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domingo, 7 de agosto de 2011

Anathema no Vagos Open Air (5.8.11)

WE'RE HERE BECAUSE THEY'RE GREAT


Li não sei onde que, a pessoas como eu, se chama Anathemaniacs. O neologismo é, parece-me, bastante claro, e explicará certamente por que este texto, mais do que o habitual, não é nem poderia ser imparcial.

O concerto dos Anathema no Vagos Open Air 2011 foi na sexta-feira, ao fim da tarde. Desde logo me desagrada que, além de não serem cabeças de cartaz, os Anathema sejam atirados para um horário tão pouco nobre. No entanto, quando a música é boa, o resto não chega a ser nem cantigas e, na verdade, este foi o melhor concerto do primeiro dia do festival.

A banda dos irmãos Cavanagh subiu ao palco com uma longa introdução, que viria a dar origem a “Thin Air”, que é também o tema de abertura do álbum We’re Here Because We’re Here, lançado o ano passado, sendo, até agora, o mais recente. Seguiu-se “Summernight Horizon”, onde Vincent Cavanagh foi acompanhado na voz por Lee Douglas. “Dreaming Light” marca o primeiro momento suave do concerto, para ser logo de seguida compensado pela energia de “Everything”, o primeiro single do álbum de 2010.

Apresentado então o novo teclista dos Anathema, Daniel Cardoso, português, seguiu-se uma boa oportunidade para este brilhar, e também o primeiro regresso ao passado, com “Closer”, do álbum A Natural Disaster de 2003. Por norma, esta canção é tocada como segunda parte de “Balance”. Ainda que eu ache que a junção das duas canções resulta num objecto realmente grandioso, tenho que reconhecer que a escolha dos Anathema para este concerto me surpreendeu pela positiva, uma vez que a canção se mostrou um portento enquanto objecto autónomo.

E pelo passado se continuaria ainda, visitando os álbuns que mais se relacionam com a fase actual dos Anathema, com "Deep" de Judgement (1999), seguido de um regresso a 2010 com "A Simple Mistake", a soar muitíssimo mais forte ao vivo. A minha canção preferida, "Empty" foi uma boa escolha, claro, para representar o álbum Alternative 4 (1998), mas, pela segunda vez, o som é interrompido durante a canção. Tinha acontecido durante "Summernight Horizon" e aconteceu nesta canção três vezes, o que, mesmo assim, não foi suficiente para estragar o momento, já que o público não hesitou em fazer as vezes da guitarra eléctrica.

A Natural Disaster, retirado do álbum homónimo, trouxe a maravilhosa Lee Douglas para a voz principal, numa versão que se transformou numa espécie de grande dueto entre ela e Vincent Cavanagh. Foi, e com toda a justiça, um dos momentos mais aplaudidos da noite. Do mesmo álbum, Flying ainda nos deu um daqueles momentos memoráveis, com o genial solo de guitarra eléctrica com que o genial Daniel Cavanagh fecha a canção.

Depois disso, e seguindo a linha realmente mais melódica que os Anathema pareceram querer deixar para o fim, regressou-se a We're Here Because We're Here com "Universal", canção que vai crescendo discretamente até explodir num final tenso que só pode produzir um grande efeito ao vivo.

Para o encerramento, voltou-se a um dos melhores momentos de Alternative 4, e um dos melhores momentos dos Anathema, com "Fragile Dreams", que acabou por se revelar um apoteótico final.

Dada a pouca aptidão do público português para entender a música dos Anathema, está visto que não tiveram direito a encores, porque só o têm os cabeças de cartaz. Mas a hora e pouco que durou este concerto, onde, como Danny Cavanagh disse no final, tudo correu mal, acabou por resultar num grandioso concerto que nos relembra como a música dos Anathema é bela e violenta e mortífera, mas que nos reconcilia com a vida como nenhuma outra consegue.

No final, ainda houve uma muito simpática sessão de autógrafos, e a boa promessa do álbum Falling Deeper que será editado em Setembro e que agoira nova visita desta banda britânica a Portugal. São boas notícias, definitivamente.











segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bem-Vindos ao Amadorismo: Um Balanço sobre o Marés Vivas

Nunca vi nada assim.
Só ando nisto de festivais há cinco anos, já estive em alguns, mas o mais próximo que estive do Marés Vivas antes destes três dias foi num famigerado São João na Ribeira.
O público era constituido maioritariamente por bois a olhar para palácios: grandes palácios como Allison Goldfrapp, como os Placebo e os Editors: três concertos que passaram completamente ao lado de um público que está habituado a ouvir pouco mais que a Romana e a Ágata.
O melhor concerto acabou por ser o dos Goldfrapp, uma vez que a (des)organização do festival arruinou o concerto dos Placebo com o som distorcido além do aceitável e o concerto dos Editors que ficou suspenso 20 minutos porque o profissionalismo era a palavra de ordem dos responsáveis pelo Marés Vivas. Talvez se estivessem menos concentrados em quais os melhores lugares para colocar a barraca da cerveja e a decidir que brindes oferecer a quem aceitar fazer palhaçadas nos stands acabassem por pensar um pouco sobre o que é organizar um concerto respeitando os músicos: foi respeito que faltou perante os colectivos de Brian Molko e Tom Smith.
Enfim, para o ano não há mais, espero eu.

domingo, 18 de julho de 2010

Marés Vivas: Editors

FOGO SUSPENSO

O último dia do festival Marés Vivas é em definitivo a cereja em cima do bolo: um bolo de São João cheio de cantigas populares e ambiente hedonista a que não faltam bailaricos, farturas e claro, cereveja. Refiro-me ao ambiente e à organização, claro. No que respeita os concertos, há que dizer que o dos dEUS foi definitivamente excelente, ainda que fosse o de Ben Harper o mais aguardado.
Por volta das onze e meia devia haver onze pessoas e meia realmente interessadas em ouvir os Editors, que regressam a Portugal ainda com "In This Light and On This Evening", o melhor de três álbum que a banda britânica já produziu. O concerto de Ben Harper também iria estar cheio, mas por motivos diferentes...
E se por cerca de vinte minutos pareceu a essas onze pessoas e meia que iriam ter um grande concerto: o som estava excelente, Tom Smith e companhia estavam a tocar um alinhamento inteligente e com toda a qualidade mas... foi caso para realmente se desenganarem.


Mas comecemos pelo princípio. Os Editors entraram em palco com a canção "In This Light and On This Evening" cantada numa escala mais aguda do que a do disco. Prosseguiram para "An End Has a Start" resgatado ao disco anterior.
É evidente que todas as bandas com mais do que um disco sempre aproveitam os concertos para fazer uma espécie de retrospectiva, mas no caso dos Editors quanto menos saudosismo melhor, porque o terceiro álbum é que representa realmente uma identidade para a banda que hoje se pode afirmar realmente original. A confirmação chega com estas canções que tocadas ao vivo soam ainda melhor como "Eat Raw Meat/ Blood Drool" que é mesmo mesmo uma grande canção. Mais ainda, momentos como "Fingers In The Factories", "Bones" ou o fantástico "Blood" continuam a fazer todo o sentido, bem como "The Racing Rats" que poderia perfeitamente fazer parte do álbum mais recente. "Smokers Outside The Hospital Doors" seria outro momento de apoteose até que... Tom Smith começa a emitir sinais furiosamente para o técnico de som. Recomeço. Tom Smith levanta-se e atira com a guitarra para o chão. Saem todos de palco.
Durante cerca de vinte minutos, aquelas onze pessoas e meia perguntam-se se o concerto prosseguirá ou ficarão por ali, enquanto as outras vaiavam e berravam insultos para um palco vazio. Eu cá só fiquei impressionado com isto: como é que se pode fazer um festival de música e tratar os músicos com tão pouca dignidade como fez a organização do Marés Vivas? Qual é o músico sério que gosta que se seja tão pouco sério com ele? No meio disto, penso que Tom Smith teve toda a razão, e estou certo de que se fosse eu nem voltaria para cima do palco.

Mesmo assim, os Editors acabaram por de novo entrar em palco, atalhando para "Bricks and Mortar" e o obrigatório "Papillon". Tom Smith refere os choques eléctricos de que estaria a ser vítima, razão por que havia saído, e desculpam-se por ter que abandonar mais cedo o palco.
Foi muito bom enquanto durou, nas duas partes, mas a verdade é que foi insuficiente para o ter sido realmente. Momentos do disco mais recente como "You Don´t Know Love" ou "The Big Exit" faziam realmente falta a um concerto de que se espera tanto, ou pelo menos o muito a que "In This Light and On This Evening" obriga.

Fotos: BLITZ




In This Light and On This Evening





Blood




Papillon

sábado, 17 de julho de 2010

Marés Vivas: Placebo

BATTLE FOR THE SOUND

O segundo dia do Marés Vivas contribuiu consideravelmente para a atmosfera de amadorismo que me pareceu tão evidente no primeiro dia.
Eram cerca de onze e meia quando os Placebo entraram em palco, tendo saido pouco mais de uma hora depois. E quem já teve oportunidade de assistir a outros concertos só pode ter ficado desiludido. O concerto no Marés Vivas é bem capaz de ter ficado aquém do polémico concerto no Creamfields (2007) em que Brian Molko abandonou o palco ao fim de 50 minutos supostamente por ter ficado sem voz, apesar de todos terem percebido que os problemas de som foram a razão que o fez virar as costas.



A verdade é que este concerto está muito proporcional a todo o espírito do festival da Praia da Afurada, mas é muito ingrato para um álbum como "Battle For The Sun" (2009), que contém algumas das canções mais interessantes dos Placebo.
Destas canções foi possível ouvir "Ashtray Heart", "Battle For The Sun", "Breathe Underwater" ou "The Never Ending Why". Apesar de no fundo me lamentar um pouco por não ter ouvido momentos como "Come Undone" ou "Kitty Litter", o problema do concerto de ontem não foi o álbum mais recente, mas a incisão nos álbuns passados que pode ter resultado muito bem em "Nancy Boy" e até em "Bionic" (Isto falando dos mais recuados porque já se sabe que outros como "Every You and Every Me" ou "The Bitter End" nunca deixaram de ser apoteóticos.), a verdade é que noutros momentos soou frouxo, como se os Placebo estivessem a tentar reavivar um passado que, para o bem e para o mal, não faz parte do melhor que a banda tem para oferecer, pelo menos ao vivo num festival onde, já se sabe, sempre são mais convenientes as canções mais fortes e talvez imediatas.


No entanto, para um ouvido atento e conhecedor da música dos Placebo, o alinhamento foi um mal menor em comparação com os problemas de som que roçavam o insultuoso: a voz de Brian Molko apagava-se constantemente quando se ouviam os sintetizadores, as notas altas em que o vocalista é tão perito quase perfuravam os tímpanos, e em canções como "Taste In Men" ou "Meds" ou "Post Blue" as guitarras sofreram de uma incomodativa falta de nitidez.
Surpreendente foi também a simpatia de Brian Molko, de longe muitíssimo mais comunicativo do que o habitual (Good evening, Molko boys and Molko girls...), e até cómico por vezes.
Refira-se ainda o momento brutal que foi "Trigger Happy" e a cover de "All Apologies" tão surpreendente como bem inserida.
Podia ter sido pior, mas a verdade é que noutro festival facilmente seria melhor. Não deixa de ser estranho que um concerto de um álbum tão bom possa ser arruinado pela falta de profissionalismo da organização. Esperemos que "Battle For The Sun" seja tocado uma vez mais em Portugal, de preferência onde seja BEM ouvido. É que no Marés Vivas tem que se batalhar mais pelo som do que propriamente pelo sol, e isso não convém a uma boa banda.

Fotos: BLITZ



Every You and Every Me


Battle For The Sun


Trigger Happy


All Apologies

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Marés Vivas: Goldfrapp

ELECTRO-CHOQUES


Além do amadorismo da organização e do ambiente a roçar o são-joanino, o primeiro dia do festival Marés Vivas (Vila Nova de Gaia) foi marcado, em termos de música, pelo regresso de Skye Edwards aos Morcheeba e pelo concerto dos Goldfrapp, que regressam a Portugal para apresentar "Head First".
Este concerto, com dois anos de distância do anterior, no Sudoeste, vem provar duas coisas: a primeira é que os Goldfrapp são uma grande banda, a segunda é que o público português não percebe muito do assunto, e o do Marés Vivas menos ainda. A noite foi, em comparação ao SW, parada e aborrecida, o que não deixa de ser estranho porque me quer parecer que o alinhamento deste concerto era mais "festivaleiro" do que o do SW.


Mas esqueçamos o público e foquemo-nos no concerto. A verdade é que "Head First" é um disco que vem recuperar o fôlego onde o seu antecessor, "Seventh Tree" respirava calmamente. As canções, onde não deixa de ser notório um rumor de anos 80, intercalaram-se neste concerto com canções passadas que são agora transformadas, trazidas essencialmente de "Black Cherry" (2003) e "Supernature" (2006).
E talvez tenha mesmo sido "Supernature" o maior problema deste concerto: as canções são poderosas, sonantes e verdadeiramente chamativas, mas a verdade é que passaram dois discos deste esse e "Supernature" ainda é obrigatório. Se por um lado isso é um evidente sinal de que os Goldfrapp têm (pelo menos) aí um grande álbum, por outro um concerto de apresentação deixa de o ser propriamente. Claramente este era um concerto de dança, mais que outra coisa qualquer, e a melhor prova continua a ser o facto de em "Felt Mountain" (2000) e em "Seventh Tree" (2008) não se ter tocado.




Fora isso, os Goldfrapp souberam seleccionar as canções mais festivas e mais do lado electropop, tanto do álbum mais recente, como "Alive", "Dreaming", "Shiny and Warm" além do obrigatório "Rocket", quer do passado, como "Train", "Cristalline Green" que abriu o concerto em grande estilo, "Ride On a White Horse", "Number One", "U Never Know" ou o evidente "Ooh La La". Para o fim ficou a nova versão de "Strict Machine" que foi o culminar de todos os electrochoques que marcam o estilo dos Goldfrapp. Apesar do som estar demasiado alto, pareceu-me, estava assinalavelmente nítido, com a distinção perfeita entre os vários instrumentos e os vários sintetizadores, tocados pela banda vestida à anos 80.
Foi de lamentar que não houvesse encore.
Allison Goldfrapp estava fantástica como sempre, Shiny and Warm no seu poncho preto e prata e o seu estilo ébrio/perverso. Falando pouco, acabou por comunicar bem com o público através do movimento e de pequenos comentários. Escusado será dizer que apoteose foi em "Ooh La La", o único momento em que o festival se assemelhou minimamente a um festival. Não deixa de ser estranho, porque afinal a música dos Goldfrapp celebra a vida.
Como sempre, excelente.


Number One


Ooh La La


Rocket

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Muse no Rock In Rio

Evidentemente, não fui a todos os dias do Rock In Rio, não me interesso particularmente pela Leona Lewis nem pelo Elton John, eles que me desculpem.
Fui, isso sim, ao dia dos Muse. Diga-se de passagem que o dia em si foi uma seca: o concerto dos Fonzie a roçar uma fragilidade quase penosa, o concerto dos Xutos a decadência que sempre me parece. Irritante também é aquela mentalidade de negócio no recinto: da comida às bebidas, tudo caríssimo e cheio de filas, booms de publicidade por todo o lado, enfim, mais do que um festival de música, o Rock in Rio é um negócio que nem se esforça muito por se disfarçar de evento musical.
Antes de passar à parte boa do dia, ou melhor, da noite, o concerto dos Muse, uma pequena nota para os Snow Patrol de quem esperava um concerto vulgaríssimo e que, afinal, até nem foi mau de todo, pelo menos na parte que eu ouvi enquanto furava pela multidão.

Agora sim, o concerto dos Muse. Foi do outro mundo. Matt Bellamy, ao entrar no palco, fez essa expressão ser literal: completamente vestido de brilhantes prateados e com um óculos engraçadíssimos.
Além do visual de Bellamy, referência ao palco, onde os ecrãs em forma de favos transmitiam imagens que facilmente se podem tomar por video-art, e a iluminação, também profusa e delirante.
Delirante será talvez a palavra de ordem para falar do espectáculo dos Muse. Um espectáculo que excede largamente o conceito de “concerto” e se transforma em algo mais, que tem algo de teatro, de performance, de manifesto, enfim, algo que revela uma personalidade profundamente artística.
A abertura foi feita com “MK Ultra”, que, não sendo definitivamente um dos momentos mais fortes do concerto, teve um enormíssimo impacto por ser a entrada em palco. Mas mais assinaláveis foram os momentos seguintes: “Map Of The Problematique”, resgatado do álbum anterior, e “Uprising” que lançou este “The Resistance”.
Aliás, o impacto brutal que “Uprising” teve no público lembrou-me uma outra canção de uma outra banda. Refiro-me ao “Zombie” dos The Cranberries, uma música que marcou em definitivo uma geração, e que foi um hino a um tempo musical e político que falou por essa geração. “Uprising” pode muito bem ser um sucessor de “Zombie”, porque fala também musical e politicamente pelo seu tempo, pela sua geração. Porque se muitas vezes Matt Bellamy é subtil ao escrever sobre política, em “Uprising” é inquestionável a tónica política e mesmo revolucionária. Mas sobre isto, já falei quando o disco foi lançado (“
Política Lírica”.) e não me parece oportuno repetir tudo o que já disse.
Um aspecto interessante neste concerto, e que não é de todo mau, foi o carácter antológico do alinhamento. Não se tratava de um concerto da digressão de “The Resistance”, mas uma espécie de “best of”, que é sempre o mais conveniente para os festivais, dado que costuma haver tanto de fãs como de apenas-festivaleiros; se bem que no caso deste concerto dos Muse não parecia ser o caso, pois as letras eram acompanhadas pelo público em geral, e não só os singles.
Outros momentos de referência foram sem dúvida “Supermassive Black-Hole”, completamente alucinado, “Time Is Running Out”, “Starlight” (De longe o tema mais radio-friendly dos Muse.) ou “Citizen Erased”. Em relação a canções do disco mais recente, além de “Uprising”, tocaram “Undisclosed Desires” e “Resistance”, os singles, "United States of Eurasia" e "MK Ultra".
O encore marcou-se com “Plug-In Baby” e a fechar uma versão re-arranjada de “Knights Of Cydonia”, outra letra inquestionavelmente política.
Não se pode dizer que tenham sido muito comunicativos, Matt Bellamy e Chris Wolstenholme dirigiram-se ao público raramente, mas, verdade se diga, não foi necessário haver muitas falas para o público porque a força da música criou toda a adesão necessária, e interacção não faltou, mesmo em momentos mais “calmos” como foi o caso de “United States of Eurasia”. E, se há alguma coisa a questionar em relação às opções dos Muse para este concerto, é até que ponto o “tronco” do alinhamento não era constituido por canções desse álbum. É verdade que foi marcante, e que fixou definitivamente o nome dos Muse como uma banda incontornável, mas é também verdade que ainda que só com ele tenha vindo a aceitação crítica, em termos de público, os álbuns anteriores criaram a “fama” dos Muse. Refiro-me a canções que poderiam ter sido tocadas de “Origin of Symmetry” ou “Absolution” principalmente.
O concerto terminou ao fim de quase duas horas com muito muito fumo, mas certamente não se “esfumará” tão facilmente da memória de quem assistiu.





Uprising





Resistance

terça-feira, 14 de julho de 2009

Placebo: Battle For The Sun no Optimus Alive ´09

Significativamente, na música de abertura de "Battle For The Sun", Brian Molko diz I need a change of skin. De facto, as restantes componentes do sexto álbum de originais dos Placebo confirmam esta "mudança de pele", para a qual contribuem muitas coisas: a entrada do novo baterista, Steve Forrest, que é de longe mais agressivo e "pesado" do que Steven Hewitt; uma aparente vontade de tornar a música mais polida, negra e depressiva, e ao mesmo tempo mais elaborada e melódica; e por fim as letras de Brian Molko que, continuando no seu estilo depressivo-sexual-agressivo se nos apresentam agora melhores do que nunca.

Assim, ainda que á primeira vista a sonoridade do rock pesado seja a única escolha de "Battle For The Sun", uma audição atenta demonstra que isto é apenas uma primeira impressão. As músicas melódicas que fomos encontrando ao longo dos álbuns anteriores, como sejam "Follow The Cops Back Home", "Soulmates Never Die", "Blue American", "My Sweet Prince" ou "I Know", continuam a existir, mas elaboradas de outra forma, o que só prova que a melodia não tem que ser suave. "Come Undone" ou "Devil In The Details" são bons exemplos disto.

De certa maneira, a componente electrónica que encontrámos essencialmente entre "Black Market Music" e "Meds" foi agora praticamente eliminada, dando lugar às secções de cordas e sopros que muito raramente os Placebo usavam no passado. "Battle For The Sun", "The Never Ending Why" ou "Julien" marcam o ponto.

Talvez um tanto histérico, mas parece-me que este é o melhor álbum dos Placebo. Claro que, ao passar os olhos pela crítica de música, distraídamente como sempre faço, já encontrei alguns textos onde se critica a falta de momentos calmos a lembrar "Centrefolds" ou "In The Cold Light Of Morning". Parece-me que isto não é muito exacto, em dois sentidos: primeiro porque, como já disse, me parece que um momento de "beleza" melódica não tem que ser mais silencioso, pode sê-lo usando uma sonoridade suja e agressiva; e segundo porque me parece que uma banda tem que, a certa altura, fazer opções, e a dos Placebo foi exactamente esta, e não há porque não aprovar, logo que seja boa.

O concerto no Optimus Alive '09 comprova tudo isto. Tanto nas músicas mais recentes, como nas antigas, definitivamente interpretadas com uma nova roupagem, que as traz de encontro ao novo álbum.

Brian Molko, Stefan Olsdal e Steve Forrest fazem-se acompanhar de mais três músicos, o que, além da guitarras adicionais, assegura a presença dos teclados e do violino. Na bateria lê-se "WE COME IN PEACE".

O concerto chama o público como nenhum outro. Se, de acordo com António Lobo Antunes, "a melhor é a única boa", o concerto dos Placebo foi o bom. Aliás, chateia-me que seja a segunda vez que os Placebo tocam no mesm palco dos Prodigy e estes últimos são cabeça de cartaz, quando, bem vistas as coisas, por mais que a música dos Prodigy até fosse boa em disco (Do que tenho sérias dúvidas.), a verdade é que em palco perde toda a força, parecendo que estão durante quase duas horas a tocar a mesma música e não muito bem.

Concrectamente sobre "Battle For The Sun", a prova de que estamos perante um muito bom álbum é a seguinte: do alinhamento faziam parte "Kitty Litter", "My Ahstray Heart", "Battle For The Sun", "For What It´s Worth", "Come Undone" e "The Never-Ending Why". No entanto, se fosse "Julien" ou "Happy You´re Gone" ou "Kings Of Medicine" também estaria bem, o concerto não ficaria a perder.

Sobre as restantes, só há que dizer que nunca canções como "The Bitter End", "Special K", "Taste In Men" ou "Every Me Every You" soaram assim.

They came in peace, let them come back...






1. kitty litter






2. ashtray heart






3. battle for the sun

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Passagem pelo Sudoeste 3 (algumas fotos)

bjork


Passagem pelo Sudoeste 1 (os concertos)

CLÃ
dia 7

Os Clã são certamente uma das melhores bandas portuguesas, mais do que afirmadas. Este concerto foi mais uma prova. Com passagem por vários dos pontos altos da sua carreira, de "Sopro do Coração" a "Tira a Teima", Manuela Azevedo e comparsas não deixaram de brilhar.
Além da versão a guitarra acústica e voz de "Sopro do Coração", destaque para "h2omem", com Arnaldo Antunes como convidado, "GTI", previsivelmente um dos melhores momentos e "Dançar na Corda Bamba", que o público parecia esperar desde o início.



BJORK
dia 7




Claramente o melhor momento de todo o festival, Bjork entrou no palco após um espectáculo de marionetas vivas suspensas sobre o público com percussão e uma trapezista. Dentro de um escultórico vestido (ou kimono) que lhe dava um dos aspectos mais invulgares que já teve, entrou com "Earth Intruders", single de avanço de "Volta", que haveria de dar o mote para uma autentica manifestação tribal do mais bizarro possível.
Sofrendo incríveis transmutações, a noite permitiu-nos ouvir clássicos como "Army Of Me" mais rock que outra coisa, "Hyperballad" com ritmo dançável a terminar, "Pluto" mais agressivo do que o normal, "Pagan Poetry" indescritível, "Immature" sempre interessante, "I Miss You" absolutamente inesperado, "Hunter" um verdadeiro transe, "Who Is It" mais ritmado, "Vokuro" comovente, "All Is Full Of Love" agora com um cravo a marcar o ritmo, "Pleasure Is All Mine" do controverso "Medulla", agora mais sinistro do que nunca, entre as canções do mais recente "Volta", que incluiam "Wanderlust" e "Hope", onde se fez acompanhar por Toumani Diabaté em deliciosos solos de kora. Para os aopteóticos encores, reservou "The Anchor Song" e "Declare Independence", onde as minhas cordas vocais se danificaram consideravelmente.
Sobre Bjork, uma palavra: deus!
É caso para lhe dizer "OBRIGADO", se possível com o mesmo sotaque giríssimo com que ela foi dizendo, em várias entoações.



GOLDFRAPP
dia 8

Allison Goldfrapp e Will Gregory, acompanhados pela sua banda, registaram o momento alto do segundo dia de festival. Ainda que, infelizmente, a maioria do público estivesse à frente do palco apenas para assegurar um bom lugar em Chemical Brothers, o concerto dos Goldfrapp valeu por si próprio.
Começando com "Utopia", fez passagem pelos restantes três álbuns da banda. O defeito é que este concerto parecia promover "Supernature", em vez de "Seventh Tree", apesar da interessantíssima decoração do palco.
Fora isto, nada se pode apontar à performance da banda, em momentos tão bons como "A&E", "Satin Chic", "Train" ou "Number1". Destaque, no entanto, para "Ooh La La" e "Strict Machine", a terminar em grande. Uma pena ter sido tão curto.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

terça-feira, 31 de julho de 2007

Avanca´07

Não assisti nem a metade dos filmes a que gostaria de ter assistido, devido ao longo trabalho desenvolvido na workshop de Svetozar Ristovski na qual participei. Mas do que vi, aqui ficam pequenas impressões.












CÃES MARINHEIROS
Realizador: Joana Toste (Portugal)
Curta Metragem de Animação

Baseado num conto homónimo de Herberto Hélder, "Caes Marinheiros" assume uma inversão da realidade: os cães possuem um marinheiro, é ele o seu animal de estimação. Vemo-lo como tal de início a fim, e é nessa inversão de papéis que reside a mensagem do filme. A animação é simples, bonita, com contrastes que reforçam as ideias e os sentimentos. Boa animação, e simples.



Juízo Final: 15/20











ÁREA PROTEGIDA
Realização/ Argumento: José Miguel Moreira (Portugal)
Curta Metragem

Produzido pelo cine-clube de Avanca, "Área Protegida" é uma história baralhada, com uma resolução comovente, o que não chega para anular as abusivas presenças do factor cliché que vemos ao longo de, pelo menos, um quarto de hora, até chegarmos á verdade. Uma história bonita num filme não tão bonito.


Juízo Final: 10/20





O GUARDIÃO DO NINHO (Le Gardien du Nid)
Realizador/ Argumentista: Olivier Pesch (Luxemburgo)
Curta Metragem de animação


Esta é a cómica história do cómico Robert (Apesar de lhe não ouvirmos o nome.), cuja função é guardar e cuidar de uma seis ovos a desenvolverem-se. Entre eles, há um que se não cresce, sendo, por isso, rejeitado pelos outros. Robert, no entanto, acaba por se afeiçoar a ele, protegendo-o dos outros, e dando-lhe o seu carinho. A certa altura, parece-nos que o final será dramático, mas, na verdade, é extremamente divertido. A nivel da animação, ela é fantástica, com bonecos bem-feitos, e com apurado sentido estético, o som é também uma escolha interessante. Uma história mais metafórica do que simólica, que resulta bem pela escolhas menos óbvias numa história simples. Bom.


Juízo Final_ 17/20





O DILEMA DO PRISIONEIRO (Prisioner´s Dilemma)
Realizador/ Argumentista: Masanori Yoshida (Japão)
Curta Metragem de Animação

Fortemente marcado por imagens que nos remetem para uma certa violência psicológica, ainda assim exposta de uma forma quase inocente, "Prísioner´s Dilemma" arrasta-nos para uma série de voltas e reviravoltas na vida deste pobre prisioneiro torturado por tudo o que o rodeia. Boa animação aplicada a uma história que peca por não ser eloquente.

Juízo Final_ 14/20




ROB
Realizador/ Argumentista: Niko Kühnel (Nova Zelândia)
Actores: James Stewart, Brony Hughes
Curta Metragem


Filmado de uma forma inevitavelmente impactante, "Rob" é a história de Rob que tenta, repetidamente, roubar um banco, mas é repetidamente mal-sucedido, devido á sua própria distração. Ao fim de algum tempo a tentar, a sua sorte muda inesperadamente. Mais um final irónico, definitivamente interessante, e que, no fundo, diz muito sobre o nosso lado fraco e sacana.


Juízo Final: 15/20








LIÇÃO DE ADIÇÃO
Realização/ Argumento: Andreia Luís, Vitor Pedrosa (Portugal)
Curta Metragem/ Video-Animação

Resvalando sem demasiadas para as tendências do videoclip, "Lição de Adição", com música dos Pluto, revela-se bom na medida em que nos assoberba com uma sequência alucinante de imagens que não aparentam relacionar-se entre si. Uma espécie de plano subjectivo de uma montanha russa em paisagens dalinianas ou lynchianas, tanto faz...

Juízo Final: 17/20








NOUVELLE GENERATION
Realização/ Argumento: Artemio Benki (França)
Curta-Metragem


Com um título que se relaciona der forma dúbia com o que designa, "Nouvelle Génération" é um muito bom exemplo de uma muito boa curta-metragem. Em poucas imagens ficamos a conhecer as personagens, e o que fazem ali. A história dá uma série de reviravoltas, para pôr a protagonista frente-a-frente com o seu objectivo, ainda que esta se veja impossibilitada de o alcançar. Um drama e tanto.


Juízo Final_ 18/20








THE RUNT
Argumento/ Realização: Andreas Hykade (Alemanha)
Curta-Metragem de animação


Feito de imagens que, primeiro, nos comovem, e depois nos chocam, "O Pequeno Coelho" é uma visita ao passado de todos nós, numa forma metafórica. O tio oferece ao sobrinho um coelho, na condição de ele tratar dele e, dentro de um ano, de o matar. Desatque para a animação, simplória, mas estética. Bom.

Juízo Final: 16/20



IRON ISLAND



Argumento/ Realização: Mohammad Rasoulof (Irão)
Longa Metragem (90')

"A Ilha de Ferro" é uma visão simultâneamente realista e irónica das pessoas ignorantes, que deixam que outros se aproveitem da sua ignorância. Nemat leva milhares de famílias sem abrigo do Sul do Irão para um petroleiro perdido no meio do mar, a troco de dinheiro. Ao mesmo tempo que os explora, cobrando-lhes por um espaço com cerca de um metro-quadrado, ainda obriga os homens a retirar as partes de ferro do navio, derrete-as e vende-as. Esperto. A certa altura, o professor das crianças do barco repara que o navio se está a afundar. Ao mesmo tempo que a ilha de ferro se afunda, os donos legítimos donos decidem vendê-lo, e os novos querem levá-lo dali. Manipulando uns e outros, Nemat consegue garantir que não perde o seu ganha pão. Um filme brilhante, merecedor do prémio, com toda a certeza.

Juízo Final_ 19/20

sexta-feira, 6 de julho de 2007

SBSR 2007



Dia 3.






THE GIFT (18:35- 19:35)







É muito bom ver que o facto de serem tão mal-tratados com o horário em que os inseriram, não levou os The Gift a dar um concerto menos bom. Se há algum tipo de reparação a ser feita, é só ao facto de o alinhamento não ter sido feito a pensar nos fãs mas sim num festival. As canções mais conhecidas ou menos complexas. Ficamos a sentir a falta de "My Lovely Mirror", de "Nice And Sweet" ou de "Cube", ainda que tenhamos a sorte de ter ouvido "645", "Actress (AM-FM)" ou "11:33". A entrada no palco foi bastante estranha, os elementos da banda não entraram como se o fossem, mas antes como se fossem técnicos do staff, só Sónia Tavares entrou de uma forma mais á sua medida. Por falar em Sónia Tavares, a ela os parabéns pelas escolhas na roupa, que lhe ficava muito bem, e nos deixava com a sensação de que está cada vez mais bonita. Estiveram bem, ainda que sem muitas surpresas, não percebi porque não tocaram "Fácil de Entender", uma cabnção que está tanto na berra, mas não deixa de ser uma escolha surpreendente. Destaques para "645", com a energia do costume, para "Pure", na nova versão, e para "Actress", a segunda surpresa, uma vez que é uma canção que parecia já estar esquecida. Longe de ser um dos melhores concertos dos Gift, não deixa de ter sido um momento assinalável do segundo dia do Festival.




Nota: 18/20












KLAXONS (19:45- 20:45)




Tornaram-se a coqueluche dos meninos betinhos fãs de pop/rock, mas eles que me perdoem, os Klaxons, por enquanto não têm qualidade para mais que isso. A fusão entre o rock e a dance music a que querem chamar new rave pode ter piada, mas só se for explorada de uma forma variada, o que não acontece. E, sem uma boa noção de como dar um concerto, os Klaxons colam-se ao que ouvimos no álbum, e, ainda por cima, abusam dos "oooooooooooooh" e "uuuuuuuuuuuuuh" e "aaaaaaaaaaaaaaaaaah", mas abusam mesmo, o que torna por vezes fácil que não se distinga uma música de outra. Em questões de alinhamento, o que fizeram resultaria bem com um espelho debaixo da última canção: deixaram as mais calmas para o final e inicaram com as mais agitadas, o que é um erro. Como se isto não chegasse, parecem sérios candidatos a adoptar aquela irritante estética Arctic Monkeys ou Red Hot Chili Peppers: escrever sempre a mesma canção. Momentos como "Golden Skanks" ou "Magick" não deixam de ser bons momentos, mas só vão de encontro áquilo que fica claro com o álbum: os Klaxons têm o potencial, mas ainda lhes falta muita coisa para serem uma boa banda.




Nota: 13/20












BLOC PARTY (22:25- 23:30)




Fiquei surpreendido com os Bloc Party. Ainda que "A Weekend In The City" não tenha sido suficiente para fazer sombra a "Silent Alarm", os dois álbuns tendem a ser bons. Mas não esperava um concerto mais do que razoável. E foi bom, tenho que admititr. Kele Okereke, que repetiu repetidamente que gostava do público português, mostrou-se um sujeito simpático, e não esteve nada mal. O alinhamento esteve inteliegente, compondo-se de canção ritmadas e agitadas, de maneira a não perder a aderência do público, como aconteceu com os Klaxons. Pecam, ainda assim, por terem tocado "Banquet" tão chegado ao início. Sendo a música com mais sucesso da banda, deveria ter figurado na parte final, mas não morreu ninguém por isso. As críticas ao segundo álbum geraram uma certa dualidade, há quem afirme que é bom, quem afirme que é mau, mas, uma coisa é certa: os Bloc Party sabem fazer um concerto.




Nota: 17/20














ARCADE FIRE (00:00- 01:45)




Começou com muitos minutos de atraso o concerto por que grande parte do pessoal esperava. Mas isso foi perfeitamente escamoteado pela gloriosa entrada em palco do colectivo de Win Butler e Régine Chassagne, com "Black Mirror", o avassalador tema de abertura de "Neon Bible". Ao longo da noite, quilibrou-se "Neon Bible" com o seu antecessor, "Funeral", e ainda se passou pelo EP para cantar "Headlights Look Like Diamonds". O público revelou-se fanático, acompanhando razoavelmente/bem as letras, e fazendo coros de "ohohohohohoh", essas coisas todas...


Em versões que ultrapassam, claramente, as de estúdio, ouvimos pérolas como "Haïti" (Na voz da simpatissíssima Régine.), "No Cars Go", "Neighborhood #1 (Tunnels)" e "Neighborhood #3 (Power Out)" de "Funeral" e "Keep The Car Running", o fenomenal "Intervention", o melancólico "Ocean Of Noise", "(Antichrist Television Blues)" e "The Well And The Lighthouse" do segundo álbum.


"Rebellion (Lies)" terminou o concerto, não sem deixar espaço para o grandioso encore com o grandioso "Wake Up".


Não vou falar do que senti durante o concerto, mas deixo uma ideia só: não há palavras para falar do que são os Arcade Fire ao vivo, e, se não foi o melhor concerto a que já assisti, foi, certamente, um dos melhores.




Nota: 20/20

sábado, 30 de junho de 2007

Placebo: Creamfields Lisboa 2007



Não sei como aconteceu, mas esqueci-me de comentar o concerto dos Placebo no Creamfields, o que é esquisito, principalmente quando, após ler algumas notas sobre o concerto na Internet, percebi que a minha opinião vai contra a corrente.
Eu gostei daqueles cinquenta e cinco minutos em que os Placebo estiveram em cima do palco. Não vou dizer que fiquei muito feliz por o Brian ter perdido a voz... "Coisas que acontecem" pensei eu. Como disse, não fiquei radiante, mas, primeiro que tudo, cinquenta e cinco minutos é melhor do que nenhum, depois, o Brian não teve culpa, deve ter sido muito frustrante para ele, e eu próprio estava com frio, e terceiro, a parte que tocaram tocaram muito bem.
Quanto ao concerto em si, ele passou essencialmente pelo sexto álbum, "Meds", com "Infra Red", um delicioso "Drag", o fenomenal "Because I Want You To", "One Of a Kind", e, claro, "Song To Say Goodbye", além da versão em piano do tema-título.
Claro que o concerto não aconteceria sem retornos ao passado, e eles marcaram-se, claro. Passou-se por "Bionic", do primeiro e homónimo álbum, o obrigatório "Every You and Every Me" de "Without You I´m Nothing", o fortíssimo "Special K" de "Black Market Music" e ainda "Special Needs", "Sleeping With Ghosts (Soulmates Never Die)" e, a terminar, my personal favourite, "The Bitter End", num final que, infelizmente, foi mesmo bitter.
Entretanto, passei pela net e estive a ler comentários ao concerto, muito por alto, sem grande atenção, mas, no geral, toda a gente falava como se o Brian tivesse feito de propósito para ficar sem voz, ou como se fosse uma coisa que se resolvia com um rebuçado para a tosse, o que é falso. Em apenas 55 minutos, eles conseguiram ultrapassar em qualidade a hora e três quartos do ano passado no SBSR, uma vez que um ano de digressão os habituou ás canções, que aparecem transmutadas e melhoradas.
Lamentei muito quando descobri que para os encores estavam prontos "20 Years" e "Taste In Men", mas, principalmente, por "Running Up That Hill", de Kate Bush, cuja versão dos Placebo é comovente.
Enfim, c´est la vie. Terá que ficar para a próxima.
fotografia dos Placebo de www.blitz.pt