quinta-feira, 8 de abril de 2010

Diálogo com o Melhor Amigo



as árvores piam (não têm mãe)
as sombras envelhecem

o meu amigo
(o melhor amigo)
na vala comum
do medo
apodreceu

(quando eu vier não me reconhece)
colheitas de sombra
estios de paciência
e um gato familiar
fatal
arranhou seus olhos

corpos de água e vento
sonhos convexos e côncavos

(meu amigo teu sorriso lento
quando eu nascer não me saudará)





Luiza Neto Jorge
in Antologia de Poesia Universitária
1964, Portugália editora

fotografia de Slava Mogutin

Sem comentários: