segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Uma boa notícia


'As Palavras do Corpo' é o novo livro de Maria Teresa Horta, lançado há apenas alguns dias, que se sucede ao romance 'As Luzes de Leonor', de que já aqui falei, e que recebeu, merecidamente, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus.
A 'Poesia Reunida' de Maria Teresa Horta foi editada em 2009. No entanto, a antologia que ora se publica cobre uma parte muito importante da poesia da autora, que se prende com o erotismo. A verdade é que poucos e poucas poetas tiveram a ousadia de falar como fala Maria Teresa Horta do corpo, do erotismo, da sensualidade, do sexo e do prazer. Alguns dos seus poemas, presentes nesta antologia, ficarão para a História, certamente, como alguns dos melhores poemas eróticos alguma vez escritos entre nós. Assim, uma antologia como esta não deixa de ser uma boa oportunidade de reler e até de reavaliar esta parte tão crucial da obra da autora.
Não está representada nesta antologia a totalidade dos livros de Maria Teresa Horta, ficando de fora 'Espelho Inicial' (1960), 'Tatuagem' (1961), 'Cronista Não é Recado' (1967), 'Mulheres de Abril' (1976), 'Minha Mãe Meu Amor' (1984), 'Rosa Sangrenta' (1987) e 'As Feiticeiras' (2006). Incluem-se, no entanto, poemas do livro 'Poemas do Brasil' (2009) que permanece ainda inédito em Portugal, além de nove poemas inéditos.

Recordo aqui um dos melhores e mais conhecidos poemas, erótico claro, de Maria Teresa Horta, o Segredo, do livro 'Minha Senhora de Mim' (1971):

Não contes do meu 
vestido 
que tiro pela cabeça 

nem que corro os 
cortinados 
para uma sombra mais espessa 

Deixa que feche o 
anel 
em redor do teu pescoço 
com as minhas longas 
pernas 
e a sombra do meu poço 

Não contes do meu 
novelo 
nem da roca de fiar 

nem o que faço 
com eles 
a fim de te ouvir gritar 

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