domingo, 3 de fevereiro de 2008

o poema

espelho, és a terra onde as raízes rebentam de mistérios.
repetes as perguntas que te faço, porquê?, repetes
os olhares sem fim das coisas paradas, repetes o meu olhar.
espelho, és a parede e a pele cansada, és um silêncio a morrer a noite,
és o que ninguém quer, a verdade mais triste e cansada por dentro.
repetes as perguntas que te faço, porquê?, repetes
a desgraça, a miséria e o desespero.
espelho, quis conhecer-te e perdi-me de ti.



de José Luís Peixoto
in "A CRIANÇA EM RUÍNAS"

Caspar David Friedrich, "O Caçador na Floresta"

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