domingo, 15 de julho de 2012

[As paredes são brancas e suam de terror]


As paredes são brancas e suam de terror
A sombra devagar suga o meu sangue
Tudo é como eu fechado e interior
Não sei por onde o vento possa entrar

Toda esta verdura é um segredo
Um murmúrio em voz baixa para os mortos
A lamentação húmida da terra
Numa sombra sem dias e sem noites

Sophia de Mello Breyner Andersen
Poemas de um Livro Destruído
in 'Fevereiro- Textos de Poesia'
1972, ed. dos coordenadores
desenho de Ana Hatherly

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