Por detrás dos olhos
uma tapeçaria de sangue e ouro.
Repetem-se os motivos. Fechar os olhos e
morrer do efeito fácil e
do riso aos cachos.
Tudo o que caçavam no além se transformava em história. No bosque ambulante passamos pelos bichos desfigurados, chegamos aos pontapés na porta.
Sob as falanges temas das árvores, o suór da floresta agarra-se ao teu corpo e empurra-te para fora de mim.
Tudo o que tocavam transformavam em terra.
Mandamos no baile de bichos treinados e na grande puta que pariu a areia. O bosque conquista a zona de rebentação.
Morrer de amores
no marfim das torres
e ressonar beijos encharcados
e repicar o cristal finíssimo dos suspiros
e rugir para não se ouvir
e só se ouvirem
parasitas, gotas.
Morrer a catar piolhos dum pirata
os picos dos cactos.
Morrer pendurada de mim, gaiteira
como um mundo
fora de uso.
Regina Guimarães
Múmia
1991, ed. Hélastre
imagem de Raoul Hausmann
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