quarta-feira, 27 de julho de 2011

Bikini Grils On Ice de Geoff Klein

NINGUÉM MERECE






É de 2009 esta bodega (E vão ter que me desculpar, mas recuso-me a tratar isto por "filme".) realizada por Geoff Klein. Deste realizador existiam, antes, apenas duas curtas-metragens, que não vi. E pelas impressões com que fiquei da primeira longa-metragem, este "Bikini Girls On Ice", nem me interessa ver as curtas.

Esta bodega apresenta-se como uma bodega de terror, ou como thriller, mas, na verdade, não consegue ser coisa nenhuma. Se o título é premonitório de uma bodega cheia de meninas em bikini e muitas cenas de sexo e gore gratuito, a verdade é que só a primeira premissa se cumpre.

"Bikini Girls On Ice" conta-nos a história (?) de um grupo de raparigas que, para angariar fundos para alguma coisa que não chegamos a saber o que é, se propõe a lavar carros na estrada, usando apenas bikinis. São acompanhadas por Blake (Tarek Ghader) e Tommy (Ivan Perik), que tratarão da manutenção do evento. O problema é que o autocarro onde se deslocam sofre uma avaria, e, em vez de fazerem o car-wash na praia, como planeado, têm que fazê-lo numa bomba de gasolina abandonada, numa estrada deserta do interior. Isto aontece no primeiro quarto de hora da bodega, e cumpre já um sem-número de clichés ligados ao cinema comercial que se apodera do terror. O que acontece com este tipo de objectos de venda é que, por norma, o terror é um mero pretexto para filmar imensas cenas de sexo e de nudez. E é mesmo aqui, e só aqui, que "Bikini Girls On Ice" consegue surpreender. De facto, as raparigas, imensas, aparecem sempre de bikini, mesmo nas situações mais inusitadas, mas não há cenas de nudez. Cenas de sexo há apenas uma, rápida e sem qualquer noção de erotismo, e, isso sim surpreendente, sem noção de como fazer vender uma cena de sexo.

Quanto ao gore, que por norma é a justificação da designação "terror", também não o há. As cenas de perseguição por parte de um assassino nojento que grunhe culminam sempre com planos da cara dele e com salpicos de sangue nas paredes.

As personagens não chegam sequer a ter existência, são meros corpos, sem qualquer tipo de backstory ou de seja o que for. Seria de esperar, pelo menos, corpos sensuais. Mas nem isso. As raparigas são, na sua maioria, feias e desengraçadas, algumas mesmo mal-feitas e todas, sem excepção, não fazem a mínima ideia do que é sensualidade. E, como seria de esperar, são todas más actrizes. Mas chegam a ser tão más que se torna penoso vê-las. A protagonista, Cindel Chartrand, é absolutamente inexpressiva, de um rosto liso e frio, e, quando fala, é sem o mínimo de convicção. Não surpreende ninguém que para uma bodega destas não se tenham conseguido boas actrizes, pois nenhuma mulher inteligente e que se auto-respeite aceitaria fazer um papel destes.

Os rapazes, apenas dois, e que são remetidos para quase figurantes, também não fazem melhor figura. Um e outro parecem seriamente inertes e incompetentes, não servindo os actores para sequer um papel tão frugal como o que aqui têm.

A inconsistência da premissa também vai sendo evidente ao longo destes tortuosos oitenta minutos, sendo o assassino uma figura mal empregada, realmente nojento de aspecto, mas tão mal construído enquanto personagem que não chega a causar nem o mais leve calafrio.

O final da bodega arrasta-se imenso, para um final bastante frouxo, de resto bastante à altura de tudo o que aqui é feito.






Eu já vi maus filmes. Já vi filmes muito maus, muitas vezes. Mas foram muito raras as vezes em que, como aqui, tive tanto a certeza que o realizador nem sequer estava a tentar. A tentar fazer um filme, já nem digo um bom filme.

Uma coisa destas, ninguém merece ver. O título "Bikini Girls On Ice" promete um misto de pornografia e horror, mas a bodega acaba por não resultar nem para um nem para outro.

E desafio qualquer pessoa a encontrar um filme pior do que este, excepção feita a Alexandre Aja, que conseguiu no seu "Piranha" igualar a proeza de Geoff Klein. Sinceramente, eu apoio qualquer lei que exija que Geoff Klein seja preso num asilo psiquiátrico e impedido de, alguma vez na vida, voltar a pegar numa câmara de filmar. Nem que seja para filmar a sua última vontade e testamento.




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