domingo, 15 de julho de 2007

Patrick Wolf: The Magic Position

POSIÇÃO DELICADA






Ele não sabe se está destinado a passar o resto da sua vida com um homem, com uma mulher ou com um cavalo, mas há uma coisa que ele sabe e muito bem: fazer música. Patrick Wolf é uma figura bizarra, mas muito interessante. Apresenta-se em palco sempre de uma forma inesperada (Tanto pode estar a vestir roupa preta, como uma camisa simples, como uma t-shirt prateada com a gola em barco e umas calças de padrão de zebra.), e tocando os mais variados instrumentos.

A primeira coisa que pode saltar á vista em "The Magic Position", para quem conhece os dois trabalhos anteriores, é precismante uma radical mudança de postura, musical e visual.

Ele que surge vestido de menino na capa de "Lycanthropy" e vestido de preto em "Wind On The Wires", tem agora um ardente cabelo vermelho, veste-se ás cores, e está montado num pequeno veado de carrossel, abaixo das palavras "The Magic Position". Portanto, o visual é, de longe, mais alegre e colorido. Depois ouvimos o álbum, e é quando entendemos que a música é, também ela, mais alegre e colorida. A "Overture" diz tudo. Depois, vamos ouvindo canções que nos falam de mistérios como posições mágicas, jardins secretos ou simplesmente estrelas.


Musicalmente, "The Magic Position" é o registo mais próximo da pop da ainda curta discografia de Wolf, isto sem se tornar um mau álbum. Aqui temos também as canções mais alegres e simples. O que era a complexidade, o maximalismo de "Wind On The Wires", o que era a sensação de que tudo era irrepetível, fica esbatido em "The Magic Position".



Sem perder a identidade musical, Wolf acaba por fazer, ao terceiro álbum, uma mudança de rumo que não deixa de ser arriscada, mas que resulta bem. Um tiro certeiro. Ele já tinha dito que o seu décimo álbum poderia vir a ser um álbum de black metal, o que demostra que não anda muito preocupado com criar unidade. Esta atitude é negativa apenas se ele não for capaz de enveredar na diversidade com o mesmo á-vontade em todas as áreas. Não é o que acontece. Ao mover-se de uma sonoridade mais indie/ folk para outra mais electrónica, Wolf não sofre de uma queda de qualidade.


Quem aprova este álbum são Edward Larrikin, que empresa a voz a "Accident and Emergency", o primeiro single, e Marianne Faithfull que empresta a voz a "Magpie". Duas participações de peso que não deixam de tornar o álbum mais descentralizado. A irmã do músico, Jo Apps participa com os backing vocals, e Derek Apps toca baixo e clarinete.


Seguindo um esquema em que as músicas são, realmente, tratadas como peças de um álbum, começando em "Overture", seguindo para o tom festivo do titletrack, e continuando por sonoridades heterogénias, mas subordinadas a um mesmo estilo. Encontramos canções que podem bem ser algumas das melhores de Patrick, coisas como "The Kiss", "Augustine" ou o interlúdio "The Bluebell" seguido de "Bluebells". Para terminar, uma "Finale" rápida.


Sem a complexidade de "Wind On The Wires" ou a inocência maldosa de "Lycanthropy", "The Magic Position" não é o melhor álbum de Patrick Wolf, mas é um álbum bom, e que ainda dá mais um motivo para aplaudir o multinstrumentista britânico: teve a coragem de mudar de direcção, e de caminhar num trilho tão mal-amado como a pop.

Veredicto Final_ 17/20

Sem comentários: