Também surgido nos anos 70, John Landis balança-se entre estilos tão diversos como o terror e a comédia. "An American Werewolf In London" (1981) será um dos seus filmes mais badalados, isto se excluirmos o seu trabalho como realizador de videoclips dos quais os de Michael Jackson serão os mais conhecidos.
Sendo que, pessoalmente, o seu trabalho não me parece de particular relevância, não posso deixar de expressar a minha surpresa por encontrá-lo em "Masters of Horror". A sua participação é este "Deer Woman", filme que se insere muito bem no estilo das lendas assustadoras que se revelam muito reais.
A média de Landis começa com uma típica cena de tasco americano frequentado por camionistas, um dos quais é brutalmente assassinado, ao ponto de o seu cadáver oferecer algumas dúvidas sobre se se trata ou não de um humano.
O genérico do filme está deveras bem conseguido, com uma série de desenhos tribais ao som da música desconcertante de Peter Bernstein que consegue fundir muito bem o lado clássico com o lado étnico. A inclusão da famosa pintura da mulher-veado de Frida Kahlo está também muito bem pensada.
Para investigar o sucedido é destacado Dwight Faraday (Brian Benben), um detective falhado do F.B.I., que, apesar dos vários precalços, consegue ficar encarregue do caso. Com a ajuda do agente Jacob Reed (Anthony Griffith) e da média legista Dana (Sonja Bennet), Faraday chega à conclusão de que os vários cadáveres de homens que vão aparecendo parecem ter estado próximos de uma mulher aquando da sua morte (Dado que estavam todos com uma erecção.), ainda que o brutal ataque pareça ter sido feito por um veado. Os interrogatórios àqueles que teriam estado perto dos assassinados têm um comum o facto de todos referirem uma mulher muito bela, com aspecto índio.
É assim que encontramos essa bela mulher (Cinthya Moura), seduzindo homens que depois aparecerão mortos. As teorias cada vez mais improváveis dos detectives culmina com a história, contada por um descendente de índios, de uma mulher belíssima que da cintura para baixo era um veado. Cedo se percebe que é esta mulher-veado quem ataca os homens, desfazendo-os literalmente.
O filme de Landis tinha, então, tudo para correr mal, e nalguns aspectos corre mesmo. É como se o realizador tivesse consultado uma espécie de manual de dos & don´ts do cinema de terror, e tivesse decidido adoptar tanto duns como de outros. Assim sendo, nalguns momentos, "Deer Woman" não consegue utrapassar uma acentuada predicabilidade, ainda que noutros consiga ser surpreendente e até muitíssimo bem pensado.
Se neste filme há algo de bom, é certamente o desenlace da história da mulher-veado, ainda que o conceito em si, de uma mulher-assassina que usa o sexo para atrair as suas presas seja tão vulgar que, nem de propósito, o encontrámos ainda em "Masters of Horror", na película de Dario Argento, "Jenifer".
Mas claro que o filme de Landis é um conceito bastante diferente, e talvez seja mesmo isso que tem de interessante: resgatar uma lenda dos nativos americanos, tornando o folclore numa realidade mortífera. Se essa ideia fez com que Jamie Blanks tenha realizado um dos melhores filmes de terror dos anos 90, "Mitos Urbanos", a verdade é que aqui, ainda que a lenda tivesse mais potencialidades, fica, mesmo assim, um tanto aquém. E aqui entra a questão do benefício da dúvida.
Como acima disse, o percurso de John Landis não me parece um de especial interesse, mas tenho que admitir de "Deer Woman" talvez pudesse ser um filme realmente bom, se não fosse a limitação de tempo, que contribui consideravelmente para que, em muitos aspectos, fiquemos com a impressão de que este filme anda demasiado depressa, anulando alguns efeitos de suspense que, como se sabe, são ingrediente indispensável ao cinema de terror.
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