VIAGEM NO TEMPO
Michelle Branch tem uma coisa que ninguém lhe tira: tem um punhado de muito boas canções. Destaquem-se do primeiro álbum, "The Spirit Room" (2001), algumas como "I´d Reather Be In Love", "All You Wanted", " Here With Me" e "Drop In The Ocean" (Esta será provavelmente a melhor, até agora.), e do segundo, "Hotel Paper" (2003), outras como "Find Your Way Back", "Empty Handed", "Breathe" ou "Till I Get Over You".
Após um silêncio de sete anos, Michelle Branch regressa aos discos com um EP de seis canções, "Everything Comes and Goes". E aquilo que parece mais evidente ao ouvi-lo é que efectivamente, alguma coisa partiu e alguma coisa voltou.
Relembre-se que Michelle Branch tinha dezoito anos quando lançou "The Spirit Room" (Que considera o seu primeiro álbum, tendo excluído o EP "Broken Bracelet" de 2000.) e vinte e um quando lançou "Hotel Paper". E o que se pode dizer é que um e outro eram álbuns maduros para a idade da sua autora/cantora, tinham algo de supreendentemente expedito.
Aos vinte e sete anos Michelle lança este EP e, de repente, parece não conseguir ultrapassar "Hotel Paper". Será esse o grande problema de "Everything Comes and Goes": desapareceu a pontaria que os primeiros dois álbuns representavam, e parece ter regressado um pouco da angústia adolescente, mais a de "Hotel Paper" que se manifestava de uma forma mais "agressiva" do que a de "The Spirit Room" que era mais suave.
No caso específico de Michelle Branch, o retorno do passado não a favorece.
Em "I Want Tears" ouvimo-la cantar "Nothing´s wrong but nothing´s right", e essa frase pode perfeitamente adequar-se ao novo álbum. Dentro do estilo rock-country de que Sheryl Crow será ainda a maior referência, este álbum não tem nada de errado, mas quando o comparamos com os álbuns passados, percebemos que pouco mudou.
Não quer isso dizer que não haja aqui boas canções. O EP abre com "Ready To Let You Go", que parece ser uma boa abertura, porque nela se nota algo de diferente, mas infelizmente, ao seguir para "Sooner Or Later" essa "novidade" é deitada por terra. "I Want Tears" recupera um pouco a sonoridade polida do segundo álbum, mas não consegue ultrapassá-lo, excepto talvez ao nível da letra- esta canção terá uma das melhores letras de Michelle Branch. "Crazy Ride" e "Summertime" pecam pelo seu som demasiado delicodoce, que se por um lado os torna algo radio-friendly, por outro resulta demasiado óbvio, não há aqui qualquer tipo de surpresa. Por fim, "Everything Comes and Goes" tem a particularidade de ser uma boa canção para fechar o álbum, nela se nota um tanto da melancolia que conhecíamos de canções passadas.
Estranhamente, "This Way", que foi o single de avanço do EP não foi incluído no alinhamento final. A meu ver, essa escolha foi pouco acertada: "This Way" era uma canção promissora, nela sim, notava-se algo de novo, de mais melódico e mais polido do que a maioria das canções que foram incluídas.
Como disse acima, há algumas boas canções neste EP, que seriam "Ready To Let You Go" e "I Want Tears": a questão é que mesmo sendo boas, não parecem representar nada de especial em comparação com as canções que referi no início.
Esperemos que o próximo LP, "A Different Kind Of Country", anunciado para este ano também, seja largamente diferente do seu antecessor.
This Way
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