eram outras as partes da traição e do engano.
a cervejaria abandona a sua opulência vítrea para espelhar os corpos mata-borrões da noite.
o universo repousa a carne flácida nos chapéus brancos enfeitados com tangerinas- NÃO MATARÁS- as catadupas de palavras com a fluência de copos, olhos cegos acesos de espuma.
o interior esmalta-se no exterior com a indolência do outono.
quatro gomos
quatro gumes
quatro anjos atrás de nós.
o peito ressoa madrugadas- NÃO MATARÁS- a divindade num frasco.
nada está latente.
tudo se precipita.
a insolência do papel, meu amor, crio raízes, a água limosa, teu corpo imensa nave, o encontro do outro lado da margem.
estamos condenados ao júbilo.
os cossacos devassam as nuvens montanhas de algodão em rama, sob o piar dos mochos e o agasalho das mães no fundo dos poços.
rutilante a água chora pelas muralhas da cidade.
enquanto os peixes entram em elucubrações e adejam primaverilmente.
a cidade é o sepulcro lapidado com flores nas orelhas, o violento orgasmo do sol na vidraça, a cloaca do mar rasteiro nojento.
a parte franca.
Regina Guimarães
A Repetição
ed. Hélastre, Setembro de 1979
pintura de Francis Bacon
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