O cinema de William Malone tem sido um dos projectos mais indecisos do cinema de terror. Se a ele devemos um filme como "House on Haunted Hill" (1999), onde há até alguns pontos de originalidade, é também a ele que devemos outros, como "Fear dot com" (2002) que, mais do que ser um filme, é uma forma de seguir a banda. "Fear dot com", em português "Medo ponto com" era um filme que seguia a lógica de "The Ring" (2002), esse realmente original quer na sua versão japoesa, "Ringu" (1998) de Hideo Nakatta, quer na versão americana de Gore Verbinski, e a prova disso é que teve imediatamente epígonos, como "The Tatooist" (2008) de Peter Burger, e também o referido "Fear dot com".
O caso de "Fair Haired Child", a participação de Malone em "Masters of Horror" é, ao que me parece, uma outra forma de seguir a banda, uma outra banda.
É a história de uma rapariga do típico high-school, Tara (Lindsey Pulsipher), a rejeitada da turma, que certa tarde é raptada. Acorda junto de uma enfermeira, Judith (Lori Petty), mas cedo percebe que não está num hospital, mas numa mansão isolada, em Vancouver. Após algumas perguntas sobre a sua vida sexual, Judith e o marido, Anton (William Samples) atiram com Tara para uma cave, onde ela descobrirá um outro rapaz da mesma idade, enforcado e prestes a morrer e que, não conseguindo falar, escrevendo com o dedo no pó lhe diz chamar-se Johnny (Jesse Hadock). A exploração da cave mostra-lhes que outros já ali haviam estado e que teriam morrido.
No final, e tenho que falar dele para fundamentar aquilo que direi sobre o filme, vemos que o filho do casal de músicos havia morrido no lago daquela mansão, e que os pais haviam encontrado um ser maligno que prometeu devolver-lhes o filho, na condição de eles lhe entregarem em sacrifício doze jovens, dos quais Tara seria a última.
Esta criatura, que vemos algumas vezes circular pela casa, é uma espécie de gnomo desfigurado que come as entranhas das pessoas.
É fácil perceber que Malone traz na bagagem toda a escola de Stephen King, entre os romances e as respectivas adaptações, mas também algum John Carpenter, nomeadamente o de "Cidade dos Malditos" (1996), e até alguma coisa de Sean S. Cunningham.
No geral, não se pode dizer que "Fair Haired Child" tenha nada de errado, se lhe notamos uma boa construção, uma excelente direcção de actores, alguns planos realmente belíssimos. O grande problema é ainda que nada neste filme consegue verdadeiramente surpreendernos, nada nos surge de novo, ficando constantemente com a sensação de que já vimos isto nalgum outro filme.
E se "Masters of Horror" é suposto antologiar os grandes realizadores de cinema, William Malone não teria mais direito a estar aqui do que teria Jamie Blanks ou Victor Salva, só para lembrar os mais recentes.
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