sábado, 29 de maio de 2010

High Windows



When I see a couple of kids
And guess he's fucking her and she's
Taking pills or wearing a diaphragm,
I know this is paradise

Everyone old has dreamed of all their lives-
-Bonds and gestures pushed to one side
Like an outdated combine harvester,
And everyone young going down the long slide

To happiness, endlessly. I wonder if
Anyone looked at me, forty years back,
And thought, That'll be the life;
No God any more, or sweating in the dark

About hell and that, or having to hide
What you think of the priest. He
And his lot will all go down the long slide
Like free bloody birds. And immediately

Rather than words comes the thought of high windows:
The sun-comprehending glass,
And beyond it, the deep blue air, that shows
Nothing, and is nowhere, and is endless.


Philip Larkin
High Windows, 1974


Quando vejo um par de miúdos
E calculo que ele anda a fodê-la e ela
A tomar pilúlas ou a usar um diafragma,
Sei que é este o paraíso

Com que todos os velhos sonharam a vida inteira-
Preconceitos e cadeias postos de lado
Como uma ceifeira mecânica antiquada,
E os jovens deslizam sem mais parar

Pelo longo escorrega da felicidade. Pergunto
Se alguém, olhando para mim há quarenta anos,
Terá pensado,
Aquilo é que é vida;
Nem Deus, nem suores no escuro

Com medo do inferno, sem ter que disfarçar
O que pensa do padre. Com os outros irá
Sem parar pelo escorrega até ao fim,
De asas ao vento tal qual as aves.
E logo surgem

Não palavras, mas imagens de janelas altas:
O vidro abrangendo o sol
E para lá dele, o fundo ar azul, que mostra
Nada, está em lado nenhum e não tem fim.



Trad. Maria Teresa Guerreiro
In “Uma Antologia”
Ed. Fora de Texto, 1989
imagem de Edward Hopper

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