sexta-feira, 30 de maio de 2008
hoje
Está para breve
o concerto de Maria de Medeiros no Centro Cultural de Ílhavo. Dia 6 de Junho, mais propriamente. Um cheirinho sugerido por mim, "Tanto Mar" de Chico Buarque, aqui misturado com a "Grândola" de Zeca Afonso
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Manisfesto Anti- Auto-estradas
Em tudo o resto, as auto-estradas são um dos piores conceitos da idade contemporânea, e acho que deviam acabar com elas.
O verdadeiro prazer de uma viagem consiste, essencialmente, pelo conhecimento que nunca chega a sê-lo, dos não-lugares pelos quais passamos a caminho dos locais para onde nos deslocamos. É muito melhor ir para um lugar qualquer e pelo caminho passar pelo meio das vilas e das pequenas cidades, ver as ruas, os cafés, as pessoas, do que andar pelo meio do deserto interior onde tudo são árvores e mais árvores.
A auto-estrada é mais rápida. Mas na auto-estrada vemos a belíssima luz dos candeeiros de rua a incidir nas fachadas das casas? Vemos as pessoas a passear, compenetradas na sua vida? Não vemos. E isso não tem piada nenhuma.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
2 poemas de Isabel de Sá
Lento sofrimento este
sem tocar dedos de sombra, queimaduras ou luva.
Ou respirar de outro ser, tão fuído, desolado e frio"
em "Restos de Infantas", 1984
terça-feira, 27 de maio de 2008
domingo, 25 de maio de 2008
para sair da onda depressiva
em que tenho andado mergunlhado, lembrei-me desta música dos The Strokes, aqui ao vivo no Jools Holland. É a banda de Julian Casablancas no seu melhor, com "Heart In a Cage".
(letra: Julian Casablancas)
Well I don't feel better
When I'm fucking around
And I don't write better
When I'm stuck in the ground
So don't teach me a lesson
Cause I've already learned
Yeah the sun will be shining
And my children will burn
Oh the heart beats in its cage
I don't want what you want
I don't feel what you feel
See I'm stuck in a city
But I belong in a field
Yeah we got left, left, left, left, left, left, left
Now it's three in the morning and you're eating alone
Oh the heart beats in its cage
All our friends, they're laughing at us
All of those you loved you mistrust
Help me I'm just not quite myself
Look around there's no one else left
I went to the concert and I fought through the crowd
Guess I got too excited when I thought you were around
Oh he gets left, left, left, left, left, left, left
I'm sorry you were thinking; I would steal your fire.
The heart beats in its cage
Yes the heart beats in its cage
Alright
And the heart beats in its cage
do álbum "First Impressions Of Earth"
reflexões escusadas de um niilista
se calhar
sábado, 24 de maio de 2008
A Eternidade e o Desejo de Inês Pedrosa
De Inês Pedrosa já nos chegaram romances tão bons e tão humanos como “Nas Tuas Mãos” ou “Fazes-me Falta”. E este último demarca-se não só pela humanidade e sobriedade do próprio texto, como pela aclamação por parte do público, tendo Marcelo Rebelo de Sousa afirmado que este seria “inquestionavelmente o melhor romance de Inês Pedrosa”. Tudo isto é um problema, porque o próximo romance parece já estar condenado ao fracasso.
E é “A Eternidade e o Desejo” um fracasso? Não. Na realidade, este é um texto mais rápido que qualquer um dos outros (Em particular do que “A Instrução dos Amantes” em que uma tendência barroca acaba por assombrar a história.), sem, por isso, perder qualidade.
Clara, uma professora universitária portuguesa cega, viaja ao Brasil na companhia do seu amigo Sebastião, o Brasil onde, além de ter ficado cega, perdeu o grande amor da sua vida. Precisamente um professor universitário brasileiro especialista em António Vieira. E foi quando foi ter com ele ao Brasil que foi baleada e perdeu a visão.
No seu retorno, junta-se á viagem do percurso do Padre António Vieira, cujas palavras a guiam pela descoberta do sentido da vida. É ao longo deste percurso que a sua relação com Sebastião, que está apaixonado por ela se vai destruindo lentamente, e que Clara percebe que é no Brasil, mais propriamente na Bahia que tem que ficar.
É aqui que o romance mais peca: de repente, é como se Portugal fosse só defeitos e o Brasil fosse a terra da virtude. É um fanatismo um pouco incompreensível: eu reconheço que Portugal é de facto um país deplorável em muitos aspectos, mas não é como se o Brasil fosse tão perfeito assim: afinal, se os portugueses não sabem rir, os brasileiros não sabem chorar, que também faz falta.
Em tudo o resto, nunca se consegue duvidar da veracidade destes personagens, dos seus sentimentos e das suas reacções.
É uma leitura absolutamente recomendável, aparte da capa que resulta mesmo muito mal (Parece um livro técnico.).
Veredicto: 19/20
sexta-feira, 23 de maio de 2008
something must break
apetece-me sair daqui, e vaguear pela estrada, até já não fazer a mínima ideia de onde estou. fecho os olhos e com toda a nitidez vejo-me fazer sexo contigo. nem sei bem a que esfera essa imagem pertence. vejo o teu corpo a deslizar em cima do meu extase. vejo a luz da lua a entrar pela janela, a caír sobre a tua pele, não sei se é branca ou se é da lua. "the lenghts that I would go to, the distance in your eyes." aqui estou eu, de pé, á espera que a chuva pare, talvez apareças assim. "with your halo slippin down". só gostava que alguém me dissesse o que fazer, eu não sei. quero ficar aqui parado á espera de perceber o que tenho. que coisa é esta? quero aproximar-me de ti. "and i swear that I don´t have a gun". Levem-me daqui. os teus olhos abandonam-me lentos pela rua, perco-te o rasto, o impacto imediato, a sensação, de "quando se ateia em nós um fogo preso".
Deixo-me vaguear, e fico enebriado de pensar em ti. "well, whatever, nevermind"
Referências:
"Esta Depressão Que me Anima" (Maria Rodrigues Teixeira/ A Naifa)
"The Love Song" (Marilyn Manson/ Marilyn Manson, John 5)
"Losing My Relligion" (R.E.M.)
"The Noose" (A Perfect Circle)
"Come as You Are" (Kurt Cobain/ Nirvana)
"Fogo Preso" (Vasco Graça Moura/ José Fontes Rocha)
"Smells Like Teen Spirit" (Kurt Cobain/ Nirvana)
quinta-feira, 22 de maio de 2008
more or less some time ago
quarta-feira, 21 de maio de 2008
contratempo [poema(?) escrito enquanto eu não tinha paciencia para ouvir uma aula]
Maio. 2008
(última frase com referência a "Memória de Elefante" de António Lobo Antunes, "amo-te tanto que não te sei amar" (1979))
terça-feira, 20 de maio de 2008
11:33
segunda-feira, 19 de maio de 2008
un chien andalou
Argumento dividido entre Luis Buñuel e Salvador Dalí, "Um Cão Andaluz" é o percursor e o mais mediático filme surrealista. Buñuel sonhara com uma lâmina a cortar um olho, Dalí com uma mão que deitava formigas. Cruzaram os sonhos. Buñuel alegava que ambos declinaram qualquer imagem que pudesse ter uma explicação racional. Mas, como sempre acontece, é pouco claro se realmente assim foi. Muitas imagens parecem fazer sentido e ter de facto um determiando objectivo. Burros estão sepultados em pianos que arrastam padres. A mulher tem a axila depilada enquanto o homem cospe pelo. Os anos passam mas as pessoas estão no mesmo sítio e não envelhecem. Este é um filme brutal. E essencial para qualquer um que queira perceber em pleno o surrealismo.
domingo, 18 de maio de 2008
Picabia/ Tzara: Exemplos de Dadaísmo
Onde nós vivemos as flores dos relógios pegam fogo e as plumas circundam o brilho na distante manhã de enxofre as vacas lambem as rosas de sal
meu filho
meu filho
deixa-nos sempre arrastar pela cor do mundo
que parece mais azul que o metro e a astronomia
somos demasiado magros
não temos boca
as nossas pernas são demasiado hirtas e batem uma na outra
as nossas caras não têm forma como as estrelas
pontos de cristal sem força basílica queimada
louca: as fendas em zig-zag
telefona
morde a manipulação liquefeita
a arca
escala
astral
memória
para o norte através da sua dupla fruta
como carne crua
fome fogo sangue
sábado, 17 de maio de 2008
encontros com poetas do porto
17 de Maio: Rui Lage
31 de Maio: Rosa Alice Branco
7 de Junho: Inês Lourenço
14 de Junho: António Barbedo
21 de Junho: Isabel de Sá
28 de Junho: António Rebordão Navarro
5 de Julho: Daniel Maia-Pinto Rodrigues
12 de Julho: José Emílio-Nelson
19 de Julho: Daniel Jonas
26 de Julho: Helga Moreira
o poema
Despertei com o espírito liberto de qualquer pensamento.
Afastaste a boca do meu rosto
como se recolhesses as rodas do avião depois de levantar e
despedimo-nos daquele radar que nos protegeu e
ao mesmo tempo nos prendeu a Lisboa.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
back to grunge
IMPORTANTÍSSIMO
Já estreou em Cannes a versão cinematografica de um dos melhores romances de José Saramago. E se o Nobel lhe chamou "Ensaio sobre a Cegueira", Fernando Meirelles, já conhecido pela "Cidade de Deus", chamou-lhe simplesmente "Blindness". A protagonista é uma das minhas actrizes preferida: Julianne Moore, no papel da Mulher do Médico. Estou á espera para ver...
quinta-feira, 15 de maio de 2008
creio que
a fénix (ou texto dito poético que encontrei entre apontamentos de história de arte)
Num último espasmo de prazer, a parede desaba e por trás dela uma luz cose-me na boca um sorriso. Nesse momento, eu sei tudo o que não se pode saber.
Já deitados lado a lado, os lençóis enterram-nos, moribundos. A luz filtrada escreve na cabeceira da cama os nossos nomes acima do nosso ano de nascimento e do nosso ano de morte.
Depois, a simpatia do silêncio permite que se ouça a nossa respiração, prenuncio do renascer que vem provar a existência efectiva do mito da Fénix.
Abraçados um no outro, o silêncio grita em nossa vez. A tua boca que não se move canta-me uma trova já esquecida na Idade Média, cuja linguagem arcaica que não sei falar consigo compreender.
Quanto mais os teus olhos me fixam, mais eu esqueço aquilo que há pouco aprendera. São os teus olhos Hugolino e os meus os filhos que te acompanham na condenação injusta da tua fome.
Logo a seguir é a noite que se aproxima dizendo-me com os olhos que tens que partir.
Das estantes caem todos os livros que se empilham na porta, para nos protegerem. Baltasar e Blimunda, Osvaldo Campos e Maria London Loureiro, o príncipe Nekliudov e Katiucha Maslova, Nastenka, Gregor Samsa, o Psiquiatra, todos eles fogem das respectivas páginas para impedir que a noite te escorrace do quarto a que pertences.
Por alguma razão que a todos escapa, tu sorris. Dos céus caem as estrelas. Ridicularizada pela vulgaridade do seu manto, a noite aninha-se sobre a cidade, e nesse momento conhecemos a ampliação da paz.
Encolhes-te, encostas-te no meu tronco, e os meus braços apertam-te contra mim, certificando-se que não foges. Ficamos para sempre assim, fiéis á convicção da madrugada.
Nessa lealdade, desfalece a noite, criada obediente do Cronos a quem, matreiros, conseguimos escapar.
Lentamente, o sono fecha-nos as pálpebras sobre a vista turva. Em breve chegará a manhã. Podem ter-nos tirado a morte, mas nós ficámos com a luz.
Porto, 28 de Fevereiro de 2008
quarta-feira, 14 de maio de 2008
dragon
You touched my hand
Just stay awhile
Cause your wild card boy needs playing
Don't tell me
When I look back over
Just stay a while
Cause your wild card boy needs playing
terça-feira, 13 de maio de 2008
Ornamento e Essência: A Bipolaridade na Música dos The Gift
Nunca, ao falar de música em Portugal se poderia não falar dos The Gift, ou não estivéssemos a falar de uma das bandas mais originais e coesas na paisagem musical deste nosso país.
Este é um percurso difícil, mas triunfante. Quando, em 1994, os Gift fazem uma edição de autor do seu EP “Digital Atmosphere”, ninguém podia prever que efectivamente a banda fosse capaz de continuar. Isto porque, e ainda que este EP seja marcado por uma certa hesitação, nota-se já que é um projecto arrojado e sem precedentes no que toca a composição e principalmente a arranjos. O que em 1998 irá tornar-se muito óbvio com o álbum “Vinyl”, é que nos The Gift existem duas vertentes contínuas: a essência e o ornamento. É justo dizer que estamos perante música alternativa, mas é igualmente justo dizer que estamos perante uma tendência mais barroca desta. Trazendo na bagagem as influências de Bjork, Portishead, Massive Attack ou Divine Comedy, o resultado era absolutamente impressionante.
Tudo nos The Gift é calculado, o maximalismo e a obsessão pelo detalhe a isso obrigam: a quantidade infinita de sons que se sobrepõem e complementam, as composições intensas, a fortíssima voz de Sónia Tavares e as letras vagas e no entanto impactantes (Principalmente as da vocalista.).
E se “Vinyl”, primeiro álbum com edição comercial, continha canções que pareciam o máximo que uma banda pode dar, como sejam “Time”, “Truth”, “My Lovely Mirror” ou “Weekend”, “Film”, o álbum de 2001, viria a provar que ainda há mais e melhor, e assim nos surgiam mais pérolas como “Front Of”, “Me Myself and I”, “Water Skin”, “So Free”, “Actress” ou “Next Town”.
“AM-FM”, álbum de longa produção, fazia a divisão exacta entre o íntimo e o eufórico, nos dois lados correspondentes a dois CD que compunham a caixa. E este parece ser um ponto de fim de ciclo, além de ser mais um passo evolutivo no percurso da banda de Alcobaça. E esta ideia de fim de ciclo é confirmada por “Fácil de Entender”, o registo ao vivo at last. Mais do que a gravação de um concerto, “Fácil de Entender” é um espectáculo pormenorizado e uma explosão estética visual a fazer justiça á música. São apresentados alguns dos momentos mais significantes de “AM-FM”, como “Cube”, “11:33”, “Pure”, “Red Light” ou “Wallpaper”, além de outros mais antigos, agora em versões muito diferentes.
Depois de “Fácil de Entender”, há que esperar pelo que aí vem. Pelo caminho, surge “In Repeat”, música da colectânea “Lisboa”, de várias bandas. Uma música de sonoridade electrónica, noctívaga e etérea, para ouvir in repeat.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
in repeat
domingo, 11 de maio de 2008
Mulholland Drive
do mestre absluto David Lynch, a cena do Clube Silencio.
"NO HAY BANDA
THERE IS NO BAND!"
A Naifa: Uma Inocente Inclinação Para o Mal
Isto de juntar a pop com o fado num país de puristas, onde alguns fadistas mais inovadores como Mísia ou Cristina Branco já são rotuladas de não-fadistas, é algo que não lembraria a alguém que goste de jogar pelo seguro.
No entanto, há que dizer que a esta junção pouco segura, há que acrescentar que foi bem-sucedida: os Naifa são uma das melhores bandas portuguesas da actualidade.
Depois da estreia com “Canções Subterrâneas”, chega “Três Minutos Antes da Maré Encher”, um álbum que pontuava em relação ao primeiro por uma ainda maior profundidade, e por um muito maior á-vontade nas movimentações pouco ortodoxas que os definem.
Veredicto: 18/20
sábado, 10 de maio de 2008
Nada melhor
quando se está deprimido do que ir fazer resgates. Eu hoje resgatei esta música da Natalie Imbruglia, que já não houvia há que anos. No entanto, devo dizer que ainda soa bem, estranhamente. É certo que o percurso de Imbruglia é muito incerto, oscilante e escorregadio. Mas esta música é um clássico. "Torn" foi a canção que a deu a conhecer ao mundo, e que eu odiei. Quando todos a esqueceram, eu passei a gostar, ou talvez tivesse a ver com a fase em que estava... enfim, tudo isto vai dar ao facto de estar a aborrecer-me a mim mesmo. O video é a fugir para o estúpido, mas passa. Boa mesmo é a música.
"I thought I saw a man brought to life
He was warm
He came around
And he was dignified
He showed me what it was to cry
Well you couldn't be that man I adored
You don't seem to know
Or seem to care
What your heart is for
I don't know him anymore
There's nothin' where he used to lie
My conversation has run dry
That's what's going on
Nothings right
I'm torn
I'm all out of faith
This is how I feel
I'm cold and I am shamed
Lying naked on the floor
Illusion never changed
Into something real
I'm wide awake and I can see the perfect sky is torn
You're a little late
I'm already torn
So I guess the fortune tellers right
I should have seen just what was there and not some holy light
But you crawled beneath my veins
And now, I don't care
I have no luck
I don't miss it all that much
There's just so many things
That I can't touch
I'm torn
There's nothin' he used to lie
My inspiration has run dry
That's what's going on
Nothing's right
I'm torn"
Do longínquo álbum "Left Of The Middle".
bird gehrl
Antony Hegarty para "I Am a Bird Now" Antony and The Johnsons (2005)
Imagem: Izima Kaoru, "Aure Atika Wears Paul & Joe" (2001)
sexta-feira, 9 de maio de 2008
A Hero Never Dies de Johnnie To
Se houvesse um daqueles inquéritos estúpidos sobre cinema em que a pergunta fosse qual era o filme mais tenso que já vimos na vida, provavelmente, eu responderia que era “A Hero Never Dies” de Johnnie To.
Isto porque de facto, a característica que mais ressalta á vista do espectador é que todo o filme se desenrola numa atmosfera muito borderline, quase demasiado. O conceito de uma situação de fronteira, de uma situação-limite é certamente muito familiar ao cinema, á literatura, e á arte em geral. Mas, neste filme, todas as situações parecem ser de fronteira.
E, se por vezes, isto é uma qualidade, por vezes é um excesso, e logo, um erro.
A história desenrola-se a partir daqui. Há um realce aos papéis das mulheres destes dois homens, que se revelam verdadeiras heroínas, e ainda que tenham caminhos opostos, há o fim em comum.
E este fim há-de ser o impulso para o verdadeiro clímax do filme, que não é, como poderia parecer, a cena do motel.
Há que referir a forma como To retrata os homens de negócios, grandes negócios da China, literalmente, em que vale tudo, de sangue a violência, e, principalmente, a traição. E da traição, vem o passo mais lógico: a vingança por parte de quem é traído.
Espremido tudo, há os dois pólos de qualidade no filme: a parte má passa pelo arrastamento de várias cenas que chegam a ser irrealistas (A cena dos copos de vinho, ou no motel, onde todas as pessoas são baleadas no mesmo lugar- abaixo do ombro.); e por outro lado, a parte boa que passa pela humanidade e pela força emotiva tremenda que To consegue colocar nos personagens, muito também pelo excelente desempenho dos actores e das actrizes.
Veredicto: 17/20
quinta-feira, 8 de maio de 2008
big brother
They bang,
They drown,
They look for the man
They run, they hide,
they search fraternize
They crawl,
They bite,
They rise despite
They beam,
They feel,
They fight, big brother
They meet billionaires,
jump upon favours
React, silent, slowly, believe
They catch, arrest,
crumble, tonight
They dry, they dye,
withdraw, grave full
Won't you beat me please
Hope you feel some relief
Find you knocking, knocking on the past
In your gloomy dreams
Sure of dying away
They suck,
They seek,
drop full and tick
They scape
trough the tunnel,
satisfied, moralized
They drug,
They doubt,
gnawing a mankind
They kill,
They still
supervise,
big brother
Hide and
run fast,
got no time
to rest
That guy, long hair,
tough boots, danger
Communist, terrorist,
enemy, nigger
Kill the beast,
rest in peace,
loved God,
pull the trigger
Won't you shoot me
Please
Blame it on me
For the fact that you
Cannot avoid
Feeling me
Sure of dying away
MIGUEL GUEDES, para "TRIGGER", Blind Zero, 1995
Imagem: "O Crítico de Arte" de RAOUL HAUSMANN, 1919
IMPORTANTE: Peço desculpa pelo José Figueiras estar a falar no início do vídeo linkado. O que interessa é a música
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Hoje
(Ainda) por falar em bandas portuguesas
há que não esquecer os A Naifa. São um bom exemplar de uma banda para quem ser português é importante, mas não essencial. Isto porque a génese da sua música é a fusão entre o fado e uma pop melancólica: com toda a naturalidade, a guitarra portuguesa toca a paredes meias com a bateria e o baixo. Também não utilizam certos tradicionalismos por norma associados ao fado. Nomeadamente no que toca ás letras. Isto porque na música dos Naifa, as palavras estão sempre ligadas a um universo simultaneamente urbano e interior: esta associação poderia ser literaria- afinal, é normal que num ambiente urbano, movimentado, rápido e impessoal,as pessoas acabem por se defender fixando-se no seu próprio interior. Entre os poetas que já escreveram para os Naifa contam-se Rui Pires Cabral, José Miguel Silva, Carlos Luís Bessa ou José Luís Peixoto.
O novo álbum, "Uma Inocente Inclinação Para o Mal", sucessor do excelente "3 Minutos antes da Maré Encher", já está publicado. A ouvir, mesmo.
terça-feira, 6 de maio de 2008
Na verdade, recriar
Tori Amos: "Raining Blood" (cover dos Slayer)
Do metal ao piano quase solo. Tori Amos é um génio, disso não se duvide, mas esta cover bate todos os recordes. Ouçam aqui
Placebo: "Running Up That Hill" (cover de Kate Bush)
A banda de Brian Molko torna o desespero dramático duma das mais importantes cantoras da história da pop num momento absolutamente deprimente. Imperdível, claro. Ouçam aqui
Jamie Cullum: "Everlasting Love" (cover de Robert Knight)
Cullum faz uma versão mesmo romântica (No bom sentido.) desta canção que podia ser uma desgraça. Ouçam aqui
Marilyn Manson: "Sweet Dreams (Are Made Of This)" (cover dos Eurythmics)
Música emblemática dos Eurythmics, Manson parece criar a antítese dos conceitos desta banda. Annie Lennox será sempre Annie Lennox, mas Manson não se sai mal. Ouçam aqui
Sia: "I Go To Sleep" (cover dos The Pretenders)
Sia Furler aventura-se pelas covers, primeiro ao vivo, em "Lady Croissant", e depois em estúdio no seu álbum mais recente. A cover é dos Pretenders, e fica muito bem assim. Ouçam aqui
This Mortal Coil: "Song To The Siren" (cover de Tim Buckley)
Talvez a versão desta banda seja mais conhecida do que original, mas "Song to the Siren" é mesmo de Tim Buckley. Liz Fraser está, claro, no seu melhor. Ouçam aqui
segunda-feira, 5 de maio de 2008
fado alexandrino
domingo, 4 de maio de 2008
Absolutamente obrigatoria
esta versão ao vivo de "Dragon", o tema que encerra o mais recente álbum de originais dessa minha Tori Amos. A personagem é Santa, na fase em que avalia os seus erros. Ao que parece, há um DVD ao vivo á vista. Eu cá espero que sim. Estes concertos da American Doll Posse Tour nunca podiam não ser publicados. Seria crime e maldade.
sábado, 3 de maio de 2008
the noose
So glad to see you well, overcome them
Completely silent now
With heaven's help
You've cast your demons out
And not to pull your halo down
Around your neck and tug you off your cloud
But I'm more than just a little curious
How you're plannin' to go about makin' your amends
To the dead
To the dead
Recall the deeds as if they're all
Someone else's
Atrocious stories
Now you stand reborn
Before us all
So glad to see you well
And not to pull your halo down
Around your neck and tug you to the ground
But I'm more than just a little curious
How you're plannin' to go about makin' your amends
To the dead
To the dead
With your halo slippin' down
Your halo slippin'
Your halo slippin' down
Your halo slippin' down
Your halo slippin' down
(I'm more than just a little curious)
Your halo slippin' down
(How you're plannin' to go about makin' your amends)
Your halo slippin' down
Your halo's slippin' down to choke you now.
letra: A PERFECT CIRCLE para "THIRTEENTH STEP"
imagem: BERNARD PLOSSU
(para ouvir, clique aqui)
Falando de músicos portugueses
há que não esquecer os Blind Zero, claro. Com um percurso muito coeso, que começa em 1995 com "Trigger" e se prolonga até á data, sendo a mais recente publicação é o álbum ao vivo "Time Machine (Memories Undone 1993-2007)". Do mais recente álbum de originais, "The Night Before And a New Day", sai este "Shine On", aqui em versão ao vivo. Para que não nos esqueçamos de que em Portugal se faz, efectivamente, boa música. A letra de Miguel Guedes (voz) destaca-se pela dimensão metafórica (O que aliás, é muito habitual na sua escrita.) que cola na perfeição na composição de caracter obsessivo/compulsivo. Isto são boas ideias.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
a fadista
Fica a sugestão.