terça-feira, 7 de setembro de 2010

Elogio da Distância


Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos
o mar cumpre a sua promessa.

Aqui, coração
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:

Mais negro no negro, estou mais nu.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.

Na fonte dos teus olhos
ando à deriva sonhando o rapto.

Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.

Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.


Paul Celan (trad. Yvette K. Centeno)
Papoila e Memória

1 comentário:

J.B. disse...

Errado! A tradução não é de Yvette Centeno, é minha! - João Barrento