terça-feira, 25 de setembro de 2012

O primeiro acto revolucionário é aprender


Tenho diante de mim a grande interrogação colectiva em tropel
Sinto que estamos escassamente docentes
curvos sobre o papel
demasiado
de máquina de escrever ao lado

A agressão
de tão enorme
parece que não fere já
o povo curto
(mas bate bate
sobre o seu dorso escuro)

Procuro o volume da agressão
ergo o braço o punho
(meu braço rema no vento
virtual hélice palma)

Não sei a quem peço
vãmente
Matam-te por tuas mãos
Acorda

Ana Hatherly
Poemas de Crítica e de Revolta (1964-1966)
in Poesia 1958-1978
1980, Moraes editora
pintura de René Magritte

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