O poema ensina a cair
sobre os vários solos
desde perder o chão repentino sob os pés
como se perde os sentidos numa
queda de amor, ao encontro
do cabo onde a terra abate e
a fecunda ausência excede
até à queda vinda
da lenta volúptia de cair,
quando a face atinge o solo
numa curva delgada subtil
uma vénia a ninguém de especial
ou especialmente a nós uma homenagem
póstuma.
Luiza Neto Jorge
O Seu a Seu Tempo
1966, ed. Ulisseia
pintura de Victor Brauner
2 comentários:
Este poema da Luiza é BRUTAL, e a imagem do pintor que escolheste para ilustrar, também.
Para mim é um dos grandes poemas da literatura portuguesa. E sei que o Victor Brauner era um artista de que a Luiza Neto Jorge mais gostava.
Ainda bem que gostaste da junção.
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