sexta-feira, 11 de março de 2011

A Intimidade do Caos


Um amigo vai morrendo nas palavras
enquanto a cidade estala de crueza.

Ela corre, louca, pelas luzes do poente
à beira do mar mais selvagem
da infância.

Um amigo vai morrendo entre néons
e sonhos carbonizados.

Ela corre, quase feliz, à beira
dos abismos.

A morte veste-lhe as lágrimas
de nudez.

Não há ecos nem poemas
Apenas rios de sangue
escorrendo lentos por dentro
das mudas palavras

Maria Graciete Besse
Espelhos, Ausências
1990, ed. Caminho
fotografia de Frederik Froument

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