sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sem corpo nenhum



Sem corpo nenhum, 
como te hei de amar? 
— Minha alma, minha alma, 
tu mesma escolheste 
esse doce mal! 


Sem palavra alguma, 
como o hei de saber? 
— Minha alma, minha alma, 
tu mesma desejas 
o que não se vê! 


Nenhuma esperança 
me dás, nem te dou:  
— Minha alma, minha alma, 
eis toda a conquista 
do mais longo amor!

Cecília Meireles
Poesia (1942-1959)
pintura de Graça Martins

1 comentário:

Graça Martins disse...

que poema tão dramático!!! Lindo e atravessado pelo romantismo.
A pintura lembro-me que pertence à colecção particular da escritora Filomena Cabral.