Tal como acontece com Vanessa Carlton, julgo que também o segundo álbum de Delta Goodrem não está publicado em Portugal. De qualquer maneira, "Mistaken Identity" merece que se lhe dê uma oportunidade, nem que seja por respeito a "Innocent Eyes", o álbum de estreia desta pianista australiana.
"Innocent Eyes" era o álbum de uma menina de 18 anos, um fresco e agradável devaneio pop, com traços mais elaborados, demonstrando que Goodrem e os respectivos produtores não ficariam satisfeito por uma típica construção "voz, guitarra, bateria, baixo, piano". Além disso, continha grandes canções, baladas principalmente, como "Will You Fall For Me", "In My Own Time", "My Big Mistake" ou "Not Me Not I", e momentos que só davam vontade de repetir a audição do álbum, como ouvir a letra de "Not Me Not I", ou o arranjo de "Will You Fall For Me".
Em "Mistaken Identity" isso muda. Ou não muda, e o problema é esse: o segundo álbum parece-se mais do que devia com o primeiro. Não é que sejam iguais, mas a evolução não é tão grande como seria de esperar.
Para começar algumas das canções recusam-se a fazer o que em Delta Goodrem era tão bom: recusar os traços típicos pop. Agora, Delta aceita-os e encoropora-os, o que é uma pena, em mais canções do que devia. "Out Of The Blue" é uma delas, "Almoust Here" que canta com um lamechas Brian McFadden é outra.
Depois, aposta demasiado na sua própria voz, deixando para segundo plano as suas brilhantes interpretações ao piano. Para se salvar, nessas canções em que deixa entrar os commonplaces da pop, acaba por revelar-se melhor pianista do que cantora. Isto porque certas canções, como o brilhante "The Analyst" têm excelentes partituras para piano. Resultado, ficamos com uma espécie de iogurte de pedaços: temos uma massa homogénia, mas, pelo meio, encontramos algo mais sólido e saboroso, que, neste caso, são estes momentos de piano, e ainda algumas canções como "Sanctuary".
Se há momentos a referir, eles são, logo a segunda faixa, "The Analyst", uma rara composição pop; o titletrack, de uma força surpreendente, "Electric Storm", um momento mais romântico, "Fagile", e "Sanctuary".
Enfim, aquilo que era avassalador e surpreendente em "Innocent Eyes", já não é novidade em "Mistaken Identity", ainda assim, não deixa de ser um álbum pop de aplaudir, por preservar a qualidade.
Nota Final_ 14/20
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