sábado, 7 de maio de 2011

Masters of Horror: Dream Cruise de Norio Tsuruta (2x13)

DRAMA COM ASSOMBRAÇÃO





A fechar "Maters of Horror" encontramos este "Dream Cruise", realizado por Norio Tsuruta, cujo trabalho cinematográfico mais conhecido será, eventualmente, "Ringu 0: The Birthday", a prequela para o famoso "Ringu" de Hideo Nakkata, que viria a dar origem ao remake de Gore Verbinski, "The Ring".

A média que Tsuruta apresenta para o encerramento desta série conta com uma sinopse interessante, que faz uso de algumas das técnicas mais eficazes para tornar um filme de terror forte; a saber: a criação de um drama pessoal que será decisivo para o desenrolar da história, a colocação dos personagens numa situação de isolamento e a consequente impossibilidade de fuga.

Jack Miller (Daniel Gillies) é um advogado americano radicado no Japão, que carrega consigo o trauma de infância de não ter sido capaz de salvar o irmão de morrer afogado. Por causa do seu trabalho, acaba por reunir-se nas docas com um cliente, Eiji (Ryo Ishibashi). Isso é um pouco constangedor, dado que Jack se encontra amantizado com a mulher de Eiji, Yuri (Yoshino Kimura). Os três acabam por ir para o barco, a fim de discutirem assuntos legais, por mais que Jack não pareça satisfeito com a ideia.

À medida que se torna claro que Eiji tem conhecimento do envolvimento da mulher com o advogado, vem ao de cima o mistério do desaparecimento súbito da primeira mulher de Eiji, que redunda numa espécie de assombração sobre aquele mar e aquele barco.

A sinopse em si tende muitíssimo mais para o drama, familiar e passional, do que propriamente para o filme de terror. Não é, aliás, muito claro, qual a parte deste argumento que continuaria a ser terror sem as imagens. Nada contra, até porque se o cinema é cinema é porque não é livro nem coisa assim.





"Dream Cruise" está longe de ser um mau filme, mas também não está perto de ser muito bom. O que acontece é que o dramatismo da premissa se torna tão forte que, quando as imagens nos colocam perante o medo, o grotesco e o paranormal, sentimos que estamos a assistir a um drama que conta com assombrações; e há momentos em que, se não nos esforçarmos, não distinguimos a assombração do enfrentar dos fantasmas pessoais; e isto tem particular ênfase na personagem de Jack.

Também creio que este filme sobrevive por ter sido realizado por um realizador não americano. Goste-se ou não, a verdade é que os japoneses têm concepções de cinema de terror redondamente diferentes das americanas, nomeadamente no que toca ao aspecto visual do filme, aos detalhes gráficos e à violência bruta mas subtil. É assim que "Dream Cruise" consegue os seus momentos de esgar e de calafrio, ainda que não seja um filme particularmente gore.

O que mais chateia neste "Dream Cruise", mesmo assim, é o seu desenlace, onde parecem faltar algumas explicações; e o final em si é bastante desinteressante.

Não posso dizer que ache que este filme seja algo de assinalável, mas, ao mesmo tempo, safa-se bastante melhor do que muitos dos filmes que integraram a segunda época de "Masters of Horror".



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