LOU VOLTA A ATACAR
"Beloved One", primeiro álbum a solo de Lou Rhodes, o renascer das cinzas depois da separação dos Lamb, terminava com "Why", a única canção composta ainda com os músicos da banda de Lou e Andy Barlow. Quando começamos a ouvir "The Rain", single de avanço e abertura de "Bloom", "Why" mostra-se, na verdade uma premonição daquela que viria a ser a sonoridade do segundo álbum.
"Bloom" não abandona de forma alguma, em momento algum, as raízes folk do seu antecessor, mas tem, face a estas mesmas raízes uma atitude diferente, mais expedita e afirmada. Permanece, indubitavelmente, a simplicidade no esquema das canções, mas a abordagem é menos acústica. Logo na primeira faixa, a guitarra eléctrica pontua. É uma fusão do lado folk, provavelmente primeiro sabor da composição, com rock, numa dimensão mais ligada aos arranjos.
Mas não só de sons eléctricos é feita a evolução retratada em "Bloom". "Greatness In Speck Of Doubt" junta-lhe sons mais tribais, mais dançantes também. Tal como "The Rain", "Greatness In Speck Of Doubt" é uma excelente canção.
"Icarus" parece ser uma incursão pelo stroytelling a lembrar, a nível da letra, algumas das grandes canções de "Beloved One". A composição e o esquema são simples, claro, e a canção ganha notoriedade com a ginástica vocal que Lou faz, discretamente.
"Never Loved a Man Like You" é exemplar de uma canção intimista e lânguida, uma declaração rasgada de um amor luxurioso, daqueles que toda a gente quer sentir. "All We Are" é uma das mais belas canções que Rhodes já fez. Melodiosa, suave, emotiva... é muito difícil falar dela... mas é de facto um dos picos mais altos do álbum.
"Chase All My Winters Away" é um belíssimo poema cantado sobre uma belíssima melodia, escrita por Rhodes e pelos músicos da banda, também "This Love" é uma canção a registar.
No entanto, "They Say" parece ser a melhor das canções de "Bloom". O seu esquema é simples, mas foge ás predictabilidades do costume, sendo, por isso, logo uma boa canção. Mas é também o crescimento sonoro que a canção nos faz atravessar, o facto de começar tão simples, quase um solo e ir crescendo gradualmente, tornando-se cada vez mais negra e pesada, até se tornar um grito desesperante, adornado por uma instrumentação perfeita.
"Sister Moon" vem compensar com uma boa onda de positivismo, que é logo a seguir largada com "Bloom" o apoteótico final, que nos deixa uma grande vontade de começar tudo de novo. "Bloom" é uma canção triste, noctívaga, em que se fala de solidão, de saudade. Lou canta com uma guitarra acústica e um glockenspiel e guiá-la, pela escuridão nocturna que a composição encerra.
Este é o álbum de Lou Rhodes que nos demonstra que ela está mesmo decidida a ser Lou Rhodes, e não a ex-vocalista dos Lamb. E este é um álbum dessa Lou Rhodes, mudada, crescida. Na verdade, esta é a coisa boa em Lou Rhodes: a inteligência e adequação, que nos surpreendem sempre. Chega a 2007 com um punhado de canções belíssimas e de qualidade, coesas e interessantes. "Bloom" é, por isso, um dos melhores álbuns do ano.
Veredicto Final: 19/20
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