sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Hellraiser VIII: Hellworld

NÃO, NÃO E NÃO


O último filme da octalogia de 'Hellraiser' é este 'Hellraiser VIII: Hellworld' que, tal como os dois predecessores, é realizado por Rick Bota. A ideia das sequelas é sempre escorregadia, quanto mais não seja porque comporta sempre uma competição subjacente. É muito fácil fazer maus filmes nas sequelas, a maioria dos casos é mesmo assim, e, diga-se, fica sempre, no espectador, a ideia de que há-de haver uma que é pior que as restantes.
'Hellraiser' não foge à regra de todas as sagas, que é dar, depois do primeiro, muitos filmes maus, seriamente maus. Por aqui estão muitos dos piores filmes de horror ou pretenso horror que já vi.
Pensava eu que com uma incursão no Espaço seria difícil descer mais baixo. Pelos vistos, enganei-me. É saudável uma pessoa enganar-se, mas, neste caso, isso é também muito mau sinal.
Este filme foi escrito por Carl V. Dupré, que havia sido um dos argumentistas de 'Hellraiser VI: Hellseeker' que não é nada aquilo que eu chamaria uma boa sequela. No que toca ao argumento que Dupré escreveu para este oitavo 'Hellraiser', o que eu acho inacreditável é que tenha havido um realizador disposto a filmar esta 'coisa' sem pés nem cabeça.
O que temos aqui é de novo a ideia da modernização: essa ideia peregrina que levou Michael Myers para uma aventura on-line, e Jason Vorhees e Pinhead para o Espaço.
Agora, é tempo dos Cenobites transitarem para um jogo on-line, chamado 'Hellworld', um jogo cujo imaginário é exactamente aquele que define 'Hellraiser'.
Adam (Stelian Urian) suicida-se no início do filme e, pelo que percebemos do seu funeral, era um jogador viciado do 'Hellworld'.
Dois anos depois, os seus amigos continuam a jogar o jogo, com excepção de Chelsea (Katheryn Winnick). Neste contexto, os amigos ganham convites para uma festa privada para jogadores do 'Hellworld'. Chelsea acompanha-os a contragosto até à mansão onde a festa decorre, e, na festa, todos acabam por descobrir que 'Hellworld' será mais do que mera ficção informática, sendo torturados e assassinados, o que os leva a concluir que talvez a morte de Adam não tenha sido tão linear como parecia.
A premissa, em si, é verdadeiramente previsível. E essa predicabilidade é agravada pela fraca noção de como inserir este filme na saga a que ele pertence. A verdade é que parece haver da parte do argumentista um propositado esquecimento daquilo que foi feito nos sete anteriores filmes. O resultado é que este filme não tem relação nenhuma com nada, excepto a um nível muito superficial, que é a presença de Pinhead e de Cenobites novos, como vem acontecendo desde a terceira parte. Assim sendo, a presença da mitologia de 'Hellraiser' neste filme é perfeitamente arbitrária: é este imaginário, como poderia ser qualquer outro.
Mais ainda, em termos de soluções, as que aqui encontramos são de um perfeito mau-gosto que não dispensa os lugares-comuns mais comuns do cinema deste tipo, enveredando pelo caminho da vingança e do drama familiar.


A nível visual, Rick Bota não traz nada de substancial nem nada de novo. Repete descontraidamente aquilo que por cá já vimos, e acrescenta algumas coisas que, não estando na saga, estão numa série de outros filmes de horror, os piores, claro.
O resultado é um filme perfeitamente inerte e dispensável, que seria melhor não ter feito. Porque a verdade é que, mesmo no pior dos casos, que é o do quarto filme, víamos algo, por diminuto que fosse, que valeria a pena ressalvar. Tal não acontece neste oitavo capítulo. 
E se há aqueles que guardam o melhor para último, o caso de 'Hellraiser' é o oposto: encontramos aqui uma espécie de fanatismo distraído e incompetente, onde o que fica em falta é o sentido crítico.
Caso para citar a recentemente falecida Amy Winehouse: no, no, no...

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