O caso dos Blind Zero parece-me um muito raro no panorama da música portuguesa. Estamos cheios de bandas que não conseguem ter uma identidade própria, e que muitas vezes se ancoram em sonoridades vindas do exterior e essas origens, mesmo que boas, perdem a qualidade ao serem imitadas. Pode isto não se aplicar a algumas bandas como os Mesa ou os Wray Gunn, e não se aplica certamente a outras como os The Gift ou os Clã e, para retomar o início do texto aos Blind Zero.
E se os primeiros dois álbuns desta banda portuense poderiam oferecer algumas dúvidas, elas dissipavam-se justamente na última faixa do segundo disco “Redcoast”: “Subtitle” foi o primeiro acto de rebelião dos Blind Zero, rebelião no sentido da conquista de um som próprio e nítido.
Vários anos volvidos, passaram discos em que esta rebelião se consumou, uma espécie de best-of ao vivo que, nalguns aspectos, vinha “limpar” as fragilidades dos primeiros álbuns e anuncia-se agora o lançamento de mais um álbum de originais: “Luna Park”.
O showcase na Fnac, hoje à tarde, foi uma espécie de ante-estreia do disco. Curta, sete canções apenas, mas suficiente para se ter a certeza absoluta de que os Blind Zero compuseram mais uma “pedra” firme para a construção do seu “edifício” musical.
Um showcase nestas condições, em que o álbum ainda não foi lançado, oferece, à partida, sempre uma certa estranheza ao ser ouvido, o próprio Miguel Guedes para isso adverteu. Neste caso, essa estranheza existiu mas, contrariamente ao que possa parecer, o facto de existir essa estranheza é um excelente sinal: só se estranha aquilo que é novo.
E em nenhuma destas sete canções me pareceu que os Blind Zero estivessem a repetir alguma canção anterior, sequer a repetir qualquer fórmula. São, no sentido mais pleno da palavra, canções novas.
Abriram com “Two Days”, canção de um pendor algo romântico, seguiu-se “Snow Girl”, segundo single já lançado de “Luna Park”. A terceira canção pareceu-me, em tempo-real, a mais forte das sete apresentadas, “Back To The Fire”, que recupera, em termos de som, uma violência que soava noutros álbuns, e em termos de letra, reflecte muito bem a excelente capacidade de escrita de Miguel Guedes, altamente metafórica. “Loose Ends” terá sido eventualmente a canção mais melancólica das apresentadas, mas mesmo essa melancolia soa diferente de outras canções anteriores, exemplifico de memória “Super 8” ou “Lately”.
“How The Wind Blows” e “Fun House” criaram uma espécie de ponto-de-rebuçado entre a tal violência de “Back To The Fire” e a melancolia de “Losse Ends”, e, por fim, “Slow Time Love”, primeiro single já há muito lançado, fechou o espectáculo com uma espécie de “alegria”: é, parece-me, das sete canções apresentadas, aquela que mais reflecte uma espécie de “esperança”, é uma das canções mais luminosas dos Blind Zero até agora, e esse é um lado que, para todos os efeitos, faz falta também.
“Luna Park” é editado na segunda feira, em edição de autor, o que me parece mais uma prova da total conquista de liberdade por parte dos Blind Zero que, agora, compõe e produzem o próprio material. Quanto a concertos, eis um pequeno calendário:
2 de Junho à meia-noite no Music Box em Lisboa, 3 de Junho da Fnac do Colombo às 17 horas, no mesmo dia às 21 e 30 na Fnac de Leiria, dia 9 às 22 horas na Fnac de Coimbra, dia 10 na Fnac de Braga às 22 horas, dia 13 no Fnac do GaiaShopping às 17 horas e, por fim, dia 23 na Casa da Música do Porto à meia-noite. Vale a pena ir.
E se os primeiros dois álbuns desta banda portuense poderiam oferecer algumas dúvidas, elas dissipavam-se justamente na última faixa do segundo disco “Redcoast”: “Subtitle” foi o primeiro acto de rebelião dos Blind Zero, rebelião no sentido da conquista de um som próprio e nítido.
Vários anos volvidos, passaram discos em que esta rebelião se consumou, uma espécie de best-of ao vivo que, nalguns aspectos, vinha “limpar” as fragilidades dos primeiros álbuns e anuncia-se agora o lançamento de mais um álbum de originais: “Luna Park”.
O showcase na Fnac, hoje à tarde, foi uma espécie de ante-estreia do disco. Curta, sete canções apenas, mas suficiente para se ter a certeza absoluta de que os Blind Zero compuseram mais uma “pedra” firme para a construção do seu “edifício” musical.
Um showcase nestas condições, em que o álbum ainda não foi lançado, oferece, à partida, sempre uma certa estranheza ao ser ouvido, o próprio Miguel Guedes para isso adverteu. Neste caso, essa estranheza existiu mas, contrariamente ao que possa parecer, o facto de existir essa estranheza é um excelente sinal: só se estranha aquilo que é novo.
E em nenhuma destas sete canções me pareceu que os Blind Zero estivessem a repetir alguma canção anterior, sequer a repetir qualquer fórmula. São, no sentido mais pleno da palavra, canções novas.
Abriram com “Two Days”, canção de um pendor algo romântico, seguiu-se “Snow Girl”, segundo single já lançado de “Luna Park”. A terceira canção pareceu-me, em tempo-real, a mais forte das sete apresentadas, “Back To The Fire”, que recupera, em termos de som, uma violência que soava noutros álbuns, e em termos de letra, reflecte muito bem a excelente capacidade de escrita de Miguel Guedes, altamente metafórica. “Loose Ends” terá sido eventualmente a canção mais melancólica das apresentadas, mas mesmo essa melancolia soa diferente de outras canções anteriores, exemplifico de memória “Super 8” ou “Lately”.
“How The Wind Blows” e “Fun House” criaram uma espécie de ponto-de-rebuçado entre a tal violência de “Back To The Fire” e a melancolia de “Losse Ends”, e, por fim, “Slow Time Love”, primeiro single já há muito lançado, fechou o espectáculo com uma espécie de “alegria”: é, parece-me, das sete canções apresentadas, aquela que mais reflecte uma espécie de “esperança”, é uma das canções mais luminosas dos Blind Zero até agora, e esse é um lado que, para todos os efeitos, faz falta também.
“Luna Park” é editado na segunda feira, em edição de autor, o que me parece mais uma prova da total conquista de liberdade por parte dos Blind Zero que, agora, compõe e produzem o próprio material. Quanto a concertos, eis um pequeno calendário:
2 de Junho à meia-noite no Music Box em Lisboa, 3 de Junho da Fnac do Colombo às 17 horas, no mesmo dia às 21 e 30 na Fnac de Leiria, dia 9 às 22 horas na Fnac de Coimbra, dia 10 na Fnac de Braga às 22 horas, dia 13 no Fnac do GaiaShopping às 17 horas e, por fim, dia 23 na Casa da Música do Porto à meia-noite. Vale a pena ir.
à falta de imagens do showcase, fica aqui o vídeo de "Snow Girl"
Sem comentários:
Enviar um comentário