segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Masters of Horror: Chocolate de Mick Garris (1x05)

RECEITA

Quando "Masters of Horror" já nos dera um filme sobre um assassino, outro sobre bruxas e dois sobre zombies, Mick Garris propõe-se a, no quinto episódio, nos apresentar um filme sobre um amor obsessivo. A carreira de Garris começou na segunda metade da década de 80 no cinema, mas o seu trabalho até agora mais reconhecido terá sido a mini-série "The Shining", que adapta mais detalhadamente do que filme de Stanley Kubrik o mesmo romance homónimo de Stephen King. Em "Sleepwalkers" (1992), na mini-série "The Stand" (1994), em "Riding The Bullet" (2004) e no telefilme "Desperation" (2006), Mick Garris segue também romances de Stephen King, estanto neste momento a trabalhar na adaptação do romance "Saco de Ossos".


Este "Chocolate" é também resultado de uma adaptação literária, mas desta vez de um conto do próprio Garris. E se o imaginário rebuscado e arrepiante de Stephen King já tantas vezes moveu Garris na criação dos seus próprios trabalhos, esse não é, de todo, o caso de "Chocolate".
A história é a seguinte: Jamie (Henry Thomas), cujo trabalho é desenvolver sabores artificiais, começa a responder ao sabor do chocolate de uma forma singular: consegue sentir exactamente o que sente uma mulher que não conhece nem sabe onde vive. Após desta maneira testemunhar o momento em que a mulher assassina o amante, Jamie decide investigá-la. É assim que as suas buscas o conduzem a Vancouver, onde encontra Catherine (Lucie Laurier), a mulher. E se a Jamie as visões o levaram a apaixonar-se, depressa percebe que Catherine, que também as tinha, não lhes encontra tanta graça.
Há aqui duas questões paralelas que têm que ser colocadas:
A primeira é que "Chocolate" não é qualquer filme; ele surge integrado numa série dedicada ao cinema de terror. E "Chocolate" não é nem muitíssimo remotamente um filme de terror, nem chega a parecer um thriller. Parece, isso sim, um filme romântico/dramático cujo enredo não escapa, nem sequer pela estranheza das visões, a qualquer filme romântico, com a diferença de que, por norma, os filmes românticos vão para o lado da comédia. E é essa a primeira ideia que me fica de "Chocolate": a de que, definitivamente, não está no contexto certo.


A segunda é se, independetemente do género, este é um bom filme. E na verdade não consegui sequer formar uma opinião muito concreta sobre o assunto. "Chocolate" tem alguns planos muito bem conseguidos, muito estéticos; mas a premissa não deixa de me parecer vulgar e pouco dada a qualquer tipo de surpresa, e a verdade é que Mick Garris também não parece esforçar-se muito para resgatar o seu filme de uma certa predicabilidade que o argumento já por si suscitaria. É claro que seria injusto não referir que em termos de realização não há aqui nada de errado, que os actores são muito bem dirigidos e conseguem fazer com que a história pareça realmente insólita. No geral, e talvez isto seja o mais fiel que consigo ser à minha opinião, "Chocolate" não é um bom filme, limita-se a não ser interessante. Ao contrário do chocolate, nem mata nem engorda.


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