sábado, 16 de agosto de 2008

o poema



Mas sente agora a minha crueldade
sem defesa,
porque to confesso e confesso em verdade
e com verdade: se de alguma coisa tive medo
foi do teu riso trémulo
e poroso como um
desmaio,
do recorte dos ombros,
da tua camisola verde- de um poema
de Byron.
E, sobretudo, sim, da tua grande, da tua imensa
tristeza.
E só por isso
me doeu o deserto que te (e me) arrastava; tantas as mágoas,
as afinidades,
as cumplicidades.
Porque nós somos únicos
e raros.
Juro.


excerto de "Únicos e Raros"
Eduarda Chiote, "O Meu Lugar à Mesa", edições Quasi, 2006
Imagem: Helena Almeida, "Dias Tranquilos", 1981

2 comentários:

Graça Martins disse...

João
gostei muito deste poema da Eduarda Chiote.
Ficou trágico com a agonia da figura da Helena Almeida.
um beijo

Supermassive Black-Hole disse...

é um poema muito especial.
e a imagem também.