde vou morrer]


ponho palavras onde vou morrer
e estremeço porque a vida se dissipa
como água derramada no soalho

entre muitas outras coisas escrever
é procurar nos confins

além tempo e sucessão de espaços
a demorada nomenclatura do efémero

Miguel-Manso
Aqui Podia Viver Gente
2012, ed. Primeiro Passo
fotografia de Helena Almeida


quarta-feira, 3 de abril de 2013

O ministo, o empreendedor, a palestra dele e os perigos dela

Perante problemas financeiros graves num país, a maioria das pessoas reage com pessimismo e derrotismo. Há manifestações, greves, trocas mais pacíficas ou menos de opiniões, a procura de culpados que invariavelmente saem impunes (Isto, pelo menos, em Portugal.), uma camada numerosa abandona o país, havendo os que planeiam regressar e aqueles que não.
No meio de tudo isto, há sempre aqueles que se afirmam com um discurso que contraria o da maioria, argumentando contra o derrotismo, numa atitude infinitamente positiva que, bem vistas as coisas, é por demais conveniente tanto aos Governos pouco interessados em melhorar a vida das pessoas, como aos responsáveis verdadeiros dos dramas monetários que fizeram abater-se sobre a população, mas pelos quais não são assim tão prejudicados.
Hoje, no P3, Sofia Rodrigues escreve um texto intitulado Miguel Gonçalves, o ''embaixador'' que Relvas conheceu no YouTube. Como o esclarecedor título mostra, Miguel Relvas, Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, encontrou um ''embaixador'' para a iniciativa Impulso Jovem.
Miguel Gonçalves, é, segundo o artigo, ''fundador de uma empresa de criatividade especializada na criação de soluções de comunicação interna'' (Seja isso o que for.), que Relvas conheceu através de um vídeo no YouTube (Este.) filmado no TEDxYouth em Braga.
Aparentemente o discurso empreendedor e positivo de Gonçalves seduziu o ministro, que o achou adequado a ser, gratuitamente, o rosto da iniciativa que pretende combater o desemprego entre os jovens.
Que sedutor discurso é este? É um discurso proferido por uma figura um tanto caricata, com um sotaque acentuadíssimo do norte, que consiste em meia hora de power positive thinking pejado de estrangeirismos, insistindo com os jovens para que tenham uma atitude empreendedora, histriónica, destemida e que, acima de tudo, se deixem de lamúrias e de reclamações (Imitando ambas num tom bastante jocoso.). O que tem este discurso para o tornar adequado a dar a cara pelo Impulso Jovem? 
Tem tudo, evidentemente. Quando Miguel Gonçalves afirma que no admirável mundo do negócio, o que interessa é dar tudo pela empresa, chegando mais cedo e saindo mais tarde, está a negligenciar o facto de que, as mais das vezes, tratando-se ainda por cima de jovens trabalhadores, as empresas procuram essencialmente alguém a quem explorar. Assim, o discurso de Gonçalves parece, até certo ponto, incentivar os jovens trabalhadores a sentirem a alegria de serem explorados. 
Há também um certo pendor de vitimização das empresas no discurso deste ''empreendedor''. Interessa aquilo que as empresas querem, o que precisam? Concerteza que interessa, visto que são elas, aqui, que vão empregar os candidatos. No entanto, neste discurso, Miguel Gonçalves aprova o facto das empresas preferirem aqueles que, mesmo menos capacitados, têm uma atitude positiva e servil face ao empregador, o que é não só desvalorizar por inteiro a competência real de um candidato para determinado trabalho; como, por outro lado, um incentivo à falta de consciência ética e social de uma empresa. Isto, porque o facto das empresas serem detentoras de uma grande quantidade de dinheiro e, consequentemente, do poder de dar empregos, deveria significar para essas empresas uma responsabilidade dessas ordens _ética e social_, em vez de, como acontece na verdade, aumentar apenas a ganância e a prática da exploração daqueles que dependerão delas e que é uma forma de enriquecer as empresas e sugar os trabalhadores.

Actuação de negócio, se pegarem na palavra, só significa ''a tua acção'', a tua, não é do Governo, não é da troika nem do FMI, nem das Universidades, nem das empresas grandes ou pequenas, é tua, está em ti o locus de causalidade. Isto é o que nós estamos a perceber, cada um de nós tem o poder para actuar e agir e controlar o seu posicionamento no mercado. Há muita gente a fazer as perguntas erradas.
diz Gonçalves, a cerca de oito minutos do seu discurso. Uma ideia interessantíssima que deposita no próprio trabalhador recém-licenciado a responsabilidade e a capacidade de entrarem no mercado de trabalho e serem bem sucedidos. Mas o ponto essencial aqui, que talvez passe despercebido, é o facto de se retirar do Governo e das empresas a responsabilidade de viabilizar sequer essa entrada. Dizer que depende apenas do trabalhador assegurar um trabalho é isentar de culpa o Governo, ou os vários Governos que, de várias formas, permitiram o afundamento das finanças numa dívida cujo pagamento afecta muito mais o cidadão comum do que aqueles que causaram essa dúvida; e isentar de responsabilidades as empresas. O problema de Portugal nunca foi faltar trabalho foi, isso sim, a falta de dinheiro para pagar esse trabalho, ou a falta de vontade de gastar esse dinheiro. É um facto que, neste momento, as empresas têm sabido aproveitar as dificuldades dos jovens em encontrar emprego para os contratarem em condições miseráveis e, pior ainda, sem qualquer perspectiva de alguma vez conseguirem trabalhar noutras condições.
Isto tudo, para nem referir o facto de, para Miguel Gonçalves, serem de longe muito menos importantes a competência e a preparação do que a capacidade de um indivíduo para se vender a si mesmo.
Um sujeito como Miguel Gonçalves é a água perfeita para o Governo e as empresas lavarem as mãos da sua responsabilidade de criar emprego, de criar condições de emprego e de, de uma vez por todas, entenderem que o dinheiro deveria trazer consigo uma série de obrigações. Incentivar os jovens a terem uma atitude positiva face à exploração não diminui a exploração nem melhora a vida de ninguém.
Devíamos parar de nos queixar? Talvez. Mas de certeza que a melhor atitude para substituir a queixa não é a subserviência disfarçada de empreendedorismo. A atitude de Miguel Gonçalves pode ser a melhor para a situação em que vivemos, mas só conduz ao perpetuar dessa situação. Criticar essa situação, incitar os jovens a revoltar-se contra ela, a procurar mudá-la a todo o custo seria muito mais interessante, mas também muito mais polémico. E é provável que Relvas não o tivesse convidado a dar a cara pelo Impulso Jovem, gratuitamente, claro: para quê pagar quando se pode ter de graça?