sábado, 30 de junho de 2007

Todd Haynes: Velvet Goldmine

VERMELHO E NEGRO






A certa altura, em "Velvet Goldmine", Jonathan Rys-Meyers, no papel de Brian Slade, diz a um jornalista
"_O rock é uma prostituta. Tem que parecer vamp e produzida."
e temos aqui a explicação das quase duas horas do filme de Todd Haynes, que estreou em Cannes em 1998.
Oscar Wilde é aqui apontado como o progenitor de todo o estilo que se viria a chamar glam rock. Jack Fairy, o primeiro personagem que encontramos, ainda criança, encontra uma joia que pertencera ao escritor gay, e, a partir dessa joia, cria todo o seu estilo, andrógino e sonhador. Como Toni Collette, perfeita no papel de Mandy Slade, explica mais tarde:
"_Todos roubavam do Jack."
Tudo começa quando em 1974, Brian Slade, o rei do glam rock, forja o seu próprio abatimento em palco. A farsa é descoberta, e a carreira e a vida de Slade começa a declinar, até não ter, aparentemente, retorno.
Dez anos depois, Arthur Struart (Christian Bale) é pago para fazer uma reportagem com o título "O Que Aconteceu a Brian Slade", porque estava presente no concerto que pôs fim ao artista.
O Arthur que encontramos é uma criatura melancólica e pouco comunicativa, chegando a ser inerte, pelo que se percebe porque associa a sua adolescência a outra pessoa qualquer.
Fala primeiro com Cecil (Michael Feast), o primeiro manager de Slade, que o descobriu quando tocava no bar da mulher, Mandy Slade (Toni Collette), e que o conduziu nos primeiros e conturbados tempos da sua carreira.
As explicações de Cecil terminam quando Jerry Divine (Eddie Izzard) descobre Slade e o transforma numa estrela.
É pela voz de Mandy quye ouvimos a vida da estrela de Brian Slade (Rhys-Meyers), dono de uma voz interessante, de um talento peculiar, de um estilo libertino, bissexual, e polémico cada vez que abre a boca.
A sua maior influencia seria o músico Curt Wild (Ewan McGregor), gay, (Aparentemente.) esquizofrénico e viciado em vários tipos de droga. É também por ele que se apaixonará, quando o conhece pessoalmente.
Com os relatos destas pessoas, Arthur acabará por descobrir mesmo o que aconteceu a Brian Slade, ainda que se perceba que essa é uma questão mais pessoal do que profissional, na medida em que a influencia de Slade e Wild na vida do jornalista foi mais do que seria de esperar.
A história, apesar de ser contada cronológicamente, parece dar várias reviravoltas, sem se tornar confusa. O filme é bom, mas é pouco claro se a crónica do glam rock se faz através da música ou através da estética.
São notórias certas referências que, ainda que coerentes, seria preferível não estarem tão expostas: Curt Wild é uma personalidade que relembra Iggy Pop, visulamente, Kurt Cobain, e o nome próprio idem aspas- Kurt, Curt... Brian Slade- Brian Molko, e até fisicamente são parecidos, ainda que Slade contenha ainda as referências da praxe a Bowie e Lou Reed.
Os actores são, ainda assim, a melhor parte do filme, sendo de Toni Collette a melhor interpretação, não desfazendo a de Christian Bale, com particular á-vontade para papéis mais melancólicos, Rhys-Meyes que surpreende por encaixar tão bem em Slade, Ewan McGregor que, aparte de todas as mudanças visuais, consegue fazer esquecer as referências que carrega em si.
E não podia deixar de realçar a participação de Brian Molko, dos Placebo, num papel curtinho, mas cómico. Muito bem.





Veredicto final_ 16/20

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