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terça-feira, 1 de maio de 2012

Abril 1930



28- Não tenho forças, não tenho energia, não tenho coragem para nada. Sinto-me afundar. Sou o ramo de salgueiro que se inclina e diz que sim a todos os ventos.

Florbela Espanca
Diário do Último Ano
1981, ed. Bertrand
desenho de Edvard Munch

sábado, 9 de julho de 2011

At Home


When I was dead, my spirit turned
To seek the much-frequented house:
I passed the door, and saw my friends
Feasting beneath green orange boughs;
From hand to hand they pushed the wine,
They sucked the pulp of plum and peach;
They sang, they jested, and they laughed,
For each was loved of each.

I listened to thier honest chat:
Said one: "To-morrow we shall be
Plod plod along the featureless sands,
And coasting miles and miles of sea."
Said one: "Before the turn of tide
We will achieve the eyrie-seat."
Said one: "To-morrow shall be like
To-day, but much more sweet."

"To-morrow," said they, strong with hope,
And dwelt upon the pleasant way:
"To-morrow," cried they, one and all,
While no one spoke of yesterday.
Their life stood full at blessed noon;
I, only I, had passed away:
"To-morrow and to-day," they cried;
I was of yesterday.

I shivered comfortless, but cast
No chill across the table-cloth;
I, all-forgotten, shivered, sad
To stay, and yet to part how loth:
I passed from the familiar room,
I who from love had passed away,
Like the remembrance of a guest
That tarrieth but a day.



Christina Rossetti

Goblin Market, The Prince's Progress and other poems

1879, ed. Macmillan

pintura de Edvard Munch

sexta-feira, 11 de março de 2011

Canções Para R.C.


I

Com uma ruga
interrogaste a morte
.
sem desviar os olhos
viste-a lançar os dados

e decidir a sorte.


II
Era a casa das flores.
No corredor
choravam as mulheres.

Não sabiam porquê.
Era tarde?
Era cedo?
Era a casa do medo.


III

Já não perguntas
já sabes.

De noite a fada madrinha
vem trazer a luz da vida.

Só de noite,
não de dia.

De dia fica escondida
porque a luz é pequinina


IV

Ao longe na floresta
o riso dos irmãos

pequeno brilho
de ouro

não é uma clareira

é a fresta rasgada
na pupila dos olhos.


Yvette K. Centeno
Canções do Rio Profundo
2002, ed. Asa

pintua de Edvard Munch

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um poema


Como figos secos neste verão,
nesta praia, o céu está bonito
e cinzento, uma ligeira névoa
encobre-nos do lado de dentro,
brinco com pedrinhas e conchas
de caramujos, ameijoas
e o pensamento entretanto
dá as voltas que dá.

hoje foi um dia bom, mau, ruim,
hoje, como os outros, são
os dias todos assim.

Helga Moreira
Os Dias Todos Assim
1996, ed. &etc
pintura de Edvard Munch

sábado, 22 de janeiro de 2011

Hanging Wall


Maybe because she's invited
The host waits in line to see
Leaving the room for the exile
A sleeping land mine

And no replys to the hanging wall
If we colide
We miss the guide-lines we speak of

Call me thief after a bargain
Or give me something more to see
Point blank at a riot
And hide your loved one

And no replys to the hanging wall
If we colide we miss the guide-lines

That's how you work on black stars
I travel through fireworks
Twilight's lonely crowned, suddenly down
Mr. Right is so upside down, he drowns
Missing his minor role in a nervous breakdown
Suddenly down

And no replys to the hanging wall
If we colide
We miss the guide-lines we speak of

Last night I dreamed of a long-run ride
Through skins of suede
Where we lay down above water mark
I broke the mirror
Don´t mind if you take the stage
Last night I dreamed of our love

With no replys to the hanging wall
Please no replys, runners lose control
If we colide
We miss the guide-lines we speak of

Miguel Guedes
(Blind Zero)
Luna Park, 2010
pintura de Edvard Munch

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A Lume II


Vivo em lama
à beira do derrame.
Na cratera.

Vivo em cama
de pregos, vidros,
dentes de fera.

Vivo em chama.
Pegou-se o fogo ao fato
que morte e vida
irmana.

Luiza Neto Jorge
A Lume
1989, ed. Assírio e Alvim
Pintura de Edvard Munch

domingo, 19 de setembro de 2010

Um Soneto


Quem poluiu, quem rasgou os meus lençóis de linho,
Onde esperei morrer, - meus tão castos lençóis?
Do meu jardim exíguo os altos girassóis
Quem foi que os arrancou e lançou no caminho?

Quem quebrou (que furor cruel e simiesco!)
A mesa de eu cear, - tábua tosca de pinho?
E me espalhou a lenha? E me entornou o vinho?
- Da minha vinha o vinho acidulado e fresco...

Ó minha pobre mãe!... Não te ergas mais da cova.
Olha a noite, olha o vento. Em ruína a casa nova...
Dos meus ossos o lume a extinguir-se breve.

Não venhas mais ao lar. Não vagabundes mais,
Alma da minha mãe... Não andes mais à neve,
De noite a mendigar às portas dos casais.

Camilo Pessanha
Clepsidra
pintura de Edvard Munch