Ao sexto episódio de "Masters of Horror", encontramos a média do actor e realizador Joe Dante. Ligado a sagas como "The Twilight Zone", os "Gremlins" ou os Looney Tunes, Dante mostra-nos neste "Homecoming" que os zombies não são diferentes das pessoas: há-os bons e há-os maus.
Este é um filme de zombies; o que não é muito claro é se é um filme de terror. Pelo meio, e como leit-motiv de tudo, está a intriga política. Em tempo de guerra, num debate televisivo encontramos David Murch (Jon Tenney), um autor de discursos que trabalha para o actual presidente, do partido conservador; e Jane Cleaver (Thea Gill), uma constitucionalista também apoiante do partido conservador. Quando se junta ao debate, por video-conferência, a mãe de um soldado que morreu na guerra, Murch responde-lhe que, podendo pedir um desejo, pediria que o filho dela pudesse voltar, e dizer-lhe que tinha valido a pena estar naquela guerra.
Se era ou não mais uma estratégia de fingimento político fica um pouco por saber, mas o que é certo é que, quarenta e oito horas depois, um sem-número de soldados começa a regressar dos mortos. Mas não estamos a falar de zombies violentos, bem pelo contrário. São cidadãos afáveis, caminham pelas ruas normalmente, sendo, no entanto, imortais. Ou pelo menos assim parece, até que se começa a perceber que o motivo deste retorno é um: os mortos querem votar.
A verdade é que, ao longo de "Homecoming" não somos levados a ver estes zombies como assassinos crueis, bem pelo contrário parecem-nos nobres e dignos daquilo que fazem.
Tal como acontecia com "Chocolate", o episódio anterior, há que perguntar se "Homecoming" é realmente um filme de terror. E parece-me que não. Difere de "Chocolate" na medida em que, se descontextualizado, nos parece um filme de algumas qualidades. Trata-se de uma acção serena, com raros sobressaltos, em que sobressai muito mais todo o jogo de bastidores que, supõe-se, rege a política do que propriamente na questão dos zombies.
Não sei se era esse o objectivo de Dante, mas "Homecoming" não deixa de soar um pouco como filme-protesto, quer pela denúncia da situação da guerra, quer por outras questões, nomeadamente a das ilegalidades cometidas no que toca a contos de votos em eleições.
Tendo um arranque realmente forte, "Homecoming" peca um pouco pelo exagero, que acaba por fazer o filme, em certas alturas, parecer realmente uma paródia, mais do que outra coisa qualquer, o que nos relembra que Joe Dante tem também experiência no que toca a esquisitices cómicas.
O conceito é interessante e a execução não fica propriamente aquém. Ainda assim, "Homecoming" está a muito muito longe de ser um dos melhores momentos de "Masters of Horror".
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