os de uma funesta
melza: «Doravante
terás o pénis mole, não mais filhos; e depois
morrerás.»
Distingo. Não confundo, pois, o organismo
do texto
com a eternidade do seu órgão
genital.
Acredito que, se o jogo do escritor, a partir de certa altura,
é por si mesmo
proibido de bem o representar
ou pôr em cena; o do órgão desvalorizado e aguardando
uma morte iminente
pode apodrecer, nele, como um poema
sem carne.
Esclareço e de uma forma amável
que se podem fazer versos sem órgãos, sangue,
sexo: ha (sempre houve) perfumes sem flores
e santos sem altares.
No entanto. A partir do momento em que o desejo de vida
a não penetre, a poesia torna-se,
para mim, um embuste
insuportável.
Eduarda Chiote
Órgãos Epistolares
2011, ed. Afrontamento
pintura de Francesco Goya y Lucientes
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