'As Palavras do Corpo' é o novo livro de Maria Teresa Horta, lançado há apenas alguns dias, que se sucede ao romance 'As Luzes de Leonor', de que já aqui falei, e que recebeu, merecidamente, o Prémio D. Dinis da Casa de Mateus.
A 'Poesia Reunida' de Maria Teresa Horta foi editada em 2009. No entanto, a antologia que ora se publica cobre uma parte muito importante da poesia da autora, que se prende com o erotismo. A verdade é que poucos e poucas poetas tiveram a ousadia de falar como fala Maria Teresa Horta do corpo, do erotismo, da sensualidade, do sexo e do prazer. Alguns dos seus poemas, presentes nesta antologia, ficarão para a História, certamente, como alguns dos melhores poemas eróticos alguma vez escritos entre nós. Assim, uma antologia como esta não deixa de ser uma boa oportunidade de reler e até de reavaliar esta parte tão crucial da obra da autora.
Não está representada nesta antologia a totalidade dos livros de Maria Teresa Horta, ficando de fora 'Espelho Inicial' (1960), 'Tatuagem' (1961), 'Cronista Não é Recado' (1967), 'Mulheres de Abril' (1976), 'Minha Mãe Meu Amor' (1984), 'Rosa Sangrenta' (1987) e 'As Feiticeiras' (2006). Incluem-se, no entanto, poemas do livro 'Poemas do Brasil' (2009) que permanece ainda inédito em Portugal, além de nove poemas inéditos.
Recordo aqui um dos melhores e mais conhecidos poemas, erótico claro, de Maria Teresa Horta, o Segredo, do livro 'Minha Senhora de Mim' (1971):
Não contes do meu
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
vestido
que tiro pela cabeça
nem que corro os
cortinados
para uma sombra mais espessa
Deixa que feche o
anel
em redor do teu pescoço
com as minhas longas
pernas
e a sombra do meu poço
Não contes do meu
novelo
nem da roca de fiar
nem o que faço
com eles
a fim de te ouvir gritar
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