sexta-feira, 11 de março de 2011

exercícios de nocturno. 11


A claridade nocturna do vinho.
A chama da vela atrás do copo
e através dela o rosto redondo e róseo,
sem expressão
ainda.

(Mal se ouve o som dos dedos sobre o marfim
e, no entanto, a música embebeda mais que o vinho.
É doce, quase líquida, e insinua-se entre os pratos e as mãos.
Uma música de uso tópico sobre as pálpebras:
temos de fechar os olhos para conseguirmos ouvir
o gorgolejo rítmico das notas.)

Eleva a mão e brinda
e através do lume o rosto ganha
um sorriso.
Dois.
E uma gargalhada.

Tiago Araújo
Diapositivos
2001, ed. Quasi
imagem de Lourdes Castro

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