sábado, 30 de junho de 2007

Tori Amos: American Doll Posse

BONECA INTELIGENTE


Tem o brilhante nome de "American Doll Posse" o novo e décimo álbum de originais de Tori Amos, que é também, senão o melhor, o melhor de todos. Seguindo a lógica de "The Beekeeper", "American Doll Posse" está dividido, neste caso, em quatro partes, representando cada uma uma mulher que é uma das facetas de Tori Amos.
São elas: Clyde, Isabel, Santa e Pip, além da própria Tori.
Clyde, baseada em Persephone, dá voz a "Bouncing Off Clouds", "Girl Dissapearing", "Rusterspoor Brige" e "Beauty Of Speed", pertencem-lhe as letras mais idealizadas e utópicas, as que procuram a lado bom das coisas e das pessoas. Quanto ás músicas, o sentido estético e a procura da harmonia são óbvias, por exemplo em "Bouncing Off Clouds".
Isabel, baseada em Artemisa, é uma fotógrafa que alega documentar aquilo que vê, e dá voz a "Yo George", "Mr Bad Man", "Devils And Gods", "Almoust Rosey" e "The Dark Side Of The Sun; ou seja, o lado mais político (Anti-Bush.) e inetrventivo do álbum. As suas músicas são patenteadas de uma sonoridade mais agressiva, mas com um certo tom irónico. A simplicidade e crueza são também características desta artista.
Santa, a partir de Afrodite, representa o lado mais sensual, e interpreta "You Can Bring Your Dog", "Secret Spell", "Body And Soul", "Porgrammable Soda" e "Dragon"; sendo-lhe entregues as composições mais ligadas ao aspecto exterior do mundo, e á sensualidade. Assim sendo, é só coeso que as suas composições sejam as mais conseguidas e complexas em termos de ritmo, onde se procura algo de corporal, mas ao mesmo tempo de sedutor, sem ser sexual.
Pip é Atenas, uma gerreira, e é dela a voz de "Teenage Hustling", "Fat Slut", "Velvet Revolution", "Smokey Joe" e ainda acompanha Santa em "Body and Soul". As suas letras são as mais demarcadas pela ideia de luta e de resistência. As composições são as mais sorumbáticas, mas ao mesmo tempo pesadas e agressivas.
Para Tori, sobram "Big Wheel", "Digital Ghost", "Father´s Son", "Code Red" e "Posse Bonus", que parecem por vezes ser uma visão de Tori sobre si mesma, mas como se se tratasse de outra pessoa. São as letras mais ligadas ao stroytelling, e as melodias mais eclécticas, por exemplo, o ritmo de "Big Wheel" marcado pelo piano, faz uma interessante exploração dos potenciais do piano.
O álbum começa a desenhar-se-nos perfeito quando tomamos consciência de que não se trata só de música, mas também de uma coerente e fenomenal mise-en-scene em que cada personagem interfere no tempo certo, com as palavras, os ritmos e as melodias certas.
Torna-se genial quando, a tudo isto, acrescentamos composições que podem muito bem ser das melhores que esta senhora já fez para piano, os arranjos minimalistas mas certeiros, a escolha do alinhamento, coerente, e todo o imaginário do álbum, suportado pela excelente direcção de arte. Um único defeito em "American Doll Posse"- é muito longo. Ainda que algumas faixas mal ultrapassem o primeiro minuto, vinte e três faixas é uma álbum muito comprido.
Depois, musicalmente, o que há são canções simples, quase solos, como "Yo George" ou o fantástico "Devils and Gods"; canções que procuram uma estética mais profunda, como o belíssimo "Bouncing Off Clouds" ou "Secret Spell"; e registos mais rock e agressivos como o contagiante "Teenage Hustle", ou o isaltado "Body And Soul".
Como é que no décimo primeiro álbum Tori conseguirá manter a fasquia de qualidade que ela mesma colocou com "American Doll Posse", não sei. Mas acredito dela. Depois disto...



Da esquerda para a direita, Santa, Clyde, Isabel, Tori e Pip



Veredicto Final_ 20/20

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