Não há nada e não o sei
e a ciência de tudo é impossível e a
ciência da ciência da impossibilidade de tudo
Já fiz tudo, já estive aqui, já li tudo!
Aquele que quer morrer
dança sobre os destroços de tudo.
Ó insolência da escrita! Lá vens tu, ó fa-
diga, ó lágrimas!
Difícil solidão (de cócoras) a do escriba,
atravessa o deserto às costas do melhor amigo.
Tem que se lembrar de tudo
pequenas frases, umas primeiro outras depois.
Manuel António Pina
Aquele Que Quer Morrer
1978, ed. A Rega do Jogo
fotografia de Hans Bellmer
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