terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pratt Institute Higgings Hall, de Steven Holl







Steven Holl está longe de ser um dos meus arquitectos de eleição. No entanto, o Higgings Hall do Pratt Institute, a ligação entre dois dos edifícios do Pratt Institute, uma escola de Arte, parece-me um trabalho bastante conseguido que não trai, de forma alguma, os conceitos presentes nas obras mais conhecidas de Holl, como  o Kiasma de Helsínquia, o Simmons Hall do MIT ou o Knut Hamsun Center de Hamaroy. Aliás, se isolarmos estes dois últimos trabalhos, o primeiro projectado em 1999 e o segundo projectado em 1994, veremos que este Higgings Hall, projectado em 1997, ou seja, entre os dois, de certa forma contém aquilo que de melhor ambos os projectos parecem ter. Por um lado, faz o uso da irregularidade desconcertante e quase excessiva que encontramos no Knut Hamsun, que parece talhar as formas até nada nelas restar de puro e, por outro, utiliza a multiplicidade de planos como forma de, mais subtilmente, conferir alguma assimetria e alguma arritmia dentro de uma forma regular.
Assim sendo, o Higgings Hall apresenta-nos uma fachada rectangular, divida em seis rectângulos agrupados numa grelha em que, verticalmente, são iguais, e horizontalmente são diferentes, construídos em vidro. Esta grelha é encimada por uma cobertura, também em vidro, que  nivela as cotas.
Mas o clímax desta obra, que surge, como seria de esperar, descentrado, e que vem transtornar o ritmo da grelha, é um aglomerado, quase literalmente, de portas e janelas de vidro, que, ao contrário da restante fachada, não têm qualquer material translúcido a protegê-las. Assim, o que fica em destaque nesta fachada é  o amontado de janelas e portas, todas com caixilharia vermelha, em que não há duas superfícies da mesma dimensão e que, numa composição perfeitamente equilibrada, vêm inserir o elemento desconcertante como protagonista, levando a um outro nível a experiência que Holl já havia feito na Sala de Exposição da Pace Collection em 1985/6 (Um trabalho menos conhecido de Holl que, não obstante, me parece pessoalmente, um dos mais valiosos.) ou nas fachadas das Vivendas de Fukuoka de 1989/91.
Sendo que o Higgings Hall faz a passagem entre dois edifícios cujas fachadas em tijolo apresentam uma clara regularidade, o projecto de Holl ganha ainda mais destaque, não só pela disconexão que cria, mas, por outro lado, por inserir um elemento perfeitamente luminoso e, apesar de tudo, suave, entre dois edifícios robustos e maciços. 

A Sala da Pace Collection

As Vivendas de Fukuoka

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