domingo, 31 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
she´s back
entrevista com excertos de canções novas e imagens da digressão de "American Doll Posse"
"Ophelia"
"Curtain Call"
"Flavour"
"Give"
ALINHAMENTO
1. give
2. welcome to england
3. strong black vine
4. flavor
5. not dying today
6. maybe california
7. curtain call
8. fire to your plain
9. police me
10. that guy
11. abnormally attracted to sin
12. 500 miles
13. mary jane
14. starling
15. fast horse
16. ophelia
17. lady in blue
considerações do senhor Artaud
Trazer a poesia e a ordem a um mundo cuja simples existência já é um desafio à ordem, é levar à guerra e à permanência da guerra, é fundar um estado de crueldade incidida, é suscitar uma anarquia sem nome, a anarquia das coisas e dos aspectos que acordem antes de soçobrarem de novo e se fundirem na unidade.
ANTONIN ARTAUD
"Heliogabalo ou O Anarquista Coroado"
trad. Mário Cesariny de Vasconcelos
Assírio e Alvim, 1982
imagem: MAX ERNST
sábado, 23 de maio de 2009
não gosto nada dos globos de ouro, mas estas coisas deixam-me profundamente feliz
Amália Hoje: Sónia Tavares e Nuno Gonçalves (The Gift), Fernando Ribeiro (Moonspell) e Paulo Praça (Plaza).
sexta-feira, 22 de maio de 2009
novos contos portugueses: à beira-mar plantados vemos coisas assim...
1
freddy (krueger-pinto) vs. jason (vohrees-guedes)
2
comédia sexual de uma tarde de aulas
mísia, porque há momentos em que uma música diz tudo
"ese momento" de alfredo manzanero
"garras dos sentidos", letra de Agustina Bessa Luís
"nasci para morrer contigo", letra de António Lobo Antunes
"sou de vidro", letra de Lídia Jorge
"duas luas", letra de João Monge
quinta-feira, 21 de maio de 2009
joão benard da costa
Pedro Mexia deve estar feliz como um cuco. O país perde. E o ditador da Ler assume o Museu do Cinema, com muita perda nossa. O mundo é injusto.
quarta-feira, 20 de maio de 2009
terça-feira, 19 de maio de 2009
Antony and The Johnsons no Coliseu do Porto
"fistfull of love"
"shake the devil"
segunda-feira, 18 de maio de 2009
domingo, 17 de maio de 2009
anonimato e autobiografia: 3 poemas de Adília Lopes
Um escritor de romances escabrosos
(o seu tema predilecto foi a relação incestuosa
entre três irmãos)
decidiu permanecer anónimo
não por ter vergonha de assinar romances escabrosos
mas para tornar ainda mais escabrosos os romances
assim os leitores suspeitavam que os romances eram autobiográficos
e se ele os assinasse com o seu nome
os leitores ficavam a saber que ele era um filho único
é claro que como filho único
vivia fascinado pelo incesto entre dois irmãos
que inspirou Chateaubriand
(e não podia perceber o aforismo de Joyce
é tão fácil esquecer um irmão como um guarda-chuva)
mas mesmo que se considere como eu
que a leitura de um livro pode ser tão importante
na vida de uma passoa
como ter um irmão
dois irmãos não são três irmãos
2.
Um poeta assinava os poemas com o seu nome
mas um romance por ser autobiográfico
assinou com um pseudónimo pouco banal
contava no romance (e foi isto que o levou
a decidir-se por um pseudónimo)
que comia ao pequeno-almoço
alheiras às rodelas com salada de tomate
no supermercado quando pediu à empregada
da charcutaria às 8h30 da manhã duas alheiras
a empregada perguntou-lhe se ele tinha escrito
As singularidades de Carolina (era o nome do romance)
ele ficou tão embaraçado que pediu à mãe
para ser ela a comprar as alheiras e os tomates
mas quando a mãe chegava ao lugar da hortaliça
com um saco de plástico cheio de alheiras
o indiano do lugar perguntava-lhe logo
se ela tinha escrito As singularidades de Carolina.
3.
Um terceiro escritor escreveu uma autobiografia
em que se limitou a contar
que ao pequeno almoço bebia café com leite
e comia pão com geleia de laranja
assinou a autobiografia com o seu nome
e nenhuma empregada de supermercado
o importunou
mas depois de ter o livro publicado
sempre que bebia café com leite e comia pão com geleia de laranja
ao pequeno almoço
sentia-se mal como se estivesse num palco ou num circo
a ter de beber café com leite e a ter de comer pão com geleia de laranja
diante dos olhso que a abolem a privacidade
e por se sentir assim passou a comer flocos de aveia
ADÍLIA LOPES,
"Os 5 Livros de Versos Salvaram o Tio"
edição da autora, 1991
sábado, 16 de maio de 2009
há literalmente anos
que ando a dizer que, depois da Amália, a melhor voz que Portugal deu à luz foi a de Sónia Tavares. A brilhante interpretação da vocalista dos The Gift de "Gaivota" da diva do fado prova que eu não podia ter mais razão. Do álbum "Amália Hoje", onde além de Sónia Tavares, constam Nuno Gonçalves, também dos The Gift; Fernando Ribeiro, vocalista dos Moonspell; e Paulo Praça.
em noites assim, enfim, os pés agradecem
katy perry, hot n cold
eurythmics, sweet dreams (are made of this)
everything but the girl, missing
helena paprizou, mambo
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Maria Teresa Horta: Educação Sentimental
No entanto, esta mudança só se tornou plena com “Minha Senhora de Mim”. A apreensão do livro pela pide, a que se sucederam as ainda mais polémicas “Novas Cartas Portuguesas” com Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, a que se seguiu o processo das Três Marias, acabaram por “abafar” um pouco esta profunda ruptura com a obra poética da autora, que contava já mais oito títulos, entre os quais constava “Tatuagem”, participação nos folhetos de Poesia 61.
É necessário ter em conta também que o título deriva assumidamente da “Educação Sentimental” de Gustav Flaubert. Nestas “lições” de Teresa Horta, há como que a intenção de educar não os homens, mas o geral dos leitores, incluindo as mulheres, acerca do corpo e da sexualidade feminina. Nisto, são importantes as citações que abrem e encerram o livro, entre as quais uma de Shulamith Firestone que afirma que “As mulheres conhecem e aceitam tradicionalmente a invalidez emotiva dos homens, ao mesmo tempo que a acham intolerável numa mulher)”.
No poema introdutório, Maria Teresa Horta escreve “Não tenhas medo/ daquilo que te ensino…” (pág.11). E efectivamente, os poemas que constituem “Educação Sentimental” fazem justiça ao título.
A divisão da obra é em três partes. A primeira parece ser uma auto-análise (Apesar da psicanálise se revelar elemento essencial na obra de Teresa Horta principalmente nos anos 80, a sua poesia sempre teve uma forte componente analítica.) como se pode ver em versos como “Não deixo que as coisas/ me dominem/ nem que a vasta secura/ me adormeça” (pág.19) (Possível referência à tentativa de a silenciarem na época de “Minha Senhora de Mim”?). A segunda parte incide mais numa espécie de análise do amor sentido, dirigindo-se ao seu receptor, “Que te interessam/ a ti/ meus meigos sustos// se nos seios/ os adormeço/…” (pag.46).
A terceira debruça-se sobre o corpo, o já dito corpo sentido e experienciado de e por (Simultaneamente.) uma mulher, “Digo do corpo,/ o corpo:/ e do meu corpo,// digo no corpo/ os sítios e os lugares// de feltro os seios/ de lâminas os dentes/ de seda as coxas/ o dorso, em seus vagares.//(…)” (pág.93).
Em todas as secções, os assuntos são abordados de uma forma “erotizante” e “sexualizante”, contrariando as tendências de frieza e ignorância que as citações iniciais e finais denunciam.
O estilo da autora mantém-se sempre ancorado na extrema economia de palavras, na criação de ritmos definidos, e uma forte âncora no cancioneiro português, e é este estilo, apoiado em momentos de grande originalidade como esta “Educação Sentimental” que fazem de Maria Teresa Horta um dos nomes maiores da nossa poesia.
terça-feira, 12 de maio de 2009
Fiama Hasse Pais Brandão: Em Cada Pedra Um Voo Imóvel
Escrito em 1957, contava a autora à data 19 anos, e publicado em 1958, vencedor do Prémio Adolfo Casais Monteiro, "Em Cada Pedra Um Voo Imóvel" foi excluído por Fiama Hasse Pais Brandão quer de "O Texto de Joao Zorro" (Inova, 1974), quer da "Obra Breve" (Contexto, 1991 e Assírio e Alvim, 2007) como por ela foi preparada em vida. Possivelmente, para a autora, tanto este texto, como "O Aquário" (A Palavra, 1960), eram excessivamente imaturos, uma vez que as suas prosas foram sendo antologiadas ao longo dos anos, como acontece com "Falar Sobre o Falado" (Afrontamento, 1988).
Os poemas em prosa são dissidentes de quase todos os restantes poemas em prosa, estando mais próximos dos poemas em verso da autora. São momentos isolados, que se não interligam à partida, reflectindo ora sobre o que resta da infância ora sobre os momentos actuais.
domingo, 10 de maio de 2009
sensibilidade e bom-senso: quatro poemas escolhidos de Sophia
Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará o jardim, o céu e o mar,
E como hoje igualmente hão-de bailar
As quatro estações à minha porta.
Outros em Abril passarão no pomar
Em que eu tantas vezes passei,
Haverá longos poentes sobre o mar,
Outros amarão as coisas que eu amei.
Será o mesmo brilho a mesma festa,
Será o mesmo jardim à minha porta,
E os cabelos doirados da floresta,
Como se eu não estivesse morta.
"Com o suor dos outros ganharás o pão."
Ó constructores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
domingo, 3 de maio de 2009
é estranho, mas hoje apeteceu-me isto
Que se arruinen los canales de noticias
Con lo mucho que odio la television
Que se vuelvan anticuadas las sonrisas
Y se extingan todas las puestas de sol
Que se supriman las doctrinas y deberes
Que se terminen las peliculas de accion
Que se destruyan en el mundo los placeres
Y que se escriba hoy una ultima cancion
Pero que me quedes tu
Y me quede tu abrazo
Y el beso que inventas cada dia
Y que me quede aqui
Despues del ocaso
Para siempre tu melancolia
Porque yo, yo si, si
Que dependo de ti
Y si me quedas tu
Me queda la vida
Que desaparezcan todos los vecinos
Y se coman las sobras de mi inocencia
Que se vayan uno a uno los amigos
Y acribillen mi pedazo de conciencia
Que se consuman las palabras en los labios
Que contaminen todo el agua del planeta
O que renuncien los filantropos y sabios
Y que se muera hoy hasta el ultimo poeta
Pero que me quedes tu
Y me quede tu abrazo
Y el beso que inventas cada dia
Y que me quede aqui
Despues del ocaso
Para siempre tu melancolia
Porque yo, yo si, si
Que dependo de ti
Y si me quedas tu
Me queda la vida...