sábado, 23 de março de 2013
Tori Amos: I Can't See New York
Do álbum 'Scarlet's Walk' (2002)
Letra de Tori Amos
(...)
You said you'd find me
But I can't see New York
'Cause I'm circling down
Through white clouds, falling out
And I know his lips are warm
But I can't seem to find
My way out of this hunting ground
(...)
sexta-feira, 22 de março de 2013
Harmonia das Esferas
Pelas grades das persianas a lua cheia desembolsa
Em pleno no meu quarto, vómitos jorram até manchar a cama.
Nela deitado ardo como um olho que nunca mais pode fechar,
Uma pequena poça de carne, um órfão do tamanho de uma orelha.
Lá em baixo adolescentes dão estoiros nas garagens, expõem
Com gritos as partes pudendas niqueladas num regaço
De tijolo, dão cabo das janelas e matraqueiam com taipais
Para chatear a noite, mais o bairro, toda a danada da criação.
Mais tarde o torturante gotejar dos segundos
Nas goteiras de zinco. Tlipe. Tlipe. Plom. E lá ao fundo
Nos jardins carbonizados e ermos
A invisibilidade uivante dos gatos no cio.
Desde que moro aqui, mando longas cartas
Para a casa anterior. Lá, podia dormir, vigiar, silêncio
E escuridão aí reinavam, como no sedutor vazio rítmico
E opressivo de poemas por escrever.
Leonard Nolens
trad. do neerlandês flamengo por Catherine Barel
Uma Migalha na Saia do Universo (Antologia de Poesia Neerlandesa do Século Vinte)
ed. Assírio e Alvim
pintura de Isabel de Sá
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quarta-feira, 20 de março de 2013
Um 'Apontamento'
Muitas vezes me pergunto a mim mesma o que é um livro.
O mesmo que as pessoas! apetecia-me responder. Ou: são tão diversos os livros como elas... Mas estabelecendo uma comparação destas eu daria grandes âmbitos à obra escrita, dar-lhe-ia foros de extraordinária variedade. E não me sinto com esse direito.
Eu penso nos livros, lembro-os, distingo-os, com a maior calma. Um livro é sempre uma mensagem entregue, por mais banal que seja o dito. E uma pessoa, qualquer que seja, é uma verdadeira incógnita... É um ser incompleto, defendido e misterioso, sempre apto a desdobrar-se, a confundir-nos.
Um livro tem uma conclusão e uma única alma, aquela que lhe deu existência numa dada época. E as pessoas são eternamente variáveis! Complicadas e irregulares. Não vamos nós tantas vezes com bondade ao seu encontro, para lhes oferecermos o que temos acumulado no coração; doçura ou virilidade? E não voltamos desiludidos? A alma alheia é uma perfeita antagonista da nossa.
Podemos fazer dela a ideia que se faz de um livro, julgá-la definida e característica... mas enganamo-nos. Um livro deixa-nos umas tantas impressões, que se guardam ou que lentamente se dissolvem. E as pessoas têm mil pequenas almas, todas elas vivas e contraditórias. Constantemente inquietas, vaidosas, reprimidas e prontas a saltar.
As pessoas são infinitamente desanimadoras e diversas. E os livros não; são simples. São uns produtos artificiais e ocasionais dos nossos estados; passaram a viver fora de nós, tornam-nos apenas lembrados.
Irene Lisboa
Apontamentos
1943, ed. da autora
desenho de Dante Gabriel Rossetti
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sábado, 16 de março de 2013
O Convento dos Capuchos (Sintra)
O Convento de Santa Cruz, conhecido popularmente como Convento dos Capuchos é uma invulgar construção nos confins da Serra de Sintra, fundada em 1560 para uma pequena comunidade de ordem Franciscana. Inicialmente, a comunidade contava com oito monges investidos em fazer uma vida meditativa, pobre e de renúncia ao mundo. Ainda hoje este lugar está isolado em relação à cidade de Sintra. ficando de fora mesmo dos percursos turísticos que, infelizmente, ocupam o centro das preocupações políticas e urbanísticas dessa cidade.
O estudo da História da Arquitectura ensina-nos a procurar traços comuns a edifícios da mesma época. Em Portugal, a Arquitectura atravessa uma fase, de vários aspectos, difícil de definir. Por um lado, os modelos medievais, especialmente o Românico tinham-se prolongado enquanto o resto da Europa já os abandonara. O classicismo entra tarde em Portugal, e é difícil destrinçar os traços Renascentistas dos Maneiristas. Mas, apesar de servir um extenso programa (Dois terreiros, um alpende, três capelas, uma igreja, um coro, um claustro, uma enfermaria, trinta celas, quarto-de-banho, refeitório, cozinha, sala do capítulo e biblioteca.), não há no Convento dos Capuchos muito que nos indique o século XVI.
Se há alguma referência na concepção deste edifício, ela tem mais a ver com os princípios teológicos de Francisco de Assis e com a forma de vida, extremamente pobre e austera, da Ordem respectiva. Os corredores estreitos, baixos e escuros dão acesso a celas exíguas por portas baixas que incitam a genuflexão, ou então para compartimentos de utilização colectiva que, apesar disso, são igualmente contidos. Em todos os espaços é visível o despojamento que causaria certamente um tremendo desconforto físico a quem habitasse aquele lugar. A iluminação natural existe apenas através de pequenas e toscas janelas com acesso para o exterior, sendo o resultado que, mesmo assim, grande parte dos espaços, mesmo durante o dia, estão mergulhados numa penumbra que parece fechar os homens sobre si mesmos, retirando-os do mundo que, ali, existe apenas na imagem de um pequeno quadrado da paisagem da Serra de Sintra. É talvez uma forma de provocar essa ''elevação'' que conduz a um contacto mais directo com deus e, nesse sentido, a Arquitectura funciona aqui, mais do que como uma concepção espacial, como forma de viabilizar essa comunicação entre entidades. Ou seja, e por estranho que pareça, o espaço actua sobre o Homem para o tirar do próprio espaço e levá-lo a um outro, que não é físico. Este é um espaço capaz de se anular a si mesmo, e talvez por isso, mesmo agora que está já desocupado, continua a transpirar o ambiente religioso que, podemos supor, não será eventualmente muito diferente daquele que existia entre o século XVI e o século XIX, quando foram extintas as ordens religiosas masculinas. Mais ainda, esta capacidade do espaço de fechar o Homem sobre si mesmo para o abrir ao divino, confere também ao Convento dos Capuchos uma espécie de vinculação ideológica com o que conhecemos da cultura arquitectónica do Antigo Egipto. Desta civilização, conhecemos essencialmente os túmulos, as cidades dos mortos, porque a dos vivos era irrelevante. Essa despreocupação perante a vida terrena, que se compensa numa concentração na vida espiritual definiu toda a primeira Arquitectura egípcia, e é também o cânone que parece orientar a concepção do Convento dos Capuchos.
Outro aspecto a assinalar, e que é igualmente decisivo para a eficácia do Convento, é a sua relação com a natureza, com o espaço natural onde é construído. As dependências do Convento distribuem-se tirando partido tanto das cotas irregulares da serra, como das formações rochosas que não raro integram as paredes, as coberturas ou o chão dos espaços. O edificado propriamente dito abre-se para um terreiro, por um dos lados, e para o pequeno claustro com a capela, mais elevado. A integração do Convento na natureza simboliza, por um lado, a não-interferência com a obra directa de deus, por outro, é uma forma de recusar o luxo ou a grandeza da própria concepção espacial que, para se adaptar ao terreno, perde uma série de possibilidades de organização.
A segunda questão, ligada intrinsecamente com a primeira, é a da construção do Convento. Apesar da sua recusa ao ornamento e ao luxo, o Convento é um edifício de construção sofisticada. Por mais que o seu aspecto seja tosco e quase bruto, a sua construção não poderia ser mais meticulosa e mais inteligente (A prova disso é que cinco séculos depois, o Convento continua erguido.). A forma como as formações rochosas que integram na estrutura é impressionante e o efeito poético do conjunto dos espaços em muito contraria a ideia inicial de pobreza e de imediatismo que o edificado pode dar.
Dificilmente, portanto, se encontraria um edifício mais complexo do que este. É frequente que a Arquitectura se imponha a si mesma a necessidade de perguntar como encontrar as soluções mais simples e menos artificiosas de conceber espaços habitáveis. O Convento dos Capuchos fornece-nos uma resposta a um tempo assombrosa e perturbadora a esta pergunta. Porque, por mais que nos possamos sentir asfixiados pelos espaços severos e claustrofóbicos, somos também obrigados a reconhecer que nos seria possível satisfazer ali todas as nossas necessidades mais básicas. Somos, assim, obrigados a confrontar-nos com a resposta mais pura à simplicidade que a Arquitectura procura, sem qualquer contaminação do mais diminuto vício burguês, por assim dizer, que nos leva a construir de outras formas.
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Convento dos Capuchos (Sintra): Plantas
1. Terreiro das Cruzes 2. Portão do Convento 3. Terreiro da Fonte 4. Alpendre da Portaria 5. Capela do Senhor dos Passos 6. Igreja 7. Coro 8. Corredor 9. Claustro 10. Enfermaria 11. Cela
12. Quartos-de-Banho 13. Celas 14. Corredor 15. Refeitório 16. Cozinha 17. Sala do Capítulo 18. Cela de Noviços
19. Cela escura 20. Celas da enfermaria e de visitas 21. Biblioteca/ Escritório 22. Cela 23. Capela do Senhor no Horto 24. Varanda 25. Capela do Senhor Crucificado 26. Cova de Frei Honório
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domingo, 10 de março de 2013
10 de Março
é o meu aniversário e, pelos vistos, também o de Boris Vian e Carrie Underwood. Portanto, ficam aí hoje os dois, em fotografia e em música.
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terça-feira, 5 de março de 2013
Sextina
Foge-me, pouco a pouco, a curta vida,
Se por caso é verdade que inda vivo;
Vai-se-me o breve tempo de ante os olhos;
Choro pelo passado; e, enquanto falo,
Se me passam os dias passo a passo.
Vai-se-me, enfim, a idade e fica a pena.
Que maneira tão áspera de pena!
Pois nunca uma hora viu tão longa vida
Em que possa do mal mover-se um passo.
Que mais me monta ser morto que vivo?
Para que choro? Enfim, para que falo?
Se lograr-me não pude de meus olhos?
Ó fermosos, gentis e claros olhos,
Cuja ausência me move a tanta pena
Quanta se não compreende enquanto falo!
Se, no fim de tão longa e curta vida,
De vós me inda inflamasse o raio vivo,
Por bem teria tudo quanto passo.
Mas bem sei que primeiro o extremo passo
Me há de vir a cerrar os tristes olhos,
Que Amor me mostre aqueles por que vivo.
Testemunhas serão a tinta e pena,
Que escreverão de tão molesta vida
O menos que passei, e o mais que falo.
Oh! que não sei que escrevo, nem que falo!
Que se de um pensamento noutro passo,
Vejo tão triste género de vida
Que, se lhe não valerem tanto os olhos,
Não posso imaginar qual seja a pena
Que traslade esta pena com que vivo.
Na alma tenho um contínuo fogo vivo,
Que, se não respirasse no que falo,
Estaria já feita cinza a pena;
Mas, sobre a maior dor que sofro e passo,
Me temperam as lágrimas dos olhos;
Com que, fugindo, não se acaba a vida.
Morrendo estou na vida, e em morte vivo;
Vejo sem olhos, e sem língua falo;
E juntamente passo glória e pena.
Luís de Camões
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segunda-feira, 4 de março de 2013
Portishead: Magic Doors
Do álbum 'Third' (2010)
Letra de Beth Gibbons, Geoffrey Barrow, John Baggot
(...)
Often I've dreamt that I don't wait
Enjoy the gift of my mistake
Like then again I'm wrong and I confess
(...)
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Regina Guimarães/ Ana Deus: Roupa Anterior
Justamente a dimensão de letrista de Regina Guimarães parece ser o seu lado mais divulgado. Desde as primeiras experiências nos Três Tristes Tigres, Regina já escreveu letras para os Clã, os Osso Vaidoso, os Nadadores de Inverno, entre outros projectos, muitos deles a par com Ana Deus.
Tendo a publicação em livro da poesia de Regina conhecido uma publicação mais regular nos últimos anos (O que, de resto, é de louvar, uma vez que se trata de uma das vozes mais originais da poesia portuguesa surgida nos anos 80.), é interessante o trabalho mais recente da escritora, este também a par com Ana Deus.
'Roupa Anterior' é um pequeno livro manufacturado, que reúne algumas letras de Regina Guimarães interpretadas em vários projectos por Ana Deus. Mais do que compilar trabalhos musicais, esta pequena mixtape escrita e gravada junta uma série de canções feitas para filmes e espectáculos, sendo, portanto, trabalhos eventualmente mais difíceis de encontrar. Lançado no Porto e em Lisboa, o livro/CD é montado pelas autoras, com imagens de Paulo Anciães Monteiro à mistura, sendo, portanto, cada exemplar único e manuscrito.
domingo, 3 de março de 2013
Infância e Palavra
No princípio, era o Verbo _pelo menos na minha infância, toda caldeada pelo encantamento da palavra.
A palavra, lengalengada, d' a pintinha põe o ovo prà menina papar todo_ das brincadeiras com que se dava à criança a consciência do rosto e das mãos, esta barba, barbadeira, esta boca, comedeira, este nariz, narizete, estes olhos de pisquete, esta testa, de giesta, este cabelinho, que não é loiro, foge, menina, que te estoiro!, que terminavam, depois de corrido todo o rosto, com uma sapatadinha na testa. Havia também o varre, varre, vassourinha, se varreres bem, dou-te um vintém, se varreres mal, nem um real_ e, pumba!, uma palmada na mão, porque, não sei porquê, se supunha sempre que a vassourinha não varria a preceito. Muito da minha predilecção era o serrobico, bico, bico, todo feito de beliscõezinhos nas costas da mão, enquanto a lengalenga ia acabando quem te deu tamanho bico, foi a velha chocalheira, que anda lá pela ribeira a apanhar ovos de perdiz para o filho do juiz, que está preso pelo nariz_ e era o nosso que se puxava no fim.
Depois, havia a palavra mimenta, tão doce e cheia de ternura! Inspirava-se nos passarinhos e no perfume das maçãs: _Minha carricinha, inquieta! Minha maçãzinha de pardo lindo. A noite trazia a palavra musical das últimas orações:
Anjo da Guarda,
minha companhia,
guardai minha alma
de noite e de dia.
A palavra-mistério, de sons desconhecidos, que estabelecia a ligação com o divino, ouvia-se no latim da missa: Dominus Tecum! Sursum corda! E na ladainha: Turris eburnea, Stela Matutina...
Quando tínhamos de ficar na cama, por sarampo ou constipação, havia a palavra fascinante e narcisíaca dos contos de fadas_ Espelho meu, espelho meu, haverá no mundo alguém mais belo do que eu? _e que podia tornar-se maléfica: _Quem isto ouvir e o for contar, em pedra se há-de tornar! Ou a palavra viva e popular das histórias tradicionais, muito do gosto de minha mãe, cheias de mãos a abanar, sem eira nem beira, mas espertalhotes, capazes de comer as papas na cabeça dos reis e de casarem com as princesas. Ai, como me lembro delas!
A palavra dos jogos tinha duas faces: uma de perder, outra de ganhar. Ferrum-fum-fum, ferrum-funfelho, quantas abelhas há no cortelho? Aqui vai uma barquinha carregadinha de aves, de abraços, de beijos... Quando se perdia, por falta de resposta pronta, dava-se prenda e no fim recorria-se ao senhor juiz sentenciador, que sentença se há-de dar ao dono desta prenda, seja ela de quem for? Juiz que, às vezes, ordenava, romântica e comprometedoramente, que se perguntasse:
_Se o meu coração fosse um bosque, quem mandavas lá passear?
Mas menina não gosta de estar sempre quieta. Menina corropia de roda. E a palavra das cantigas era dançante e anunciava o amor:
_Machadinha, minha machadinha,
quem te pôs a mão sabendo que és minha?
Havia também a Condessa-condessinha, condessa-do-Aragão, a que não dava as filhas nem por ouro, nem por prata, nem por sangue de leão, nem por sangue de lagarta. O cavaleiro tinha de dar provas, antes de poder dizer:
_Estimo e estimarei,
sentada numa almofada,
a fiar continhas de ouro,
salta cá, minha esposada!
Na infância era fácil acreditar que Deus tinha criado o mundo pela palavra. Que a luz seja! E a luz foi. Pelo poder da palavra tinha Xerazade conseguido adiar, por mil e uma noites e depois para todo o sempre, a sentença de morte que pesava sobre ela. A palavra foi para mim uma segunda placenta, aconchegante, onde na adolescência irrompeu o deslumbramento por dois poetas: Cecília Meireles, com o seu recorte visual, e Camilo Pessanha, com a água, morrente, do tempo a esvair-se na própria água do poema. E a palavra-poética tornou-se para mim a palavra-ninho, porque é realidade e é símbolo, a mais significante, polissémica no mesmo contexto, a mais texturada de conotações, e a que não admite sinónimos, já que é insubstituível. Por ela soube que a palavra é, ao mesmo tempo, música e canto e soluço _e o milagre mais próximo do bafo e do coração humano.
Luísa Dacosta
Infânica e Palavra
2001, ed. Asa
desenho de Maria Keil
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sábado, 2 de março de 2013
A Terceira Miséria
32.
Estão as praças,
Como ágoras de outrora, estonteadas
Pela concentração dos organismos,
Pelo uso da palavra, a fervilhante
Palavra própria da democracia,
Essa que dá a volta e ilumina
O que, por um instante, a empunhou.
Oh, os amigos, os abandonados,
Esses, os desatinados ao extermínio,
Esses os belos despojados, nus,
Os que, mesmo nascendo no Inverno,
Pouco sabem do frio, gente que dorme
Na sombra do meio-dia, ouvindo o canto
Das cigarras, o canto sobre o qual
Hesíodo escreveu. Gente do Sul
Gente que um dia se desnorteou.
33.
De que armas disporemos, senão destas
Que estão dentro do corpo: o pensamento,
A ideia de polis, resgatada
De um grande abuso, uma noção de casa
E de hospitalidade e de barulho
Atrás do qual vem o poema, atrás
Do qual virá a colecção dos feitos
E defeitos humanos, um início.
Hélia Correia
A Terceira Miséria
2012, ed. Relógio d'Água
pintura de Paula Rego
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