christina aguilera: hello
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
podia chamar-se "contemplação carinhosa da angústia"*
tori amos "gold dust"
*livro de Agustina Bessa-Luís
"sócratas" perdeu a maioria absoluta, e as boas notícias continuam a chegar
"uprising" é o single de avanço de "the resistance", novo álbum dos Muse
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
um poema
nasci um dia
da raça mais triste da terra
do sexo perfumado
na quietude dos canaviais
à hora erma da copulação
do amor efémero dos seres
sou da geração mais perdida
mais infinitamente solitária
da geração vivida um dia
à margem dos desertos
com esplendores de sóis no ventre
a tatuagens irisadas nas mãos
fiquei pelas dunas
nostálgica e estática
soletrando amor
sensualmente dizendo um nome
de homem quase-divino sensível
um nome de ecos na paisagem
Wanda Ramos
"Nas Coxas do Tempo"
1970- edição da autora
ilustração de António Ferra
sobre
António Ferra,
poemas,
Wanda Ramos
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Brilho no Escuro
Esgotadíssimo o número um, o número dois já está à venda. No Porto, na Livraria Poetria (Rua das Oliveiras) e na Loja Gato Vadio (Rua do Rosário- Circuito de Miguel Bombarda) e em Lisboa na banca da Frenesi, aos Sábados, abaixo da Brasileira do Chiado.
O projecto de Graça Martins e Isabel de Sá inverte agora a direcção gráfica: a capa fica a cargo de Graça Martins, ao passo que o interior a cargo de Isabel de Sá, com ilustrações feitas especificamente para esta edição.
Os poemas são de Isabel de Sá, Jorge Melícias, Rosa Alice Branco e Paulo da Costa Domingos, e ainda dois meus...
Deixo a imagem da capa, bem como duas fotografias do lançamento, que decorreu no Palacete dos Viscondes de Balsemão, no passado Sábado. As leituras foram de Rui Pena e Susana Guimarães. O também poeta Nuno Brito tocou saxofone.
(as fotografias do lançamento vieram do site do Clube Literário do Porto)
sábado, 12 de setembro de 2009
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Shirley Ann Eales
Na vitrina lê-se Livros Raros
e Usados sob o azul inclinado
de um toldo – mesmo em frente
à glacial cafetaria de franchise
onde o dia destrata o desejo
e não se pode fumar. Subo
aos pequenos gabinetes
mergulhados no doce bafio
da literatura e percorro de A
a Z as espinhas estreitas
e rachadas da poesia. É o sítio
mais vazio de Novembro
e o que mais me reconforta;
o livro que escolho, por metade
de uma libra, traz no frontispício
um nome e uma morada: Shirley Ann
Eales, de Scottsville – um sumido
autógrafo de maiúsculas magras
e triangulares onde a imaginação
encontra por enquanto pretexto
e oxigénio suficientes para arder.
O livro teve outra existência,
pertenceu a outra casa, a outra mesa
de cabeceira – e o pensamento,
de tão óbvio, conjura de repente
uma vertigem, é um corredor
abrupto para a imensidão do mundo
onde trafica o acaso. Ah, sabemos
que a vida é improvável se damos
por nós a cismar, a meio de uma tarde
insípida, numa mulher desconhecida
que lia poemas em Scottsville, nos anos
70. Mas haverá aqui alguma espécie
de sentido, algum sinal guardado
para alguém mais sábio ou inocente
do que eu? Não sei quem és
nem onde estás agora, Shirley Ann,
mas como seria belo se pudesses
um dia encontrar, por obra da mesma
sorte, o teu nome nestes versos.
RUI PIRES CABRAL
Longe da Aldeia
edições Averno, 2005
e Usados sob o azul inclinado
de um toldo – mesmo em frente
à glacial cafetaria de franchise
onde o dia destrata o desejo
e não se pode fumar. Subo
aos pequenos gabinetes
mergulhados no doce bafio
da literatura e percorro de A
a Z as espinhas estreitas
e rachadas da poesia. É o sítio
mais vazio de Novembro
e o que mais me reconforta;
o livro que escolho, por metade
de uma libra, traz no frontispício
um nome e uma morada: Shirley Ann
Eales, de Scottsville – um sumido
autógrafo de maiúsculas magras
e triangulares onde a imaginação
encontra por enquanto pretexto
e oxigénio suficientes para arder.
O livro teve outra existência,
pertenceu a outra casa, a outra mesa
de cabeceira – e o pensamento,
de tão óbvio, conjura de repente
uma vertigem, é um corredor
abrupto para a imensidão do mundo
onde trafica o acaso. Ah, sabemos
que a vida é improvável se damos
por nós a cismar, a meio de uma tarde
insípida, numa mulher desconhecida
que lia poemas em Scottsville, nos anos
70. Mas haverá aqui alguma espécie
de sentido, algum sinal guardado
para alguém mais sábio ou inocente
do que eu? Não sei quem és
nem onde estás agora, Shirley Ann,
mas como seria belo se pudesses
um dia encontrar, por obra da mesma
sorte, o teu nome nestes versos.
RUI PIRES CABRAL
Longe da Aldeia
edições Averno, 2005
sábado, 5 de setembro de 2009
Tori Amos: Abnormally Attracted to Sin
O PECADO É BOM E RECOMENDA-SE
"give"
"American Doll Posse" (2007), o álbum anterior de Tori Amos era daqueles álbuns que só se se der o apocalipse não fica na história da música. Aliás porque, mais que um álbum onde Myra Ellen se mostrava no pico da sua qualidade enquanto compositora e letrista, fazendo culminar os assuntos que a sua música sempre abordou, "American Doll Posse" era também um grande espectáculo cénico, com personagens entrando e saindo de acordo com as diferentes atmosferas das canções.
Obviamente, um álbum assim deixa sempre muitos caminhos por onde seguir. "Abnormally Attracted to Sin", o novíssimo álbum de Tori Amos, assume esse facto. Assim, parece por vezes que estas canções surgiram ainda na mesma onda criativa que as anteriores.
Em entrevista, a própria Tori Amos fala sobre o processo de criação: todas as canções foram construídas a partir de imagens da digressão de 2007-2008, utilizando ainda as linhas de força das cinco personagens de ADP, ainda que estas aqui surjam mais deluídas. Os próprios videoclips e visuallettes, que circulam pela internet de resto, evidenciam isto.
Relativamente a "Abnormally Attracted to Sin" propriamente, há que dizer que não deita, de forma alguma, as qualidades de "American Doll Posse" a perder. É um digno sucessor.
Mas não só. Se é verdade que canções como "Give" ou "Fire To Your Plain" podiam perfeitamente pertencer ao álbum anterior (Particularmente aos actos de Santa e de Pip respectivamente.), a verdade é que este álbum parece recuperar certas facetas da obra de Tori Amos, que em "American Doll Posse" foram um tanto postas de parte (Em nome de uma inovação mais plena.). Portanto, não é estranho que se reconheça um pouco a sonoridade de "Scarlet´s Walk" (2002) em canções como "5000 Miles" ou "Not Dying Today", onde a noção de movimento é mais que evidente.
Acontece o mesmo com "Maybe California" ou "Ophelia", a lembrar um pouco as canções do tempo de "Under The Pink" (1995) ou mesmo de "Little Earthquakes" (1990); ou alguns delírios de maior acidez como "Strong Black Vine" que trazem de volta as canções desmedidas de "Boys For Pele" (1997).
O caso de "The Beekeeper" (2005) que me parece o mais morno de todos os álbuns da Tori, aparece também em termos de sonoridade, em canções como "Fast Horse" ou "Flavour", ainda que me pareça que as canções que remetem para o álbum de 2005 são melhores do que a maioria dos que compõe o dito álbum.
Os temas são ainda os de sempre: política, anti-religiosidade, feminismo, amor, morte e sexo. Em termos de letras, algumas das que aqui são cantadas poderão ser das melhores que Myra Ellen já produziu, como sejam "That Guy" ou "Give". Canções dessas, certamente ombreiam com toda a facilidade com os bons fantasmas do passado que, já se sabe, sempre são uma responsabilidade.
Se há aqui canções para ficar na memória, e parece-me que definitivamente há, elas serão provavelmente "That Guy", com aquele inesperado travo a cabaret, "Ophelia", "Give", "Fire To Your Plain", "Police Me" e "Fast Horse", e claro, "Curtain Call".
Já vimos que a fasquia não desce, por mais que vá subindo. Assim sendo, volta sempre Tori!
"fast horse"
"fire to your plain"
"curtain call"
"that guy"
"give"
"strong black vine"
"police me"
o estilo
O estilo é uma arte de bem dizer o que se pensa. Se não se pensa se não se tem nada a dizer qual é o estilo? Arabescos no vazio não me interessam.
Yvette K. Centeno
"No Jardim das Nogueiras"
Bertrand editora, 1982
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Freddy vs. Jason
Como qualquer pessoa que aprecia um bom espectáculo com caras conhecidas e falado em português, reservei os últimos quarenta e cinco minutos para ver o debate entre José Sócrates e Paulo Portas.
Adianto já que, para mim, o vencedor é Constança Cunha e Sá, que saúdo solenemente. Foi a minha preferida porque conseguiu passar os quartenta e cinco minutos sem acusar os senhores de nada, sem usar a palavra "demagogia" e, o mais surpreendente, sem atirar com objectos contundentes à testa dos líderes em questão.
Relativamente aos dois senhores propriamente ditos, não estiveram tão bem como a moderadora. Mesmo assim, recebem crédito por uma coisa: nunca imaginei que um debate entre a direira portuguesa desse tanta discussão. É que mesmo sendo ambos de direita, não pareciam estar de acordo em nada.
De qualquer maneira, devo dizer que, no que toca a discussões, já as ouvi mais sugestivas em mesas de café. De facto, este debate define-se assim: Sócrates acusa Paulo Portas de demagogia e atira-lhe com funny facts do seu passado político. Portas acusa Sócrates de ser um falhado. Sócrates faz, acima de tudo, propaganda dos seus feitos como primeiro-ministro.
O mais sinistro de tudo foi que, por duas ou três vezes, acabei por dar razão a coisas que Paulo Portas dizia. Estranho. Nunca me tinha acontecido.
Ao longo do debate, Portas referiu a subida dos impostos, do desemprego, da insegurança... coisas que o primeiro ministro negou, apesar de todo o país saber que são verdade.
O líder do CDS-PP pontuou ainda quando referiu a relação professores-ministério da educação, em praticamente tudo o que disse: que o governo do PS virou os professores contra os pais contra os alunos contra a opinião pública, enfim, virou tudo contra tudo. Mais ainda, gabo-lhe ter referido as eternas burocracias, o facilitismo, o ridículo dos moldes da avaliação dos professores, e, tiro a Portas o chapéu principalmente por ter referido que o pior erro de Sócrates foi ter atirado para o mesmo saco os professores sem brio profissional e os com brio profissional.
Quanto ao Primeiro Ministro, que nada disse sobre as suas intenções para os próximos quatro anos, caso seja eleito, acho que já chega daquele discurso de, nas palavras de Paulo Portas "culpar o passado ou culpar o mundo". Aquele discurso de que a oposição só o ataca e não lhe dá elogios nenhuns faz lembrar quando Santana Lopes dizia que o seu governo era um bebé numa incubadora a quem os outros bebés só davam pontapés.
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