domingo, 18 de abril de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
Ugly Betty: Os Momentos Musicais da Amanda
quando descobre que Gene Simmons poderá ser o seu pai, visto que a mãe, Fey Sommers não deixou pista alguma sobre isso, Amanda decide chamar o pai na sua linguagem: a música...
e aqui, no casamento do Bradford Meade com a Whilelmina Slater, que é subitamente interrompido, Amanda salva o dia com esta cover de "Milkshake". O organista acompanha-a.
mais um momento daqueles
em que vou ao YouTube resgatar os vídeos que colocam em causa a formatação de que o mundo da música se tornou vítima, deixando de ser um mundo na maior parte dos casos, para ser um negócio. Abaixo, Jewel, que teve em "0304", o álbum deste "Intuition" um fraco momento musical, teve, mesmo assim, este vídeo que é, todo ele, de um sarcasmo delicioso, como diria alguém que eu conheço.
sábado, 10 de abril de 2010
"Ice" de Sarah McLachlan, ao vivo duas e diferentes vezes
em 2006, na digressão de "Afterglow"
nas "Freedom Sessions" de 1994
É Nosso, Isto é, Não Vos Pertence
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Memória Transitória
I
Esqueceste-te de que já uma vez te fizeste comigo
a água irreprimível que sobe do fundo nosso.
Era tão outro o tempo da alegria raramente
derramada como riso de espuma. Quem virá
colher-me o que de ontem já não tenho?
Guardo o silêncio porém. Em mim e na cidade
soa a hora de uma solidão que se interrompe.
II
Esqueceste-te de quanto premente era sermos.
E se hoje escrevo é na raiva de não ter gestos
nem mãos. Quem veio assediar-me o último ponto
intacto da minha pele? Pressinto que inerte
se fecha em mim o desalento. Liquidadas é como
se eu a cidade paríssemos no descontentamento
um ser de névoa geográficamente situado.
III
Esqueceste-te de que nem só as multidões respiram.
Celebrava-se o 14 de Julho na rue mouffetard
e comia-se crepes. Terás então desencadeado este
presságio que me revela o espaço prematuro em branco.
Era talvez meia-noite há vários anos paris fechava-se.
Hoje decisivo será o salto que vou formando.
IV
Esqueceste-te de que era ainda há pouco essa cumplicidade.
Ter-lhe-ás recusado o fogo e também o gelo
e o meu ser intermediária nesse tão breve atalho.
Que de mitos nem longes me propus a alimentar-me
por ser de ferro a matéria que me circula.
V
Esqueceste-te de que estou onde nunca terei estado
por ser só artifício essa imagem que forjei
e ser certa e necessária a fadiga insustentável
quando à epopeia se recusa um só rasto de vinho.
Esqueceste-te (vais apenas vivendo) de que é difícil respirar.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Diálogo com o Melhor Amigo
as árvores piam (não têm mãe)
as sombras envelhecem
o meu amigo
(o melhor amigo)
na vala comum
do medo
apodreceu
(quando eu vier não me reconhece)
colheitas de sombra
estios de paciência
e um gato familiar
fatal
arranhou seus olhos
corpos de água e vento
sonhos convexos e côncavos
(meu amigo teu sorriso lento
quando eu nascer não me saudará)
Luiza Neto Jorge
in Antologia de Poesia Universitária
1964, Portugália editora
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Agustina tem destas coisas... (12)
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de "Um Cão que Sonha"
terça-feira, 6 de abril de 2010
Goldfrapp: Head First
o vídeo de "Rocket"
"Hunt"
abnormally attracted to video
"Curtain Call"
"Flavour"
"Maybe California"
"Welcome to England"
a razão
Covers do Outro Mundo: Rhianna por Jamie Cullum
"Please Don´t Stop The Music"
Covers do Outro Mundo: Nancy Sinatra por Legendary Tigerman e Maria de Medeiros
"These Boots Are Made For Walking"
Covers do Outro Mundo: Kate Bush por Placebo
"Running Up That Hill"
Covers do Outro Mundo: Shirley Bassey por Arctic Monkeys
"Diamonds Are Forever"
Covers do Outro Mundo: Kylie Minogue por Tori Amos
"Can´t Get You Out Of My Head"
A (In)Coerência do Fogo
O desenho a fogo: os dedos e o sopro.
As pedras soltas suscitam algo,
uma textura sem segredo, aberta.
Como se não procurasse olho: sempre o deserto?
O corpo e essa onda, essa pedra - é uma linha
e o tumulto dos músculos no mar
eis o desejo da perda e do encontro
contra a parede, contra esta página
este deserto - o mar.
O sopro do incêndio da folhagem
esta rasura
no raso da inércia
ó apagada força amor do mar deserto força
reúno ou disperso pedras sobre o mar
ou pedras
Onde o corpo onde o desejo
perante o ventoa frágil força do corpo (aranha inerme?)?
Se eu soprar as vértebras do fogo aqui
se subverter a folha e nu gritar
Eu continuo com estas pedras no deserto - no mar?
Nem são pedras estas pedras mas a garganta
enfrenta o vento - e o deserto,
que corpo que corpo se perde ao rés da página ou terra?
Mas se não fosse o deserto - se fosse a praia a música do corpo
e o vento no mar
e o teu corpo no meu corpo?
Mas tu esperas três palavras
três pedras- e sem o fogo sem a folhagem sem o mar
Se um signo fosse a coluna do sangue
perante a maré perante o fogo
e não a morte cega ao vento
este silêncio contra o peito?
Escrever assim mesmo com os ossos
com a proa no externo
com a proa no externo
com as sílabas deserto
Mas se o silêncio da praia - onde o mar? -o silêncio da página
suscitassem essa música do corpo
aqueles membros brancos
vermelhos
em torno ao centro - e a respiração do mar?
Um braço, uma torção do braço pela violência do vento
um cântico na praia
o corpo contra o corpo amante amado?
Uma sílaba apenas verde ou branca
e não o torso musical
e não a pedra do mar o esplendor da praia?
Ninguém ouve o grito sobre o vento
sobre o ventre de ninguém
nada se ouve entre estas pedras
nada é aqui neste deserto
Mas isto é, isto é, com se
um signo
fosse o sangue da lâmpada?
Desenho as formas vivas na areia
desenho este sulco no meu corpo
soçobro sobre o sulco - em frente ao mar?
Que corpo se levanta? É um corpo, um outro corpo?
Um corpo que se ergue sobre a espuma
ou um sinal apenas sem o sangue?
A boca morde os dentes
a página está deserta
a praia está deserta.
A minha mão ergue-se num sinal vão
como se não desistisse.
As pedras nem são pedras mas palavras
mas o desejo de um contacto incandescente
mas o ardor de um persistente insecto.
Praia, mar, sulcos na areia, vento
ou só deserto
eu vos invoco e vos insuflo a chamada garganta,
eu apelo para o cântico. Caminho?
Mais do que a sílaba do mar
mais do que a flor imprevista
mais do que a sombra sobre o ombro
mais do que a sombra sobre o ombro
mais do que o ouro da areiaeu subscrevo o branco
um novo corpo.
Ainda que nada veja senão as pedras que delimitam o vazio
eu estou à beira de eu sou o intervalo entre a folhagem e o fogo
e o silêncio é um sinal
do corpo.
*
Que diz a forma da pedra - o corpo?
Que diz este silêncio de erva?
Este punhal de feno no meu peito,
esta sílaba trémula, esta sombra fria,
que diz a cor do muro?
A terra tem aos ombros a folhagem
o mar ainda na distância
mas o clamor destes sinais proclama o animaldo fogo
os passos caminham entre as chamas e o apelo das ondas.
A terra é alta como o corpo e baixa
As casas cintiliam mas num contacto sólido
Em todas as estradas o sol caminha com os meus passos.
A folha é escrita como um paisagem
Ainda é o deserto e a noite é próxima!
Mas os sinais despertaram o lugar
onde o silêncio é a congregação da terra.
Escolho a clareira do corpo silencioso.
É um corpo que envolve o corpo.
Posso assinar o rosto deste corpo?
Os sinais sangram enfim e dizem terra.
Escrever é finalmente subscrever o ar das ervas
e desenhar o sopro com os dedos: amar o corpo.
Amar. Dizer amar: amar o mar
na proximidade do próximo, no ombro
do teu corpo ou no parapeito da terra.
2 poemas de Roberto Juarroz
Por vezes a morte roça-nos os cabelos,
despenteia-nos
e não entra.
É um grande pensamento que a detém?
Ou talvez nós pensemos
algo maior que o próprio pensamento?
sábado, 3 de abril de 2010
qual a melhor maneira
Lisboa
Cidade branca
semeada
de pedras
Cidade azul
semeada
de céu
Cidade negra
como um beco
Cidade desabitada
como um armazém
Cidade lilás
semeada
de igrejas
Cidade prateada
semeada
de Tejo
Cidade que se degrada
cidade que acaba
quinta-feira, 1 de abril de 2010
5 anos depois
o problema da versão censurada de "American Life" de Madonna ainda é não estar distituído de sentido...
A Escada
davam passeios malditos, siberianos os pés nus lambidos pelos castores e pelos ratos.
espectral a luz coada trespassa-lhes a pele moça e dorida.
davam grandes passeios nos mantos vigiados pelos olhos esbugalhados da madeira.
davam-se.
nos vitrais é que as cegonhas faziam as bocas dos ninhos e os arlequins desfilavam suspirando.
o céu num esgar vomita esperma rubro.
o limiar da risada, o conteúdo do abraço.
a orla da praia resinosa desenhada em baba.
escolhemos o odor dos braços.
é o nada.
é o congresso.
esta era a continuação dos longos duas de paixão severa.
a febre gota a gota limpa a mão, pano de linho.
a mutável apenas na aparência.
sombra de éter.
deixai que a seiva corra quente.
que o ritual se cumpra.
tilintaram os guizos e soaram como solas de pulmão seco os passos dos mercenários.
Regina Guimarães
A Repetição
1979, ed. Hélastre
Editors: In This Light and On This Evening
Não me parece que tenha sido referido em lugar algum pelos elementos da banda, mas a verdade é que "In This Light and On This Evening", intencional ou inintencionalmente se aproxima muito do conceito de ópera-rock que já foi assumido, por exemplo, pelos Muse. Neste álbum há muito pouco de avulso, pelo contrário, há uma coesão e uma sequência que será tudo menos inocente. Faz com que faça pouco sentido isolar as canções umas das outras, se realmente a melhor forma de apreciar a nova série é mesmo por completo.
o vídeo de "Papillon"
"You Don´t Know Love" em versão acústica
Épiphanie
le soleil s´éclipse
mais sous les nuages ensanglantés
le sourire de l´ange apparaît.
Saguenail
Il N´y a Pas de Saisons en Enfer
agustina tem destas coisas... (11)
dois poemas de Maria Gabriela Llansol
O começo de um livro é precioso. Muitos começos são preciosíssimos.
Mas breve é o começo de um livro___mantém o começo prosseguindo.
Quando este se prolonga, um livro seguinte se inicia.
Basta esperar que a decisão da intimidade se pronuncie.
Vou chamar-lhe fio ______ linha, confiança, crédito, tecido.
7
Não resisto a contar à rapariga:
Ontem passei por um encontro entre dois rapazes que se amavam,
Curtiam, como dizes, sentados no colo um do outro. Era um amor
Humano nas raias do explícito. Aquele laço de se receberem
Mutuamente no regaço estava todavia perto de desatar-se Triste
Que assim fosse.
Havia sobre a cena uma pequena caixa, e aquele que decidira
Desunir-se escrevia o seu nome animal dentro dela. Por sua vez,
O outro para nomear o próximo, desenhou com lentidão um
Pequeno candeeiro de muitas luzes. Vi perfeitamente a progressão
Do desenho, e como ele se detinha na contemplação de cada
Anjo.
Maria Gabriela Llansol
O Começo de Um Livro é Precioso
2003, ed. Assírio e Alvim