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O segundo episódio de "Masters of Horror" é realizado por Stuart Gordon, realizador e encenador. O seu primeiro filme data de 1979, e desde então conta com mais de 20 trabalhos, entre o cinema (Realização e argumento.) e o teatro. De entre os seus trabalhos para teatro, o mais recente passa por uma adaptação de Edgar Allen Poe. Nos seus filmes, contam-se alguns já considerados de culto, caso de "Re-Animator" (1985), "From Beyond" (1986) ou "Daughter of Darkness" (1990).
O caso de "Dreams In The Witch House", no entanto, não me parece susceptível do mesmo. Interessa falar de Edgar Allen Poe porque, neste filme, é notória a influência do imaginário do escritor, assim como algumas lições cinematográficas a que não escapam "The Amityville Horror" de Jay Anson (1977), e de certa forma os dois filmes da saga Blair With, "The Blair Witch Project" e "Book of Shadows: Blair Witch 2" de Eduardo Sanchez/ Daniel Myric e Joe Berlinger respectivamente. Além destas referências, "Dreams In The Witch House" é a adaptação de um conto de H.P. Lovecraft.
Esta é a história de Walter Gilman (Ezra Godden), um estudante universitário, que aluga um quarto numa casa decrépita com mais de 300 anos e hóspedes que vão do simplesmente bizarro ao medonho. Walter trabalha presentemente numa tese sobre a intersecção de universos, argumentando que a descoberta do ângulo entre planos será a forma de descobrir novos universos. Enquanto trabalha, conhece Frankie (Chelah Horsdal), uma mãe solteira que habita o quarto ao lado juntamente com o filho bebé, Danny.
No piso térreo, um estranho hóspede fala a Walter de um rato com rosto humano, que é um enviado de uma bruxa que supostamente assombra a casa.
Se inicialmente Walter não dá importância aos avisos do homem, cedo começa a ter pesadelos com esse rato de rosto humano, que lhe fala, e não tardam os sonhos a mostrar-lhe Frankie revelando-se como uma bruxa velha, e um livro forrado a pele humana onde está descrito um ritual que inclui o sacrifício de um bebé.
O vórtice de loucura vai crescendo até ao encontro final entre Walter e a bruxa, terminando toda a cena no internamento de Walter. Primeiro, a psiquiatra está convicta que a negação do infanticídio despertara em Walter uma típica esquizofrenia paranóica, mas não demora a perceber que na estranha história do paciente há um fundo de verdade.
Aparentemente, a história de Lovecraft não é, por si só, nada de extraordinariamente original. Mas Gordon tem, na adaptação cinematográfica, o condão de a fazer parecer risível.
Dois exemplos: partindo do princípio de que um rato com rosto humano tem algo de realmente assustador, colocá-lo a subir para o peito do estudante, dizendo-lhe "Ela vai apanhar-te" trata de fazer o momento parecer mais adequado à comédia do que ao terror; mais ainda, a bruxa com cabelos brancos e verrugas na cara não tem propriamente nada de bom, limita-se a dar um aspecto algo infanto-juvenil ao filme, digno da série de televisão "Arrepios", baseada nos contos de R.L. Stine.
Ezra Godden consegue uma interpretação credível, já que o filme o mostra quase o tempo todo, mas a verdade é que o papel, por si só não é nada de especial.
A inclusão de um realizador como Stuart Gordon num grupo a que chamam "masters of horror" não me pareceria de todo despropositada. Mas a inclusão de um filme como "Dreams In The Witch House" sim.
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