sábado, 14 de março de 2015

Ausência cinco



Tua carne sai do ventre dos guindastes que procuras,

trazes na mão as folhas que moem esta ternura
morta
e é lá que os dias se levantam
na cor que escolheste para morreres
junto ao meu corpo incinerado e calmo.

Sinto que meu cansaço é macio
como as noites de diamantes tumultuosos.

Tu encontravas pequenas caixas intercalares,
a mim nasciam-me insectos sedentos de luz,

bania-me no espaço rudimentar deste peito lateral
até que nas manhãs após teu coito

teus véus se construíam em direcção aos elementos.

Jaime Rocha
Beber a cor
1983, ed. &etc
pintura de Graça Martins

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá. Vim parar aqui em razão de uma postagem sobre Anaïs Nin. Gostei do espaço. Abraços,
Kleiton
http://kleitongoncalves.blogspot.com.br