Certamente uma das mais únicas e emblemáticas do Barroco, a obra de Rembrandt Van Rijn tem inspirado muita da arte que se tem feito posteriormente. Indo ao mais recente apenas, podemos contar o mais recente romance da escritora portuguesa Agustina Bessa Luís, e o novo filme do realizador Peter Greenaway, que partilham o título, “A Ronda da Noite”, título também da obra que os inspirou.
E enquanto que Agustina insere o quadro (Ou uma reprodução.) numa história sua, Greenaway aventura-se a contar a história do pintor enquanto este pinta o célebre e enigmático retrato de grupo, que pode afinal ser também o retrato de um crime e de várias irregularidades (A sombra da mão do personagem central sobre o púbis do homem a seu lado- é preciso lembrar que até há pouco tempo a homossexualidade era punida pela lei.).
A história divide-se essencialmente em dois planos: a execução da “Ronda da Noite” e a vida pessoal de Rembrandt, que se vão fundindo até que o primeiro começa a interferir com o segundo.
No entanto, este não é um filme perfeito, apenas por muito pequenas coisas, problemas que até acabam por nem o ser: primeiro é um filme elitista. Quem não pertencer a este mundo da Arte não terá a mínima hipótese de perceber certas partes do filme, as mais interessantes. E depois, há um excesso de bebés a chorar, como se fossem uma banda sonora, e isso é extremamente irritante.
Por outro lado: apenas uma elite terá interesse pela obra de Greenaway, é um cinema muito intelectualizado e nada imediato. E pode haver quem não se incomode como eu incomodo, pelo choro dos bebés.
Um filme importante para perceber a obra, o tempo, e a pessoa. E mais uma obra-prima de Greenaway.
Veredicto: 19/20