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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Masters of Horror: Family de John Landis (2x02)

FELICIDADE CONJUGAL


Depois de, na primeira época de Masters of Horror nos ter dado "Deer Woman", um filme oscilante entre o bom e o previsível, John Landis aparece em grande na segunda época da mesma série.


A média que nos propõe chama-se "Family". Não podia começar de uma forma mais engraçada: ficamos perante uma série de planos que nos dão logo indício de estarmos perante uma comum rua dos subúrbios americanos, com árvores floridas e famílias felizes.
É neste ambiente que encontramos Harold (George Wendt) a receber, na cave da sua casa, o "pai". Na verdade, coloca o corpo do homem inconsciente numa banheira onde o cobre de ácido, ao som de música gospel. Logo por aqui, nos primeiros minutos de "Family" percebemos que estamos perante uma sátira promissora.
E, a verdade é que o filme não poderia ter corrido melhor.
A história avança quando um casal jovem que acaba de se mudar para o bairro, por acidente, embate contra a caixa de correio de Harold. Celia (Meredith Monroe) e David (Matt Keeslar) acabam por socializar um pouco com Harold.
Entretanto, vemos que, contrariamente ao que Harold diz quando conhece o casal recém-chegado, ele tem uma família. Uma família de esqueletos: uma mulher, uma filha, e o avô, que acaba de se mudar para a casa.
Quando Harold decide arranjar também uma avó, percebemos que, por norma, ele rapta as pessoas em bairros distantes, para não levantar suspeitas.


No entanto, apaixona-se imediatamente por Celia, ao ponto de considerar substituir por ela a esposa.
Ao longo do filme, somos confrontados com o comportamento psicótico de Harold, enquanto vemos também as angustias de Celia e David que haviam, há pouco tempo perdido uma filha.
Se se pode dizer que "Family" nos apresenta uma premissa que não é propriamente surpreendente, a verdade é que está tão bem resolvida que não conseguimos deixar de aderir.
Inesperada é a aptidão de Landis para a ironia a que o argumento, de Brent Hanley, obriga.
Podemos, por um lado, observar o filme do ponto de vista "psiquiátrico", e observamos os delírios de Harold, em que há algo de sádico e de desesperado ao mesmo tempo.
Ou, por outro lado, podemos também interpretar este filme como uma crítica à obsessão da América, e de todo o mundo, pela família e pela felicidade familiar em que um indíviduo parece ser mais normal tendo uma família de esqueletos do que se não tiver família.
Uma vez mais levanto a questão de se este filme é um filme de terror. Parece-me, claramente, que não. No entanto, ele utiliza a questão da sátira e da crítica, que está subjacente um pouco por todos os filmes do género, desde "The Texas Chainsaw Massacre" (1974) de Tobe Hooper a "Fantasmas de Marte" (2001) de John Carpenter. E, portanto, talvez não esteja assim tão descontextualizado. E, sem dúvida, utiliza uma técnica sem a qual o cinema de terror talvez nem pudesse existir, que é a apropriação das características das doenças psiquiátricas, de que podemos recordar tantos e tantos filmes, e de que cito, a título de exemplo, "Friday the 13th" (1980) de Sean S. Cunningham, ou "Frailty" (2002) de Bill Paxton.
Se "Deer Woman" era um filme de algumas fragilidades, "Family", pelo contrário, parece estar bem assente e é claramente um dos filmes a recordar de "Masters of Horror"


domingo, 19 de setembro de 2010

Masters of Horror: Deer Woman de John Landis (1x07)

A SEREIA ASSASSINA

Também surgido nos anos 70, John Landis balança-se entre estilos tão diversos como o terror e a comédia. "An American Werewolf In London" (1981) será um dos seus filmes mais badalados, isto se excluirmos o seu trabalho como realizador de videoclips dos quais os de Michael Jackson serão os mais conhecidos.


Sendo que, pessoalmente, o seu trabalho não me parece de particular relevância, não posso deixar de expressar a minha surpresa por encontrá-lo em "Masters of Horror". A sua participação é este "Deer Woman", filme que se insere muito bem no estilo das lendas assustadoras que se revelam muito reais.
A média de Landis começa com uma típica cena de tasco americano frequentado por camionistas, um dos quais é brutalmente assassinado, ao ponto de o seu cadáver oferecer algumas dúvidas sobre se se trata ou não de um humano.
O genérico do filme está deveras bem conseguido, com uma série de desenhos tribais ao som da música desconcertante de Peter Bernstein que consegue fundir muito bem o lado clássico com o lado étnico. A inclusão da famosa pintura da mulher-veado de Frida Kahlo está também muito bem pensada.
Para investigar o sucedido é destacado Dwight Faraday (Brian Benben), um detective falhado do F.B.I., que, apesar dos vários precalços, consegue ficar encarregue do caso. Com a ajuda do agente Jacob Reed (Anthony Griffith) e da média legista Dana (Sonja Bennet), Faraday chega à conclusão de que os vários cadáveres de homens que vão aparecendo parecem ter estado próximos de uma mulher aquando da sua morte (Dado que estavam todos com uma erecção.), ainda que o brutal ataque pareça ter sido feito por um veado. Os interrogatórios àqueles que teriam estado perto dos assassinados têm um comum o facto de todos referirem uma mulher muito bela, com aspecto índio.
É assim que encontramos essa bela mulher (Cinthya Moura), seduzindo homens que depois aparecerão mortos. As teorias cada vez mais improváveis dos detectives culmina com a história, contada por um descendente de índios, de uma mulher belíssima que da cintura para baixo era um veado. Cedo se percebe que é esta mulher-veado quem ataca os homens, desfazendo-os literalmente.


O filme de Landis tinha, então, tudo para correr mal, e nalguns aspectos corre mesmo. É como se o realizador tivesse consultado uma espécie de manual de dos & don´ts do cinema de terror, e tivesse decidido adoptar tanto duns como de outros. Assim sendo, nalguns momentos, "Deer Woman" não consegue utrapassar uma acentuada predicabilidade, ainda que noutros consiga ser surpreendente e até muitíssimo bem pensado.
Se neste filme há algo de bom, é certamente o desenlace da história da mulher-veado, ainda que o conceito em si, de uma mulher-assassina que usa o sexo para atrair as suas presas seja tão vulgar que, nem de propósito, o encontrámos ainda em "Masters of Horror", na película de Dario Argento, "Jenifer".
Mas claro que o filme de Landis é um conceito bastante diferente, e talvez seja mesmo isso que tem de interessante: resgatar uma lenda dos nativos americanos, tornando o folclore numa realidade mortífera. Se essa ideia fez com que Jamie Blanks tenha realizado um dos melhores filmes de terror dos anos 90, "Mitos Urbanos", a verdade é que aqui, ainda que a lenda tivesse mais potencialidades, fica, mesmo assim, um tanto aquém. E aqui entra a questão do benefício da dúvida.
Como acima disse, o percurso de John Landis não me parece um de especial interesse, mas tenho que admitir de "Deer Woman" talvez pudesse ser um filme realmente bom, se não fosse a limitação de tempo, que contribui consideravelmente para que, em muitos aspectos, fiquemos com a impressão de que este filme anda demasiado depressa, anulando alguns efeitos de suspense que, como se sabe, são ingrediente indispensável ao cinema de terror.