sexta-feira, 21 de março de 2008

Goldfrapp: Seventh Tree

SOB ÁRVORES ESTRANHAS

Um passo tão repentino como a mudança de som de "Felt Mountain" para "Black Cherry" podia ter custado muito caro aos Goldfrapp. O som acústico e melodioso do primeiro álbum transformava-se em ritmo electrónico e desconcertante no segundo. Felizmente, ou devido ao manter da qualidade, tal não aconteceu. Allison Goldfrapp e Will Gregory mantiveram os seus seguidores, que aceitaram a nova sonoridade. "Supernature", o terceiro álbum era mais equilibrado. Ainda estavam lá os sons electrónicos e dançantes do segundo, mas já havia uma presença forte dos grandes arranjos do primeiro.


No entato, "Seventh Tree" vem agora mostrar que "Supernature" não era plenamente uma síntese conceptual dos dois primeiros álbuns. Isto porque este quarto álbum vem equilibrar as coisas. As músicas continuam a poder dançar-se e são, como não podiam deixar de ser, muito electrónicas, mas agora a tónica é posta na inserção de elementos acústicos e nos grandes arranjos de cordas a la "Felt Mountain". Ouça-se "Eat Yourself", "Clowns" ou "Road To Somewhere". Uma outra faceta do álbum prende-se na exploração dos potenciais da bateria e de instrumentos acústicos como forma de traçar um ritmo forte. "Happiness" e "Cologne Cerrone Houdini" são exemplo.
O resultado é uma sonoridade menos sexual, mas mais elaborada, mais barroca. A voz de Allison Goldfrapp adapta-se tão bem a este tipo de som como se adaptada ao "alternative dancefloor", mas isso já estava há muito provado. As composições, como sempre a meias com Will Gregory, a outra metade da banda, prendem-se num som mais fluido e numa procura de uma beleza melodiosa, suave e quente. Nos arranjos, nota-se um misto de agressividade (Os violoncelos em "Some People".) e de relaxamento (As cordas de "Eat Yourself".).
Como sempre, no final, fica a sensação de que soube a pouco. São dez faixas. Claro que é melhor ter dez faxias muito boas do que vinte medíocres, mas mesmo assim, os Goldfrapp já provaram que fazer má música não é muito o seu estilo.


Ninguém pense que aqui se perde a bizarria e a individualidade da música dos Goldfrapp. Nada disso. O regresso ao acústico não é marca de um retroceder, antes uma reciclagem de um conceito utilizado no passado, mas que não é utilizado como no passado.
A versão com DVD é uma opção a considerar, vale a pena: inclui um documentário de produção do álbum, bem como o video de "A&E".

Veredicto: 18/20

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