Estou perto de uma encruzilhada.
Há, nela, um
cadáver de versos e uma ave.
Couberam-me por sorte
uma vez que eu própria os assassinei
e esse crime voou pelas palavras do meu sonho
varrendo o ar
aluncinado.
Ecoam ainda, os seus gritos, pelos
caminhos.
Ouvem-se as suas vozes dizer: _Esquece o teu coração pueril.
Pertences à noite e és suspeito
de loucura maior que a dos teus pesadelos _a de cravares
um punhal no remorso que te devora.
És um corvo.
Alimentas o terror e a passividade
da cova onde te permito enterrar-me viva,
para que a minha carne
possa ser consumida
pelo teu mais infame
poema.
Eduarda Chiote
Órgãos Epistolares
2011, ed. Afrontamento
imagem de Isabel de Sá
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