MASSIVE ATTACK: "Mezzanine" (1998)
Terceiro álbum, dos pioneiros do Bristol-Sound. Fusão de trip-hop com arranjos orquestrais, alternando as vozes melodiosas de Sara Jay e Liz Fraser (Cocteau Twins) com as vozes rasgadas de Horace Andy e Robert Del Naja. Por um lado a suavidade de "Dissolved Girl", uma canção com um esquema simples, mas muito conveniente, "Teardrop" ou "Black Milk" com a voz aveludada de Elizabeth Fraser, a quem já chamaram "a voz de Deus", e por outro as canções-alucionogénio "Inertia Creeps", os ritmos com ligeiras influências do árabe, e a voz de 3D a narrar uma história que foge em várias direcções, ou "Angel", onde Horace Andy consegue uma das suas melhores performances, senão mesmo a melhor, no contexto das suas colaborações com os Massive Attack. Ritmos acelerados ou envolventes para aquecer como o Sol ou refrescar.
Veredicto: 17/20ANATHEMA: "A Natural Disaster" (2003)
Publicado em 2003, oito anos após Lee Smith se ter tornado vocalista dos Anathema, "A Natural Disaster" é provavelmente o melhor registo da banda inglesa, até á data. Mais afastados agora do doom metal, e mais próximos do rock gótico ou do gothic metal, num registo mais melódico, melancólico e enegrecido, os Anathema correm tanto na direcção de canções mais "bonitas" e simples, como o belíssimo "Are You There?", como na direcção de coisas mais agressivas como "Electricity" ou mais extremistas como "Pulled Under At 2000 Metres A Second", mas sem nunca perder a noção do lado melodioso. Muito bom.
Veredicto: 18/20
SIA "Colour The Small One" (2004)
Sia Kate Isobelle Furler, ou só Sia, ficou conhecida ao dar a voz a "Distractions" e a "Destiny" (Aqui a meias com Sophie Barker.), no álbum de estreia dos Zero7, "Simple Things". Prolongou a sua colaboração com a banda ao álbum "When It Falls", e o registo mais recente, "The Garden", é-lhe entregue quase na totalidade. O seu primeiro álbum dava-se pelo nome de "Healing Is Difficult", e seguiu-se-lhe "Colour The Small One". O segundo á construído com músicas mais harmoniosas, mas também mais pop. Ainda que alguns momentos não soem a mais do que meros clichés numa voz fenomenal, algumas canções do álbum merecem ser ouvidas, e várias vezes, especialmente num dia de bastante calor... "Sunday", "Rewrite", "Don´t Bring Me Down" ou "Where I Belong" são bons exemplos. Grande destaque, no entanto, para "Breathe Me", a canção que fecha o último episódio da excelente série "Six Feet Under-Sete Palmos de Terra" de Allan Ball.
Veredicto_ 17/20
TEXAS: "The Redbook" (2005)
Com temas melhores que outros, sendo os melhores geralmente os mais ignorados, "The Redbook", o oitavo e mais recente álbum dos escoceses Texas, é outro dos álbuns que segue a lógica dos outros álbuns dos Texas: o público ignora tudo o que for muito bom. Portanto, pouco se falou deste álbum. Feito de canções de ritmos dançáveis, mas com elaborados arranjos, percussões fortes, quer sejam electrónicas quer acústicas, guitarras afirmadas e linhas fortes de baixo. A voz de Sharleen Spiteri revela-se uma vez mais flexível, encontramo-la em modelados deiferentes ao longo das faixas, mas vestindo como se de uma luva se tratasse. É sempre bom ouvir coisas como "Getaway", "What About Us" ou "Nevermind". Quanto a "Can´t Resist", uma só palavra: repeat...
Veredicto: 16/20
JONI MITCHELL: "Court And Spark" (1974)
Sexto álbum da cantora/compositora/letrista/pianista/guitarrista/pintora canadiana. Um álbum que chegou ao segundo lugar dos tops americanos, "Court And Spark" é uma história feita de cançãos simples, mais ou menos acústicas, certamente grandiosas, mas sem perder a pessoalidade e a emoção que canções tão temperamentais como estas exigem, e sempre com a sensualidade que a voz de Mitchell tem. Obrigatórias são "Same Situation", "Down To You", "Raised In Robbery" ou "People´s Parties". Quanto a convidados há vários, e de peso, David Crosby, Graham Nash, Dennis Budimir, Joe Sample, Susan Webb ou Wayne Perkins. A capa é da autoria de Joni Mitchell que, além do mais produz o álbum.
Veredicto: 18/20
VIVIANE: "Viviane" (2007)
Poderia ser uma presença da praxe, mas não é. O álbum homónimo de Viviane merece referência, tal como merecia o álbum de estreia, o ano passado. Com uma familiar sonoridade suave, brilhante, simples e envolvente, "Viviane" divaga entre o lado mais solarengo e uim outro mais intimista e triste, marcado acime de tudo pelos "Fados..." que fazem parte do alinhamento. Peca por não ser particularmente inovador, mas não deixa de ser um bom álbum, com uma alma muito vivaz, e muito algarvia.
Veredicto_ 16/20BILL CALLAHAN: "Woke On A Whaleheart" (2007)
Sendo o 12º registo de Bill Callahan, "Woke On a Whaleheart" é o primeiro em nome próprio, visto que os anteriores onze estão assinados por Smog. Canções consideravelmente mais alegres, mas sempre com uma sonoridade essencialmente acústica, com a marca inconfundível da voz de Callahan, acompanhada por um violino e guitarra. O próprio define o álbum como uma mistura de gospel, pop e ópera americana. Talvez sim. Numa sonoridade definitivamente afastada de Smog, Bill consegue aqui criar canções menos depressivas, antes sim com um toque de brilho que anteriormente não lhe conhecíamos. Talvez seja o namoro com Joanna Newsom... A ouvir "Diamond Dancer", "Day", "Night" e "A Man Needs A Woman Or A Man To Be A Man".
Veredicto: 16/20
FINAL FANTASY: "He Poos Clouds" (2006)
Owen Pallet é violinsta dos Arcade Fire, para quem faz os arranjos de cordas, mas é também Final Fantasy, uma espécie de alter.ego. Toca violino ou viola de arco para acompanhar a sua voz. E é um violinta e compositor raro, capaz de composições bastante irregulares, mas que executa sem a mínima dificuldade. A voz, essa, não é muito boa, limita-se a ter um timbre quente, mas é pouco flexível. A boa notícia, é que Pallet tem noção disso, e compõe de acordo com as suas limitações. Essa inflexibilidade não o impede de transparecer as suas emoções, pelo que grita e sussurra várias vezes ao longo das músicas, oferecendo-lhes personalidade. "He Poos Clouds", "The Arctic Circle" ou "I´m Afraid Of Japan" são referências obrigatórias.
Veredicto: 18/20
SARA TAVARES: "Balancê" (2006)
As origens cabo-verdianas de Sara Tavares vêm agora ao de cima, felizmente, e assim, longe ficam os tempos onde se canta na Eurovisão. "Balancê" é o sucessor de "Mi-Ma-Bô", e o melhor álbum de Sara, até á data. Marcado por canções leves e bem-construídas, cantadas em português, crioulo e inglês, caracterizadas por uma certa hedonia, "Balancê" contém momentos incontornáveis, como "Bom Feeling" (É bom ouvir qualquer coisa como Deixa a janela do sorriso aberta.), como "Balancê", a música dedicada a Maria José Sobral, a mãe da cantora, ou, principalmente, "De Nua", a canção onde a sua voz se cruza com a de Ana Moura, criando uma fenomenal dualidade entre o fado e a música cabo verdiana. Além de ser autora da maior parte das canções, Sara participa ainda como multi-instrumentista.
Veredicto: 16/20
MARIANNE FAITHFULL: "Before The Poison" (2005)
Após um best-of, nada como um álbum de originais. Marianne Faithfull pede canções a PJ Harvey, Nick Cave, Damon Albarn e Jon Brion, e consegue um dos seus melhores álbuns, talvez até o melhor desde "Broken English". Assim sendo, ficamos com um misto de canções mais calmas e outras mais isaltadas, mas todas envolvidas numa espécie de torpor do qual se deseja saír. Assim acontece em "Before The Poison", onde PJ Harvey musica palavras de Marianne Faithfull, em "There Is A Ghost", onde Nick Cave faz o mesmo, em "Last Song", música de Damon Albarn, ou "City Of Quartz" de Jon Brion. O que se passou depois do veneno ficará para o próximo álbum, mas antes, havia, de certeza, canções excelentes.
Veredicto: 18/20
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