Por vezes a morte roça-nos os cabelos,
despenteia-nos
e não entra.
É um grande pensamento que a detém?
Ou talvez nós pensemos
algo maior que o próprio pensamento?
A morte já não afronta os espelhos.
Tem medo de os apagar ou os partir.
E medo, um medo bem maior,
de se apagar ou se partir.
No entanto
resta sempre um espelho que se olha na morte
como se ela fosse simplesmente
um espelho de espelhos,
um espelho em frente de outro
sem mais nada entre eles.
Roberto Juarroz
trad. Egito Gonçalves
Limiar, nº1
ed. Limiar, 1992
imagem de Cláudia Melo
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