Há coisas muito básicas, que qualquer realizador devia aprender e nunca, mas nunca mesmo, esquecer. Fazer um filme de terror que está muito para lá de qualquer limite de credibilidade é uma delas.
"We All Scream for Ice Cream" é um filme que dói tanto a ver, dói no pior sentido da palavra, que quase nem consigo falar dele. Não é que eu esperasse melhor de Tom Holland que tem andado, desde 1985, entre as comédias e as pretensões de terror. Mas a verdade é que de ninguém eu esperaria um filme cuja palavra que melhor encontro para descrever é "rasca".
A história é a seguinte: nos anos 50, um grupo de crianças acorre todos os dias ao autocarro de Buster, um palhaço atrasado mental que vende gelados. Nos dias de hoje, esses rapazes são já crescidos e pais de família e, na localidade onde vivem, inicia-se um estranho fenómeno que passa por as crianças desaparecerem de casa a meio da noite. Ao mesmo tempo, uma série de homens que haviam pertencido ao tal grupo começam a desaparecer.
O que se passa é que, na verdade, esse grupo havia pregado uma partida a Buster que, em princípio, lhe havia custado a vida. Agora, o palhaço voltou dos mortos, e alicia os filhos dos que lhe fizeram mal a virem comer gelados, gelados esses que fazem com que os pais se derretam em gelado.
A história, em si, é pobre. Os actores não ajudam. Os efeitos especiais são ridículos. O desenvolvimento da história e respectivo clímax dão vontade de rir de pena. A resolução dos problemas está do amadorismo para baixo. No fundo, um sentimento de profunda piedade é o que de melhor consegui sentir por este filme.
Se quisesse encontrar referências para este filme, a que me parece mais indicada é a série de televisão "Goosebumps" que passava nos anos 90 na televisão, e que eu via, quando era puto, porque eram baseados na série de livros do mesmo título, de R.L. Stine. E, para ser sincero, alguns desses episódios que uma altura revi no YouTube têm de longe muito mais qualidade que este "We All Scream for Ice Cream".
De facto, o filme parte de um conceito que é já de si fraco, e isso condiciona tudo. É até difícil não acreditar que, no fundo, o maior desejo de Tom Holland com este filme foi gozar com a cara do espectador. E, mesmo se o objectivo era esse, havia maneiras de o fazer com mais classe.
É penoso ver um filme assim. Eu, que já atravessei filmes escritos e/ou realizados por Mick Garris, que já atravessei "Dreams in the Witch House" de Stuart Gordon, estive muito muito muito perto de pura e simplesmente suspender "We All Scream for Ice Cream".
Acho que é muito difícil encontrar um filme pior do que este; uma tão grande e tão mal feita palhaçada. O que faz este filme em "Masters of Horror" é algo que nunca, por mais que viva, conseguirei entender.
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