Com as mãos fechadas
se constrói a nossa única
verdade: o amor desencontrado
Apertamos as mãos suadas
uma contra a outra
para as molharmos
nas mãos reinventadas
e vamos no frio do Inverno
e nos seus gumes
ao encontro um do outro
e somos só os desencontros
Nas roupas já suadas descobrimos
a fúria de viver e os mil perfumes
do fundo destas mágoas
e a verdade passa a ser
o modo como calamos e fugimos
das palavras e dos gestos Já sabemos
que nada pode mais acontecer
só o gosto da pele em que existimos
António Carlos Cortez
À Flor da Pele
2007, ed. Casa do Sul
fotografia de Slava Mogutin
1 comentário:
Muito interessante e secreto. Gostei.
Fiquei curiosa de mais poemas do Cortez...
Enviar um comentário